Bissau, 15 Mar 21 (ANG) – O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC) homenageou hoje o combatente da liberdade da pátria e antigo militante daquela formação política, Manuel Saturnino da Costa falecido no passado dia 09 do corrente mês vitima de doença prolongada.Falando na ocasião, o Presidente do PAIGC Domingos Simões Pereira disse que se trata de um privilégio doloroso, que bate à porta de todos, frisando que cada vez que são chamados a despedir de mais um entequerido dão conta de quão pobres ficam.
“Hoje toca a vez de um grande homem, de um camarada, do militante militar, combatente da liberdade da pátria, companheiro e seguidor indefetível de Amílcar Lopes Cabral”, descreveu.
O Líder do PAIGC adiantou que, Manuel Saturnino da Costa dedicou parte substancial da sua vida à aprendizagem da ideologia da libertação, à militância no seu partido, o único partido que alguma vez conheceu e ao qual jurou adesão e através do qual colocou toda a sua competência, capacidade e energia ao serviço do seu povo.
De acordo com o Domingos Simões Pereira, durante esse percurso, o jovem Manuel Saturnino viu-se exposto à situações várias de enorme sofrimento e sacrifício, que tê-lo-ão obrigado a acelerar a sua maturidade e crescimento, tendo destacado nestas referências a sua participação no corpo de segurança que acompanha o líder Amílcar Cabral nas matas de Quetáfine, para o histórico e memorável Congresso de Cassacá, entre outras.
“Um homem com tal percurso de vida, feita de desafios e de importantes contrariedades não podia fazer unanimidade e certamente não faltarão memórias e testemunhos menos abonatórios em relação ao nosso camarada comandante”, disse.
Prosseguiu todavia, que mesmo dentre o seu mais terrível adversário e detrator, nenhum sincero observador deixará de assumir e sublinhar que Manuel Saturnino Costa foi um homem bom com um coração mole , um sentimentalista mesmo quando tenta passar uma imagem e sentido de dureza.
Para o líder do PAIGC, momentos de fraqueza fazem parte do percurso do combatente e, hoje, o sentimento único é da perda que todos sentem, dos veteranos às mulheres, dos jovens aos pioneiros do partido, todos choram a partida do Manuel quem rougam, mas também concedem o perdão, por tudo o que tiver ficado por dizer, por esclarecer e por enquadrar.
“Que vá em paz e se apresente perante o criador ,testemunhando a sua limpeza espiritual e direito que tem a salvação”, desejou Domingos Simões Pereira.
Declarou que, para aqueles que o sobrevivem, aos filhos, aos irmãos, às companheiras, aos amigos e aos camaradas, a mensagem do partido é única e singular.
“Quando homens da estatura e grandeza de Manuel Saturnino da Costa se deitam, termina o tempo dos sentimentos, das contrariedades e dos julgamentos O tempo é de homenagem e reconhecimento, à grandeza e dignidade deste grande homem que partilhou connosco a mesma época e a mesma história", vincou DSP como também é conhecido.
Em nome da família, Maria da Costa pediu desculpas à todos que por uma razão ou outra o malogrado fez mal, acrescentando que, com certeza, o seu irmão fez o mesmo antes de deixar o mundo dos vivos, tendo afirmado que tendo em conta o que o PAIGC fez na vida de Manuel Saturnino e a sua família jamais podia virar as costas à esse partido.
A homenagem que devia ser feita com o corpo presente do malogrado na sede do PAIGC acabou por ter lugar sem restos mortais de Saturnino Costa.
Informações não confirmadas apresentam duas versões sobre o que terá estado na origem dessa ausência do corpo na sede dos libertadores: uma fonte refere ter sido uma decisão do Protocolo de Estado que preparou a cerimónia de honras de estado, alegadamente para evitar disputas entre o PAIGC e o Madem-G-15, partido de dissidentes do PAIGC ao qual o malogrado se vinculou nos últimos tempos da sua vida.
Outra fonte refere que foram os familiares que não permitiram que o corpo do falecido fosse levado à sede do PAIGC, apesar de ser onde o malogrado fez todo o seu percurso politico.
Os restos mortais de Manuel Saturnino da Costa, combatente da liberdade da Pátria que desempenhou várias funções ministeriais inclusive a de primeiro-ministro foram esta segunda-feira a enterrar no Cemitério Municipal de Bissau, após honras de Estado no Ministério da Justiça.
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