domingo, 17 de setembro de 2023

Kremlin terá gasto 24 mil milhões a indemnizar famílias de soldados mortos. Rússia está a gastar 300 milhões por dia com a guerra

Dmitry Medvedev visita fábrica da UralVagonZavod, Nizhny Tagil, em outubro (Getty Images)

Por  João Guerreiro Rodrigues  cnnportugal.iol.pt

Mas nem tudo são más notícias para o Kremlin. A queda do valor do rublo fez com que os salários dos militares russos bem como as suas compensações por ferimento ou óbito fossem mais reduzidas face ao dólar.

A Rússia está a gastar perto de 300 milhões de euros por dia com a guerra, de acordo com uma investigação da Forbes. Pouco mais de um ano e meio depois das tropas da Federação russa terem invadido o território da Ucrânia, o Kremlin já gastou mais de 156 mil milhões de euros com a guerra.

Com base nos dados do Orçamento do Estado russo e com os números da Estado-Maior das forças armadas ucranianas, a publicação estima que dos 156 mil milhões gastos com a guerra cerca de 31 mil milhões correspondem só a equipamento militar perdido, como carros de combate, veículos blindados ou sistemas de artilharia.

De acordo com a plataforma de análise de dados open-source Oryx, entre abandonos, danos, capturas e destruições, a Rússia já perdeu 2315 tanques, 977 veículos de combate blindados, 2782 veículos de combate de infantaria e 351 veículos blindados de transporte. São números significativos de perdas e muito dispendiosos de repor.

Ainda assim a maior fatia dos gastos vai para a manutenção de operações militares. São os chamados custos operacionais, onde se incluem os valores da construção de estruturas defensivas e a sua manutenção, o equipamento militar, o combustível, a alimentação e o planeamento e execução de operações de combate. Com tudo isto a Rússia gastou perto de 48 mil milhões de euros.

A escala destes gastos não deve ser minimizada. Durante o ponto mais intenso da ofensiva russa, em 2022, o exército de Putin chegou a utilizar perto de 50 mil munições de 152 mm. O custo médio de cada um destes explosivos é de cerca de 800 euros. Desta forma, Moscovo terá gasto aproximadamente 8,4 mil milhões apenas neste tipo de munições.

Mas no que toca ao preço de armamento, nada se aproxima dos valores gastos em mísseis de longo alcance e de precisão lançados contra os mais variados alvos na Ucrânia. Cada um destes sistemas tem o custo de vários milhões e, ao longo dos últimos 18 meses, a Rússia tem disparado centenas deles. A Forbes estima que o custo total gasto nesta munições ultrapasse os 19,6 mil milhões de euros.

Não muito abaixo estão os salários dos militares que estão no terreno, com quem o Kremlin gastou 32,9 mil milhões de euros em 18 meses de combates. Segue-se o gasto de 23,9 mil milhões em compensações monetárias às famílias de soldados mortos e 19,6 mil milhões de compensação às famílias de militares feridos.

O estudo sublinha, no entanto, que o facto de o valor do rublo ter caído significativamente em relação ao dólar no último ano acabou por favorecer os cofres do Kremlin. A desvalorização da moeda russa fez com que o custo de cada soldado passasse de 200 dólares por dia (aproximadamente 187 euros) para apenas 120 dólares por dia (cerca de 112 euros) em termos reais. O mesmo acontece com as compensações por morte ou por ferimento em combate.

No entanto, estes fatores não foram suficientes para ajudar a Federação russa a equilibrar o seu Orçamento de Estado. Apenas nos primeiros seis meses de 2023, o Kremlin gastou 5,59 biliões de rublos em defesa, mais 600 mil milhões do que o inicialmente previsto para todo o ano. Isto obrigou a Rússia a rever os seus gastos para o orçamento federal com a defesa, aumentando-o 9,7 biliões de rublos.

Num país com um orçamento planeado de 29 biliões de rublos, isto significa que a Rússia prevê gastar 33% do seu orçamento apenas na área da Defesa. À medida que os custos da guerra na Ucrânia aumentam o Kremlin está deverá ter as suas finanças públicas cada vez mais pressionadas. No entanto, sem negociações de paz ou conquistas militares que determinem o fim do conflito, os custos com a guerra deverão continuar a aumentar.

Sem comentários:

Enviar um comentário