©facebook.com/CCV.CorreiosCaboVerde Por: rfi.fr/pt 24/09/2024
A emissão de um selo em homenagem ao centenário de Amílcar Cabral gera crise no partido no poder, nas vésperas das eleições autárquicas. O caso levou o líder do grupo parlamentar do MpD a abandonar o cargo.
A emissão de selo em homenagem ao centenário de Amílcar Cabral gera crise no partido no poder em Cabo Verde, em vésperas das eleições autárquicas. O líder do grupo parlamentar do MpD, Paulo Veiga, abandonou o cargo afirmando que tem tido muitas dificuldades na articulação com os membros do Governo.
Em conferência de imprensa para esclarecer as razões que o levaram à renúncia do mandato, o ainda líder do grupo parlamentar do MpD, partido no poder em Cabo Verde, Paulo Veiga, explicou que tem havido falta de articulação entre os membros do Governo e a bancada do MpD no Parlamento. A “gota de água” foi a emissão do selo comemorativo do centenário do nascimento de Amílcar Cabral.
O motivo da minha demissão é que nós tomamos um posicionamento e o Governo com toda a legitimidade pode fazer o que fez, estamos a falar no 12º selo emitido em nome de Amílcar Cabral, mas por respeito e por articulação deveria comunicar-me o que se passava, os acordos que as instituições Correios de Cabo Verde e Correios de Portugal fizeram.
Qual a minha surpresa - e, também, em contacto com os meus colegas, nenhum foi avisado - de ver aquilo acontecer da forma como aconteceu.
Portanto, há aqui um problema de articulação e eu considerei uma falta de respeito para comigo que faz a articulação, porque eu depois tenho que ir responder aos colegas deputados, pelo menos aos que votaram contra, como é que isso sucede e por que é que eu não lhes avisei.”
A liderança do grupo parlamentar do MpD defende que Amílcar Cabral, por não ter sido um estadista em Cabo Verde, não deve merecer celebrações de Estado como aconteceu com o centenário de Aristides Pereira, o primeiro Presidente de Cabo Verde.
Paulo Veiga disse ainda que “Amílcar Cabral é um herói nacional, pessoa importante para a história do país, mas não o pai da nação cabo-verdiana, pois a nação tem 562 anos”.
Em Outubro de 2023, os deputados do MpD chumbaram uma proposta de resolução para que o Estado celebrasse o centenário de Amílcar Cabral.
O actual vice-presidente da bancada parlamentar do MpD, Celso Ribeiro, foi o nome indicado pela Comissão Política Nacional do MpD para presidir o seu grupo parlamentar e a eleição deve acontecer na próxima semana, antes da primeira sessão parlamentar do novo ano político, que está prevista para 09 de Outubro.
A liderança do MpD - tanto o presidente do partido e primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva como o secretário-geral do MpD, Luís Carlos Silva - tem relativizado a crise instalada no partido no poder, afirmando que o partido de centro-direita está focado na preparação das eleições autárquicas previstas para 01 de Dezembro próximo.
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