quinta-feira, 10 de março de 2022

Sociedade russa "está em colapso", diz jornalista do Novaia Gazeta

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Notícias ao Minuto  10/03/22 

Um subeditor do jornal independente russo Novaia Gazeta disse hoje que os jornalistas enfrentam grandes perigos no seu país e que a sociedade "está em colapso", alertando também para os riscos da invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Eu penso que o meu país (Rússia) está à beira de uma 'espécie de guerra civil', existe muito ódio na sociedade russa, uma parte dos cidadãos são apontados como traidores, havendo um apelo para os expulsar do ensino, das universidades", lamentou Kirill Martynov num fórum internacional.

"Uma outra parte da sociedade russa está muito 'desinformada' e não sabe no que deve acreditar. Querem acreditar num governo forte e num presidente 'inteligente e sábio', mas eu penso que estes sentimentos sobre a realidade foram afetados e que pode haver um conflito no seio da sociedade russa: entre as elites políticas, mas também entre os cidadãos comuns", acrescentou o jornalista.

Para o editor do Novaia Gazeta, a sociedade russa "está em colapso", sublinhando que o que aconteceu há trinta anos (com a queda do Muro de Berlim em 1989) "foi apenas um capítulo do derrube do império soviético".

"Acredito que o Estado russo pode desintegrar-se e não apenas por causa de 'agentes estrangeiros' ou de mísseis estrangeiros, mas por causa das políticas do próprio Presidente (Vladimir Putin)", disse Martynov durante um debate 'online' sobre a sobrevivência do jornalismo independente na Rússia, organizado pelo organismo Presseclub Concordia, com sede em Viena.

Kirill Martynov participou no debate a partir da redação do jornal, em Moscovo. 

O jornal Novaia Gazeta, fundado em 1993 por jornalistas independentes russos, foi um dos poucos meios de comunicação social críticos das intervenções militares da Rússia na Chechénia.

Ao longo dos anos tem enfrentado atos de perseguição, tendo vários repórteres do jornal sido assassinados durante o exercício da profissão, nomeadamente Anna Politkovskaya morta em 2006.

Atualmente, no contexto da invasão russa da Ucrânia o jornal encontra-se sujeito às medidas legislativas de censura impostas pelo Kremlin à cobertura do conflito. Os deputados russos aprovaram no passado dia 04 alterações ao código penal com fortes multas e penas de prisão, entre 10 a 15 anos, para a "difusão de informação falsa" sobre a ação das forças armadas.

"Na verdade, eu penso que eles (o regime) não querem saber de leis. Na prática podem implementar qualquer lei proposta pelo Presidente (Vladimir Putin) em apenas um ou dois dias com o apoio total da Câmara Baixa do Parlamento (Duma). (...) só querem saber se podem torturar as pessoas que protestam contra a guerra", lamentou o subeditor do Novaia Gazeta.  

O jornalista refere que a publicação "ainda tem muitos jornalistas a trabalhar em Moscovo", com identidade e endereço conhecido.

"As autoridades sabem onde estamos e sinto que os nossos jornalistas correm grandes perigos, nesta altura", afirmou frisando o "empenho" no trabalho de informar os leitores, apesar das leis que visam os profissionais, incluindo os correspondentes estrangeiros.

"Neste momento sinto que não há Estado de Direito na Rússia. Se atacam o vizinho (Ucrânia) com mísseis podem fazer o que querem. O nosso jornal quer sobreviver e queremos defender o jornalismo independente na Rússia e, pessoalmente, estou motivado para desempenhar o meu trabalho da melhor forma que sei, em nome da sociedade russa e dos nossos leitores", afirmou.

Kirill Martynov referiu ainda que a maior parte dos leitores do Novaia Gazeta tem entre 25 e 30 anos e que o jornal utiliza todos os meios físicos e digitais para difundir as notícias.  

Neste momento, disse o jornalista, a rede social You Tube é o maior meio de transmissão de conteúdos, incluindo jornalísticos, no país, contabilizando cinco milhões de utilizadores diários.  

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

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Putin admite que sanções estão a "criar problemas"

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Notícias ao Minuto  10/03/22 

O presidente da Rússia garantiu que estes problemas iam ser resolvidos "não importa como" e decidiu, como resposta, suspender temporariamente a exportação de fertilizantes.

O presidente da Rússia terá afirmado, esta quinta-feira, que se a pressão económica por parte dos líderes mundiais se mantiver, o preço da comida a nível global vai aumentar. Segundo a  Sky News, a Rússia decidiu suspender temporariamente a exportação de fertilizantes.

O ministro da Agricultura da Rússia, Dmitry Patrushev, terá garantido, segundo a Reuters, durante uma reunião com Vladimir Putin, que a segurança alimentar do país estava assegurada e que a Rússia continuaria a exportar, no caso de uma eventual subida de preços.

À semelhança do que acontece com o petróleo e gás natural, a Rússia é um dos principais produtores de fertilizantes. Também esta quinta-feira, o líder russo admitiu que as sanções que os países têm vindo a anunciar estão a "criar problemas" ao país. "Vamos resolvê-las", garantiu, acrescentando que o país iria aumentar a sua independência e ser "soberano".

Quanto ao setor energético, Putin afirmou ainda que, apesar das sanções, as "obrigações em termos de fornecimento de energia" estarão a ser respeitadas, acrescentando ainda que o país não era responsável pelo aumento dos preços.

Segundo Putin, "todas as remessas" terão sido entregues à Europa, como noutros lugares, e mesmo o sistema de transporte de gás através da Ucrânia estará "a 100%", sendo esta rede de gasodutos uma das principais artérias para abastecimento de gás do continente europeu, que depende em 30% da matéria-prima russa.

"Os preços estão a subir, mas não é culpa nossa. É o resultado dos seus próprios erros de cálculo. Eles não nos podem culpar", disse Putin, referindo-se aos países ocidentais.

Além das baixas civis registadas pela ONU, a guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 15.º dia, provocou um número por determinar de baixas militares.

Na sequência da invasão, mais de 2,3 milhões de pessoas fugiram para países vizinhos, na crise de refugiados com crescimento mais rápido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão da Ucrânia foi condenada pela generalidade da comunidade internacional e muitos países e organizações impuseram sanções à Rússia que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

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Democratas e republicanos estão unidos em condenar a invasão das tropas russas e estarão a preparar uma revisão às lei tributária.

Depois de Joe Biden ter anunciado, esta quarta-feira, que os Estados Unidos iam deixar de importar petróleo da Rússia, os congressistas continuam à procura de outras sanções.

Segundo o USA Today, tanto democratas como republicanos irão pressionar o presidente dos Estados Unidos a aplicar sanções a compradores de ouro russo - quer o negócio seja feito física ou virtualmente -, e também vão sugerir uma revisão à lei tributária, por forma que os oligarcas russos não tenham o trabalho facilitado se tentarem esconder ativos...Ler Mais


O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, classificou hoje como "um crime de guerra odioso" o bombardeamento pelas forças russas de uma maternidade e de um hospital pediátrico em Mariupol, no leste da Ucrânia.

"Obombardeamento russo de uma maternidade é um crime de guerra odioso", escreveu Borrell na sua conta na rede social Twitter, sublinhando que a cidade de Mariupol está cercada.

"Ataques aéreos a zonas residenciais e bloqueios ao acesso pelos comboios da ajuda humanitária pelas forças russas devem parar imediatamente", escreveu ainda o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, apelando à necessidade da criação de um corredor de passagem seguro para os civis...Ler Mais


As Nações Unidas disseram hoje que a maternidade do hospital pediátrico de Mariupol, no leste da Ucrânia, não foi a única a ser alvo de bombardeamentos russos, tendo sido também destruídas maternidades nas cidades de Zhytomyr e Kharkiv.

Arevelação foi feita hoje pelo chefe do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA), Jaime Nadal, durante uma entrevista em vídeo com jornalistas da ONU, em Nova Iorque.

Segundo indicou Jaime Nadal, os bombardeamentos russos atingiram também uma maternidade na cidade de Zhytomyr e na localidade de Saltivsky, em Kharkiv, desconhecendo-se, para já, o número de vítimas.

Segundo adiantou o responsável da UNFPA, existem na Ucrânia 69 maternidades e centros pré-natais, estimando que nos próximos três meses possam ocorrer neste país 80.000 partos...Ler Mais


A organização condena não só a “repressão sem precedentes” ao jornalismo independente, como também lembra que mais de 13 mil pessoas já foram detidas na sequência de manifestações pacíficas no país.

Pelo menos 150 jornalistas já fugiram da Rússia desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia, a 24 de fevereiro. Os dados são da Agentstvo, um jornal online russo especializado em jornalismo de investigação, e foram divulgados em comunicado pela Amnistia Internacional.

O jornal online independente não é o único meio de comunicação bloqueado na Rússia. Todos os meios de comunicação social receberam ordens do governo russo para que não usassem palavras como “guerra”, “invasão” ou “ataque” quando se referiam ao conflito entre os dois países.

Putin foi mais longe e acabou por autorizar uma lei que pune até 15 anos de prisão quem seja acusado de espalhar "notícias falsas" acerca deste conflito, o que significa que todos os meios não estatais passaram a estar ainda mais sob o  olhar atento do governo russo...Ler Mais


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