Por LUSA
Se o agressor recebe uma recompensa, começa a acreditar que a guerra vale a pena. É por isso que a justiça deve ser central para pôr fim a esta guerra", afirmou, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Num discurso no parlamento dos Países Baixos centrado no diálogo em curso com parceiros europeus e norte-americanos, Zelensky disse que a Ucrânia participa nas "negociações de paz mais intensas desde o início da guerra" em 2022.
Afirmou que não se trata de um diálogo sobre "uma pausa ou uma solução temporária", mas sim de uma paz "verdadeira e duradoura" que ponha fim à guerra russa contra a Ucrânia.
Zelensky referiu-se às conversações em que participou na segunda-feira, em Berlim, e disse que se está a trabalhar em "documentos que poderão travar a guerra e garantir a segurança".
Alertou que "cada detalhe importa" e nenhum deve recompensar o agressor, como a exigência da Rússia de território ucraniano que "nem sequer conseguiu conquistar" militarmente.
Para Zelensky, o Kremlin, sede do poder russo, comporta-se "como um criminoso profissional convencido de que nunca será apanhado".
O líder ucraniano disse também que a Rússia mantém "cerca de um milhão" de soldados na Ucrânia, ao mesmo tempo que exige a Kiev limites à soberania e ao direito de se integrar em alianças como a NATO.
Insistindo que "o agressor deve pagar", Zelensky apelou para a utilização dos ativos russos congelados na Europa para financiar a Ucrânia.
Afirmou que o homólogo russo, Vladimir Putin, "não acredita nas pessoas, apenas no poder e no dinheiro", e ignora as perdas humanas do exército russo.
Mas "conta, sim, cada dólar e cada euro que perde", argumentou.
"Neste momento, os líderes europeus têm sobre a mesa decisões relativas aos ativos russos. A maioria desses ativos encontra-se na Europa e podem, e devem, ser utilizados plenamente para defender-se da própria agressão da Rússia", insistiu.
A Comissão Europeia está a tentar usar parte dos cerca de 200 mil milhões de euros de ativos do Banco da Rússia congelados no âmbito das sanções pela invasão da Ucrânia para financiar um empréstimo a Kiev.
A questão será discutida na cimeira da União Europeia que se realiza na quinta e na sexta-feira, em Bruxelas.
Zelensky reiterou que a prestação de contas deve ser central em qualquer desfecho para o conflito e que "não basta forçar a Rússia a um acordo" nem que "deixe de matar".
Moscovo deve aceitar "que no mundo há regras e que não pode enganar toda a gente", afirmou, defendendo, por isso, sanções firmes e a aplicação da justiça internacional para evitar a impunidade.
Neste sentido, agradeceu o papel dos Países Baixos no impulso à criação de um tribunal especial para o crime de agressão.
Recordou ainda o abate do voo MH17 no leste da Ucrânia, em 2014, por separatistas apoiados pela Rússia, uma tragédia que vitimou 298 pessoas, na maioria neerlandeses.
"Isso não pode ser esquecido", afirmou, referindo que "quando os drones deixarem de matar, a lei deve continuar a falar".
Zelensky vai participar hoje em Haia em várias reuniões bilaterais e numa conferência diplomática para estabelecer uma Comissão Internacional de Reclamações para a Ucrânia.
Trata-se de um organismo que terá como missão decidir sobre as indemnizações pelos danos causados pela guerra da Rússia contra a Ucrânia.
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O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, avisou hoje que a Rússia vai continuar a ser uma ameaça mesmo que seja assinado um acordo de paz sobre a guerra na Ucrânia.


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