terça-feira, 2 de maio de 2023

Dia Mundial da Asma: "Algumas das mortes evitáveis por asma ocorrem na adolescência"

Por  sicnoticias.pt    02/05/23 

No Dia Mundial da Asma, os especialistas alertam que cerca de 35 mil portugueses asmáticos não têm este problema de saúde controlado. Os adolescentes são dos grupos etários que mais riscos correm, por desvalorizarem os sintomas e até deixarem de tomar a medicação.

Uma doença crónica, mas que em nada é sinónimo de uma vida limitada. Esta é, de forma breve, a mensagem que os especialistas pretendem fazer chegar à população asmática, este ano com especial foco nos mais novos.

"A asma afeta qualquer grupo etário, mas sabemos que os adolescentes são um grupo difícil no que diz respeito à adesão à medicação controladora da doença", explica à SIC Notícias Ana Morête, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), acrescentando que acabam também por "não valorizar alguns sintomas da asma, que podem ser subjetivos, como a falta de ar".

Fatores que colocam estes jovens em risco de crises agudas, que podem ter desfechos trágicos. "Algumas das mortes evitáveis por asma ocorrem precisamente na adolescência", destaca a especialista.

A falta de ar é um sintoma que é muitas vezes desvalorizado FOTO CANVA

O alerta, partilhado esta terça-feira em várias escolas secundárias do País, numa iniciativa da SPAIC e da Sociedade Portuguesa de Pneumologia de forma a assinalar o Dia Mundial da Asma, deixa claro que "com a doença totalmente controlada, evitando-se as agudizações, é possível ter uma vida sem qualquer limitação". Até, sublinha Ana Morête, na prática desportiva.

"Queremos que os adolescentes saibam que não devem ter vergonha de cumprir a medicação controladora, que sintam a tranquilidade de saber que existem médicos que os podem ajudar e que podem fazer tudo, praticar qualquer desporto, e sentirem-se bem", afirma a presidente da SPAIC.

De fora deste "tudo", como em qualquer caso - ainda mais quando falamos de doenças respiratórias -, fica o tabaco. "É importante evitar que comecem a fumar, ainda mais nessa idade", conclui Ana Morête.

O impacto da asma em Portugal: metade dos jovens não tem a doença controlada

Apesar dos últimos dados disponíveis sobre a prevalência da asma em Portugal serem de 2011 e já estar a ser preparado um novo estudo, a expectativa dos especialistas é de que pouco tenha mudado nestes indicadores.

Estima-se que a doença crónica afete 700 mil portugueses. Destes, 175 mil são crianças e adolescentes, sendo que mais de metade (51%) não tem a asma controlada e o que leva a que 39% acabem por recorrer às Urgências durante uma crise.

Cerca de 175 mil doentes com asma em Portugal são crianças e adolescentes FOTO CANVA

"A asma é uma doença que, na adolescência, pode ser um bocadinho silenciosa, o que acaba por promover um diagnóstico tardio em muitos casos. Por estar subdiagnosticada, acaba por ficar sem tratamento e sem controlo", refere Ana Morête.

Como é que a asma é tratada: dois objetivos para uma vida normal

A asma, que é uma doença inflamatória crónica dos brônquios que leva a que o ar saia e entre nos pulmões com mais dificuldade, "tem, no seu tratamento, dois objetivos: o de controlo com a medicação anti-inflamatória diária e o de alívio, com medicação específica para períodos de agudização".

Assim, "a não adesão ao tratamento é a principal causa de morte por asma". Muitos doentes acabam também por "não tomar a medicação controladora, mas tomam a de alívio quando têm uma crise, o que pode não ter os efeitos esperados".

A asma é uma doença inflamatória que dificulta a entrada do ar nos pulmões FOTO CANVA

Sabe-se também que 5% dos asmáticos em Portugal (35 mil pessoas) sofre de asma grave, uma forma muito limitante e menos frequente da doença. Este valor pesa também nos custos para a Saúde, já que "2% da despesa neste setor destina-se a esta doença e, sobretudo, a tratar casos de asma grave".

Se é certo que nalguns casos pode dever-se, de facto, ao incumprimento do tratamento que permite controlar a asma, noutros a origem pode estar "numa versão muito mais agressiva da doença".

"Há doentes em que os sintomas são muito mais avançados, em que há até perda de função pulmonar, mas têm uma menor expressão dentro do grupo", refere a presidente da SPAIC.

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