quarta-feira, 13 de julho de 2022

Costa oriental de África procura financiamento para conservar oceanos

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 Por LUSA  13/07/22 

Os países da costa oriental de África estão a procurar cada vez mais novas formas de financiamento para aumentar a subsistência das comunidades à beira-mar, ajudar a biodiversidade e combater alterações climáticas.

À margem do fórum político de alto nível sobre desenvolvimento sustentável, em curso na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, os estados costeiros e insulares africanos e grupos ligados à proteção da natureza traçaram planos para impulsionar a conservação dos oceanos e o desenvolvimento económico, através de um sistema de "títulos azuis" -- um método de financiamento de projetos que também beneficiaria a saúde dos oceanos.

Na sequência da Grande Muralha Verde da África, que se estende por toda a região do Sahel, as nações da África Oriental estão agora a procurar fundos para a iniciativas da Grande Muralha Azul, que visa proteger áreas marinhas ao longo da costa. O financiamento azul e o verde apoiam projetos para prevenir danos ambientais e combater as mudanças climáticas, criando ecossistemas sustentáveis.

"O título azul é um exemplo poderoso do papel essencial que os mercados de capitais podem desempenhar no apoio a objetivos sustentáveis", disse Jorge Familiar, vice-presidente do Banco Mundial.

A iniciativa Great Blue Wall, lançada no ano passado por dez estados do oeste do Oceano Índico durante a conferência climática da ONU em Glasgow, visa criar uma rede de áreas protegidas costeiras e marinhas que, segundo os seus defensores, restaurariam e conservariam cerca de 2 milhões de hectares de oceano, capturar 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono e garantir a subsistência de mais de 70 milhões de pessoas.

O projeto abrange a costa leste do continente -- da Somália à África do Sul -- e inclui os estados insulares de Comores, Madagascar, Maurícias, Seychelles, Somália e os territórios franceses, Mayotte e Reunião.

Jean-Paul Adam, que lidera a divisão climática da Comissão Económica das Nações Unidas para a África, disse que a iniciativa do muro azul reconheceria "o verdadeiro valor que o meio ambiente tem na futura criação de riqueza e no fortalecimento das comunidades locais".

"Precisamos de aumentar drasticamente o investimento do setor privado nos setores verde e azul", defendeu.

Mas, só menos de um por cento dos chamados títulos azuis e verdes, que se destinam a projetos marítimos e terrestres, são emitidos para países africanos.

"Os próximos passos são tornar esses títulos mais acessíveis aos países africanos", acrescentou.

A ONU refere que muitas das promessas de financiamento feitas pelos países mais ricos para ações climáticas não estão a ser totalmente cumpridas, o que significa que muitas nações africanas são incapazes de tomar as medidas necessárias de adaptação e mitigação contra o efeito das mudanças climáticas.

Na sua última avaliação, o Banco Africano de Desenvolvimento disse que entre 1,3 e 1,6 biliões de dólares (entre 1,2 e 1,5 biliões de euros) são necessários até 2030 para implementar a ação climática, de acordo com as contribuições determinadas para cada país -- metas estabelecidas por países para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius (2,7 graus) e não mais do que 2.

Os títulos azuis são apenas uma fração do financiamento para a conservação dos oceanos, acrescentou o banco.

"Os títulos por si só não são uma panaceia para a lacuna de financiamento, mas podem nos permitir levantar grandes quantias", frisou Adam.


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