Na quinta-feira, o chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, foi acusado pelo procurador de Manhattan, Estados Unidos, de participação numa operação internacional de tráfico de drogas e armas.
A acusação surge poucas semanas depois de os Estados Unidos terem anunciado a prisão de Bubo Na Tchuto, antigo chefe da Marinha da Guiné-Bissau, e de outros guineenses acusados de tráfico de droga.
Hoje, questionado pelos jornalistas, Ramos-Horta disse que seria contraproducente que as autoridades reagissem a essa matéria “com grande emoção”.
“Como amigo e irmão digo ao Governo e à liderança das Forças Armadas para fazer uso de total serenidade e calma”, disse o ex-chefe de Estado timorense.
Nas acusações a António Indjai “deve de prevalecer o princípio de direito, de inocente até se provar culpado. O facto de alguém dizer que A, B ou C é culpado não prevalece, porque o que deve prevalecer é o que é decidido num tribunal justo”, disse Ramos-Horta.
Salientando que a ONU não intervém nesse processo, Ramos-Horta considerou que até agora o Governo da Guiné-Bissau tem sabido manter a serenidade.
“Este processo só agora é que está a ser lançado pelos Estados Unidos em termos de acusação, ainda vai levar muito tempo o processo da justiça americana para alguma conclusão em relação a Bubo Na Tchuto e em relação às acusações ao general António Indjai”, disse Ramos-Horta, frisando a “total confiança” na justiça americana, pelo que ter-se-á que provar as acusações feitas.
“Creio que os acusados e os seus familiares podem estar tranquilos”, disse.
Na conferência de imprensa o representante especial do secretário-geral da ONU lembrou também que em maio haverá a cimeira dos 50 anos da União Africana e que “seria altamente simbólico e positivo se a suspensão da Guiné-Bissau fosse levantada”, sendo que para isso teria de haver da parte guineense um roteiro de transição e um “governo mais inclusivo”.
Também em maio, recordou, será a reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a Guiné-Bissau, que vai “aprovar ou não” uma resolução para uma nova configuração do mandato para o país.
Em fevereiro passado o Conselho de Segurança prorrogou por três meses o mandato do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), para dar tempo a Ramos-Horta para fazer propostas para um novo mandato.
Abrir escritórios das Nações Unidas fora de Bissau, em mais quatro regiões, ter mais guineenses a trabalhar para a ONU, visitar todas as províncias com agências especializadas da ONU e com embaixadores, e encorajar a ida a Bissau de personalidades mundiais são alguns dos desejos de Ramos-Horta.
Bissau (Lusa, 19 de Abril de 2012)
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