Por LUSA
No documento, divulgado pela agência de notícias CNA na noite de segunda-feira, o ministério detalha os mecanismos de reação a uma eventual agressão militar chinesa contra Taiwan, território governado de forma autónoma desde 1949 e considerado por Pequim uma "província rebelde".
Segundo o Ministério da Defesa Nacional, caso a China anuncie operações militares nas imediações do Estreito de Taiwan, as forças da ilha ativariam um "centro de resposta" responsável por coordenar os diferentes níveis operacionais e, consoante a situação, elevar o nível de alerta para "executar manobras imediatas de preparação para o combate".
Em paralelo, os três principais ramos das Forças Armadas -- Exército, Marinha e Força Aérea -- realizariam "missões de resposta" com o objetivo de impedir que o Exército chinês passe das manobras ao combate.
"Se o inimigo lançar um ataque repentino, as unidades aplicarão, sem esperar ordens, um sistema de 'controlo distribuído' e executarão as suas missões de combate sob diretrizes de funcionamento descentralizado", afirmou o ministério.
A divulgação do relatório ocorre menos de um mês depois de o líder taiwanês, William Lai, classificado pelas autoridades chinesas como "independentista" e "instigador", ter anunciado um conjunto de iniciativas destinadas a reforçar as capacidades defensivas da ilha.
A mais relevante foi a proposta do Executivo de investir 1,25 biliões de dólares taiwaneses (cerca de 33,7 mil milhões de euros) entre 2026 e 2033 para financiar, entre outras medidas, o desenvolvimento do chamado "Escudo de Taiwan" (T-Dome), um sistema de defesa aérea em camadas semelhante à "Cúpula de Ferro" israelita.
Contudo, o plano de despesa ainda não foi apreciado pelo Parlamento, onde os dois principais partidos da oposição -- o Kuomintang (KMT) e o Partido Popular de Taiwan (PPT) --, favoráveis ao reforço dos laços entre Taipé e Pequim, detêm a maioria dos assentos.
Entretanto, o porta-voz do Ministério da Defesa da China, Jiang Bin, acusou na segunda-feira Lai de "alimentar repetidamente a suposta 'ameaça militar' do continente, intensificando a confrontação e o antagonismo entre os dois lados do Estreito".
"As provocações independentistas do Governo de Lai, orientadas para a busca da 'independência', são o pior tumor venenoso que prejudica e destrói Taiwan. A 'reunificação' entre os dois lados do Estreito é a melhor opção para garantir uma paz duradoura em Taiwan", afirmou o responsável.
A China considera Taiwan uma "parte inalienável" do seu território e não exclui o uso da força para assumir o seu controlo, uma posição rejeitada pelo Governo de Taipé, que sustenta que o futuro da ilha só pode ser decidido pelos seus 23 milhões de habitantes.

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