Por LUSA
A decisão, formalizada por decreto publicado hoje na Gazeta Real, surge apenas três meses após Anutin assumir o cargo, em setembro, e foi justificada pela instabilidade política interna e pela fragilidade do Governo minoritário.
O Governo não está em condições de gerir os assuntos do Estado de forma contínua, eficaz e estável", lê-se no documento oficial.
Na quinta-feira à noite, Anutin já havia deixado a intenção no ar, através de uma breve publicação nas redes sociais: "Quero devolver o poder ao povo", escreveu.
A dissolução do Parlamento abre caminho à realização de eleições legislativas entre 45 e 60 dias, ou seja, até início de fevereiro de 2026. Anutin, de 59 anos, havia prometido eleições até ao início de 2026, mas os observadores esperavam a dissolução apenas após o Natal.
Líder do partido conservador Bhumjaithai e arquiteto da descriminalização do canábis na Tailândia em 2022, Anutin Charnvirakul chegou ao poder na sequência da destituição da anterior primeira-ministra, Paetongtarn Shinawatra, filha do ex-governante Thaksin Shinawatra.
Durante os três meses em funções, o primeiro-ministro teve de gerir não só a morte da rainha-mãe Sirikit, mas também a escalada de tensão com o Camboja, que culminou na retoma de confrontos armados ao longo da fronteira comum no passado domingo.
Anutin declarou hoje que preparou o decreto de dissolução logo no "primeiro dia" da sua nomeação.
O conflito entre a Tailândia e o Camboja, que disputam áreas fronteiriças desde a era colonial francesa, entrou hoje no sexto dia, ultrapassando em duração o surto de violência registado em julho, que causou 43 mortos e cerca de 300 mil deslocados.
Desde domingo, pelo menos 20 pessoas morreram em ambos os lados da fronteira. Centenas de milhares de tailandeses continuam deslocados, vivendo em tendas, abrigos de betão ou centros de emergência.
"Só quero que o próximo líder, seja ele quem for, ajude agricultores como nós", disse à AFP Somrak Suebsoontorn, de 68 anos, num centro de acolhimento na província de Surin.
No final de outubro, os dois países tinham assinado um acordo de cessar-fogo com a mediação do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Contudo, a Tailândia suspendeu o entendimento, após uma explosão de mina terrestre que feriu vários soldados tailandeses, colocada, segundo Banguecoque, depois da suspensão dos combates, em julho.
Trump afirmou esta semana que pretende telefonar aos líderes dos dois países para acertar o fim das hostilidades.
Até à realização das eleições, Anutin manter-se-á como chefe do Governo em gestão.
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Mais de meio milhão de pessoas foram retiradas das regiões fronteiriças entre a Tailândia e o Camboja desde o recomeço dos confrontos, no domingo, entre os vizinhos do Sudeste Asiático, anunciaram hoje as autoridades dos dois países.


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