domingo, 3 de novembro de 2024

Fala África: Superando barreiras para a participação juvenil nos processos de decisão

Cremilda Macuácua participou de consultas regionais e diálogos continentais organizados pela União Africana sobre a Nova Agenda para a Paz.
Por voaportugues.com 

Em um continente onde a juventude constitui uma maioria e representa uma força vital para o desenvolvimento, a inclusão desses jovens nos processos de paz e segurança é um imperativo transformador. Em entrevista ao Fala África, Cremilda Macuácua, uma pesquisadora social e comunicadora e líder ativa nessa área, falou sobre os principais desafios e soluções para que os jovens africanos assumam um papel mais central nas decisões que moldam o futuro de seus países.

Para Macuácua, a África Austral carrega um legado de resiliência, mas também enfrenta barreiras estruturais que dificultam a participação juvenil. “A voz dos jovens permanece marginalizada, muitas vezes devido à falta de educação e conhecimento sobre paz e segurança,” comentou ela, acrescentando que fatores como desemprego, pobreza e desconfiança em relação às instituições políticas também desmotivam a juventude a se envolver.

A percepção de corrupção nas instituições e o preconceito geracional reforçam essa distância, limitando a contribuição dos jovens nos processos de paz.

Frente a esses obstáculos, Cremilda destacou a importância das Consultas Regionais e Diálogos Continentais promovidos pela União Africana em cooperação com parceiros internacionais, que buscam soluções inovadoras para ampliar a participação juvenil. Uma das propostas emergentes é a criação de Conselhos de Juventude para a Paz, os quais, segundo Cremilda, “irão colaborar com embaixadores de paz em várias regiões africanas,” promovendo um ambiente mais inclusivo para que jovens influenciem positivamente os processos de segurança e paz.

A inovação tecnológica também foi mencionada como uma ferramenta poderosa, especialmente nas redes sociais. Macuácua relembrou o caso de Cabo Delgado, em Moçambique, onde a hashtag #CaboDelgadoTambémÉMoçambique ajudou a mobilizar apoio internacional contra os ataques terroristas. Para ela, o uso das mídias digitais permite uma ação coordenada que amplia o impacto dos jovens em questões cruciais.

Além das tecnologias, Cremilda enfatizou a necessidade de plataformas de diálogo intergeracional. Segundo ela, essas plataformas são essenciais para que a experiência dos mais velhos seja transmitida aos jovens, facilitando uma cooperação que fortaleça o engajamento em políticas de paz. Ela apontou o exemplo de Burundi, que tem liderado iniciativas bem-sucedidas de envolvimento juvenil, com o apoio direto do governo.

Ao concluir, Cremilda deixou uma mensagem inspiradora aos jovens: “É preciso identificar uma causa e envolver-se nela. Não se pode participar em assuntos de grande escala sem saber o que se está defendendo. Conheçam as políticas nacionais e globais e cooperem com outros jovens, porque em conjunto é possível solucionar diversos problemas.” Com esse apelo à ação, Macuácua busca motivar a juventude africana a transformar desafios em oportunidades, construindo um futuro de paz e estabilidade para o continente.

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