Presidentes João Lourenço, de Angola (esq), Paul Kagame, do Ruanda (cen) e Felix Tshisekedi, da RDC, Luanda, 21 Fevereiro 2020. Por VOA Português
Luanda acolhe cimeira neste domingo
Luanda — Os presidentes do Ruanda, Paul Kagame, e da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, reúnem-se neste domingo, 15, em Luanda, sob mediação do Chefe de Estado angolano, para uma nova ronda de conversações visando pôr fim ao conflito no conturbado leste da RDC.
A expetativa de João Lourenço, observadores políticos e das partes envolvidas é que se caminhe no sentido da assinatura de um acordo de paz.
A dois dias do encontro, um jornal ruandês teceu fortes criticas ao chefe de Estado congolês a quem acusou de “propagar mitos” sobre a presença de tropas ruandesas na reigão leste do país vizinho.
Em entrevista à Voz da América aqui em Washington, a ministra dos Negócios Estrangeiros da República Democratica do Congo, Therese Kayikwamba Wagner, destacou o trabalho do Presidente angolano neste processo e espera que a cimeira de Luanda produza resultados.
“As tropas ruandesas a que o Governo de Tshisekedi se refere parecem existir mais na sua imaginação do que no solo congolês”, continua o jornal que acusa Felix Tshisekedi de “falar primeiro e pensar depois (se é que pensa), o que o transformou num perigo diplomático".
O Presidente angolano João Lourenço, nomeado mediador pela União Africana para esta crise, manifestou na quinta-feira, 12, esperanças de que a cimeira de Luanda possa conduzir a um acordo de paz.
Entretanto, aqui em Washington, eda Voz da América, a ministra dos Negócios Estrangeiros da RDC, Therese Kayikwamba Wagner, começou por destacar o papel do Presidente angolano neste processo”.
“Estamos gratos por isso porque penso que, apesar de muitos desafios, manteve-nos a todos no caminho certo e ajudou-nos a alcançar alguns marcos muito importantes para podermos progredir em direção ao que esperamos que seja a assinatura de um acordo entre os diferentes chefes de Estado.
Houve alguns marcos importantes”, afirmou Wagner.
“Tem havido uma forte dedicação e empenho da parte angolana em fazer progressos nestes temas. É claro que o progresso tem tido obstáculos de vez em quando. Quando olhamos para o cessar-fogo, tem havido repetidas violações do cessar-fogo que têm sido extremamente preocupantes, razão pela qual o mecanismo de verificação foi tão importante”, afirmou a diplomata.
Apesar de depois de 35 dias continuar a existir violações do cessar-fogo, as partes estão expectantes quanto à cimeira de domingo.
A ministra dos Negócios Estrangerios da RDC diz esperar resultados e responsabilização dos atores.
”Portanto, a nossa expetativa é avançarmos e quando chegamos ao nível dos chefes de Estado, é para que haja uma maior responsabilização e que todas as partes, todos os parceiros, todas as entidades que falaram a favor de uma solução diplomática, também responsabilizem todos os participantes no processo pelos seus compromissos.
Caso contrário, todo o esforço ficará comprometido. É necessária uma maior responsabilização, e a República Democrática do Congo está aberta a ser responsabilizada. E esperamos o mesmo para todas as outras partes interessadas, disse .
Questionada sobre as expetativas em relaçção à próxima admininistração do Presidente eleito Donald Trump, a chefe da diplomacia de Kinshassa, respondeu, destacando o corredor do lobito.
”Penso que estamos numa posição privilegiada para podermos recordar décadas de parceria com os EUA que foram muito frutíferas e muito construtivas. Por isso não creio que seja muito otimista quando digo que a minha expectativa é de continuidade, de continuidade das excelentes relações. Tínhamos muito bons laços e fizemos muitos progressos com a administração Biden”, defendeu a chefe da diplomacia congolesa.
Therese Kayikwamba Wagner lembrou “o primeiro Governo Trump, com o qual também tivemos excelentes relações”.
“Por isso, tenho a expeativa de que continuaremos juntos nos temas de interesse comum. Uma momento crucial foi a cimeira do Corredor do Loito, que se realizou na semana passada em Angola. Mostrou-nos até que ponto os investimentos em algo tão fundamental como um corredor, que não é apenas um projeto de infra-estruturas, têm o potencial de sobreviver a todos nós como líderes políticos. Cria oportunidades e riqueza para as gerações futuras. Penso que são interesses que prevalecem e interesses que continuam e se mantêm válidos mesmo quando há uma mudança de administração”, disse.
Ela destacou que “sabemos que o Presidente Trump manifestou o desejo de responder a alguns conflitos muito dramáticos a que estamos a assistir em todo o mundo. A nossa esperança, a nossa expetativa é que ele também esteja atento à situação muito dramática na região dos Grandes Lagos, e que possamos esperar ter uma continuidade em termos dos esforços diplomáticos e políticos e do compromisso dos EUA para encontrar uma solução duradoura para este conflito”.
C/Peter Clottey
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