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POR LUSA 21/02/23
A justiça senegalesa manteve , esta terça-feira, a decisão de julgar o líder da oposição, Ousmane Sonko, por alegada "violação e ameaças de morte", considerando "inadmissível" o pedido da sua defesa para anular esta decisão.
Ousmane Sonko, presidente do partido dos Patriotas do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef), foi acusado em março de 2021 de "violação e ameaças de morte", após a denúncia de uma funcionária de um salão de beleza em Dakar, onde o líder da oposição iria fazer uma massagem.
Um juiz de instrução decidiu, em 18 de janeiro, que Ousmane Sonko seria julgado num tribunal criminal, decisão que a defesa do líder do Pastef contestou.
"O recurso foi considerado inadmissível", disse hoje à agência de notícias France-Presse (AFP) um advogado de Sonko.
Nos últimos dois anos, Sonko, terceiro candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2019 e putativo candidato às eleições no próximo ano, foi por diversas vezes levado a tribunal, sempre acompanhado por grande aparato policial.
Em 03 de março de 2021, Sonko foi intimado pelo tribunal de Dakar para prestar declarações sobre essas acusações e nesse mesmo dia ficou detido por perturbar a ordem pública quando a sua caravana automóvel, rodeada por dezenas de apoiadores, se dirigia para o edifício.
A sua detenção desencadeou uma onda de protestos violentos que causaram 13 mortes e saques em vários supermercados e postos de gasolina (principalmente das empresas francesas Auchan e Total, como símbolo da agitação social que rodeou as relações de França com as suas ex-colónias), assaltos a uma estação de rádio e um jornal e ataques a edifícios públicos, entre outros.
Sonko tem insistido que está a ser alvo de uma conspiração para o manter fora das eleições presidenciais e que o poder judicial está a ser utilizado pelo presidente, Macky Sall, o que este refuta.
Conhecido pelo seu discurso soberanista e antissistema, o líder da oposição critica a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês, e tem muitos seguidores entre a juventude senegalesa.
Sonko ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2019, nas quais Sall ganhou um segundo mandato, mas é o principal líder da oposição depois de o candidato que ficou em segundo lugar, Idrissa Seck, se ter juntado à maioria governamental.
O Senegal planeia realizar eleições presidenciais em 2024, escrutínio ao qual Sall ainda não deixou claro se concorrerá a um polémico terceiro mandato que a Constituição não permite.
Em agosto passado, Sonko anunciou a candidatura às eleições presidenciais após o sucesso da oposição nas eleições autárquicas e legislativas realizadas em janeiro e julho de 2022.
Nas autárquicas, Sonko foi eleito presidente da câmara de Ziguinchor, cidade capital da conturbada província de Casamansa, no sul do país e que faz fronteira com a Guiné-Bissau.