segunda-feira, 29 de maio de 2017

De Nova Iorque para a Guiné-Bissau para mostrar o melhor dos guineenses


O guineense Adelino da Costa ama a Guiné-Bissau, por isso deixou Nova Iorque, tornou-se empresário no país e agora é dono de um projeto de ecoturismo, num dos “locais mais lindos do mundo”: os Bijagós.

Manjaco da ilha de Jeba, Adelino da Costa cresceu em Oeiras e queria ser biólogo, mas acabou por ser profissional de desportos de combate em Portugal e depois nos Estados Unidos.


Agora abriu na praia de Bruce, na ilha de Bubaque, no arquipélago dos Bijagós, "um dos locais mais lindos do mundo", um pequeno espaço, onde é dada preferência ao campismo e aos produtos da terra.

"Temos de divulgar a imagem dos Bijagós, mas nunca mudá-la ou destruí-la", disse, salientando que naquele local as pessoas percebem como se vivia no passado até a partir dos utensílios utilizados no dia-a-dia.

"Hoje o turismo não é só ir à praia beber uma cerveja e estar lá. As pessoas hoje procuraram uma vivência, uma vivência cultural e quando vens para os Bijagós consegues enquadrar-te com a cultura e com a natureza, que ainda não foi tocada", explicou.


No pequeno hotel de Adelino da Costa, pode beber-se cerveja, mas também sumo de cabeceira e comer coco acabado de cortar para hidratar o corpo, queimado pelo sol.

Acérrimo defensor do ecoturismo, repudia o turismo de massas que possa interferir com as formas de vida local, até porque, defendeu, "esta é a forma de estar do povo", a sua história, que deve ser contada e não mudada.


"Quero que as pessoas venham visitar a Guiné e que deem uma oportunidade a eles mesmo, que venham para este país sentir o que é a Guiné. O povo merece esta oportunidade e quem está lá fora também merece sentir esta energia", disse o antigo praticante de artes marciais.

Foi campeão em 1999 de Thai Boxe em Portugal e depois, em 2002, campeão nos Estados Unidos, onde viveu e abriu cinco ginásios, um dos quais na zona de Upper East Side, em Nova Iorque.


"O desporto em si, incluindo de combate, faz parte do grupo étnico de onde vim. Então a parte da atividade física já fazia parte da comunidade nos momentos de festejos. Em Lisboa, estava a estudar para ser biólogo, esse é que era o meu sonho, mas o desporto de combate era uma parte de mim e não saía. Era normal e simples desafiar uma energia e foi assim que entrei na modalidade", explicou à agência Lusa.

Já os negócios, para Adelino da Costa, são uma "forma de sobreviver" e além dos cinco ginásios nos Estados Unidos, tem mais dois em Bissau.


Com o turismo é diferente. "Este país merece a oportunidade de as pessoas virem conhecer a realidade do povo e não o que politicamente se está a passar no país. Isso não tem nada a ver com o povo da Guiné", afirmou.

 
MSE // PJA
Lusa/Fim
Fotos: Braima Darame

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