© Fadel Itani/NurPhoto via Getty Images
POR LUSA 22/10/23
O ministro libanês das Relações Exteriores, Abdullah Bou Habib, disse hoje que o grupo xiita "Hezbollah não entrará imediatamente" na guerra contra Israel, lembrando que "o Hamas pode resistir durante meses".
"O Hezbollah não entrará imediatamente na guerra quando a invasão terrestre tiver lugar. O Hamas diz que pode resistir durante meses e que não haverá reação do Hezbollah ou de qualquer organização regional no início da invasão", disse o ministro, numa entrevista à rede independente MTV Líbano.
Afirmando que "a primeira posição do Hezbollah", caso a situação não piore, é "a não-intervenção", o responsável esclareceu que o governo libanês "não tem qualquer controlo sobre eles", embora "haja sempre diálogo".
"Ouvimos o que os israelitas dizem todos os dias sobre o Líbano. O Hezbollah não diz nada. Claro que há palavras dos seus líderes, mas o Sr. Hassan [Nasrallah] ainda não disse nada. Não creio que ele queira a guerra", afirmou.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu hoje que se o grupo xiita libanês Hezbollah entrar em guerra contra Israel em apoio ao movimento islamita palestiniano Hamas "cometerá o pior erro da sua vida" e "terá saudades" do conflito de 2006.
Netanyahu respondia ao anúncio feito sábado pela formação libanesa, que admitiu intervir na atual guerra entre Israel e o Hamas caso seja necessário, embora Bou Habib tenha hoje minimizado o caráter imediato desta hipotética intervenção do Hezbollah.
Por outro lado, o ministro libanês dos Negócios Estrangeiros disse que "os americanos e outros devem continuar a pressionar Israel para não iniciar uma guerra no Líbano", enquanto o seu país está a trabalhar "com o Hezbollah para o controlar".
"As forças dos países vizinhos, que não vou nomear, estão prontas e já começaram a mover-se", alertou, concluindo que "quando há uma causa não se pode parar a resistência. Mesmo que consigam eliminar o Hamas, não o conseguirão fazer. Haverá outro Hamas porque as pessoas são oprimidas como são oprimidas".
Desde 08 de outubro, o Hezbollah e as forças israelitas têm-se envolvido em ataques cruzados nas zonas fronteiriças entre os dois países, onde também se registaram ações reivindicadas por fações palestinianas presentes em território libanês.
A escalada aumentou os receios de que o Líbano se possa tornar uma segunda frente na guerra, enquanto o governo libanês mantém contactos a nível interno e internacional para tentar contê-la.
O grupo islamita Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impondo um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.
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