Por LGDH - Liga Guineense dos Direitos Humanos
𝐂𝐎𝐍𝐕𝐈𝐓𝐄 𝐔𝐑𝐆𝐄𝐍𝐓𝐄!
Face a deterioração da situação de segurança e dos direitos humanos na Guiné-Bissau, a Direção Nacional da LGDH vai tornar público amanhã dia 10 de Fevereiro de 2022, uma Carta Aberta dirigida ao Secretário-geral da ONU o 𝐒𝐫. 𝐀𝐧𝐭ó𝐧𝐢𝐨 𝐆𝐮𝐭𝐞𝐫𝐫𝐞𝐬e a Presidente da Comissão Europeia a 𝐒𝐫ª. 𝐔𝐫𝐬𝐮𝐥𝐚 𝐕𝐨𝐧 𝐃𝐞𝐫 𝐋𝐞𝐲𝐞𝐧.
Para o efeito, são convidados todos os órgãos de comunicação social nacional e estrangeira para proceder a cobertura jornalística do evento que terá lugar na Casa dos Direitos a partir das 10h.
Bissau, 10 de Fevereiro de 2022.
O Gabinete de Comunicação
Leia Também:
GUINÉ-BISSAU - Ataques em Bissau: "Tenho a perfeita noção do risco que corremos"
O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário Silva.
Dw.com 09.02.2022
Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Augusto Mário Silva, diz que também foi atacado. Mesmo correndo risco de vida, promete não abandonar os seus concidadãos. "Emigrar ou fugir não é opção", afirma à DW.
Após os ataques à Rádio Capital FM e à residência de importantes vozes críticas do país, esta semana, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) denuncia que ele próprio foi ameaçado junto à sua residência por "elementos desconhecidos".
Mesmo assim, para Augusto Mário Silva, "emigrar ou fugir não é opção". Em entrevista à DW África, garante que ele e outros ativistas ficarão do lado do povo da Guiné-Bissau. Fugir seria "virar as costas" aos cidadãos guineenses que precisam dos defensores dos direitos humanos, defende.
À DW África, Augusto Mário Silva exige a "demissão imediata" do ministro do Interior, Botche Candé, por "incapacidade" para garantir a segurança e tranquilidade públicas.
DW África: Como recebeu as notícias dos últimos ataques e ameaças contra jornalistas e outras vozes críticas na Guiné-Bissau?
Augusto Mário Silva (AMS): Nós recebemos as notícias com muita tristeza e inquietação, mas já esperávamos, tendo em conta os métodos instituídos. A Rádio Capital FM tem vindo a ser uma voz incómoda ao regime instalado, e nunca desperdiçaram a oportunidade de atacar a rádio. Esta é a segunda vez que a atacam. Portanto, registamos mais um ato cobarde de ataque à imprensa e que tem um propósito político. O principal responsável por tudo isso é o Governo.
DW África: Diz que o Ministério do Interior mostrou-se incapaz de garantir a segurança e tranquilidade públicas... Portanto, é responsável?
AMS: O Ministério do Interior é quem tem a responsabilidade constitucional e legal de garantir a segurança aos cidadãos. Mas infelizmente tem demonstrado incapacidade a este nível.
DW África: Acha, então, que o ministro do Interior deveria demitir-se imediatamente?
AMS: É óbvio que sim, pois num Estado de Direito democrático, quando um ministro revela incapacidade em garantir a segurança dos cidadãos, a primeira consequência política dessa incapacidade deveria ser a sua demissão imediata. Mas, conhecendo o país que temos, isso está longe de acontecer.
DW África: Houve ataques contra o Dr. Rui Landim e o jurista Vaz Martins, que é o seu antecessor na chefia da Liga Guineense dos Direitos Humanos. Duas vozes críticas. O que se pode dizer sobre estes dois casos?
AMS: Não são apenas estes dois casos, há outros. Eu próprio fui vítima de ataques por parte deste esquadrão da morte do atual regime. Atacaram as casas de Rui Landim e Vaz Martins e, por último, a minha casa. Felizmente, não houve disparos como houve na casa do Dr. Landim. Mesmo assim, isso demonstra a intolerância de algumas pessoas, ou de algum círculo político, ligado ao poder vigente, às vozes críticas.
DW África: Sr. Augusto Mário Silva, na sua opinião, fugir ou emigrar seria uma opção válida para os defensores dos direitos humanos, neste momento?
AMS: Fugir é virar as costas aos nossos concidadãos que precisam dos defensores dos direitos humanos. Nós, enquanto pessoas que trabalham neste campo, comprometidos com o valor da dignidade da pessoa humana, estamos dispostos a enfrentar as consequências que podem advir das nossas atuações. Mas vamos continuar ao lado do nosso povo e dos nossos concidadãos que precisam de nós. Não vamos virar as costas a eles.
DW África: Mas está consciente de que corre o risco de perder a própria vida?
AMS: Estou consciente e tenho a perfeita noção do risco que todos nós aqui corremos. Mas não temos outra alternativa, pois não temos uma segunda pátria. A nossa única pátria é a Guiné-Bissau. Nascemos, crescemos e desenvolvemos a nossa atividade aqui. Portanto, não vamos abandonar os nossos concidadãos.
Sem comentários:
Enviar um comentário