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Por LUSA 07/11/21
A situação dos direitos humanos no Mali é "muito preocupante" afirmou hoje o a secretária-geral assistente da ONU para os Direitos Humanos, Ilze Brands Kehris, após uma viagem de seis dias ao país.
Num contexto diplomático tenso no Mali, onde as delegações diplomáticas vão sucedendo-se para pressionar Bamaco a regressar ao poder civil após dois golpes de estado em nove meses, Ilze Brands Kehris esteve seis dias no país, reunindo-se com as autoridades, sociedade civil e representantes do G5-Sahel, a organização regional de luta contra o terrorismo.
Em entrevista à agência de notícias AFP, a responsável explicou emergir desta sua visita "um sentimento positivo" de que existe "uma abertura ao diálogo" por parte das autoridades acerca da "espinhosa" questão do respeito pelos direitos humanos e da luta contra as violações, assinalando a "urgência de agir contra a impunidade".
Entre abril e junho, pelo menos 527 civis foram "mortos, feridos ou sequestrados/desaparecidos", segundo o último relatório da ONU divulgado no final de agosto.
O Mali é palco quase todos os dias de um confronto, um ataque ou a explosão de uma mina, desde que se encontra envolto num conflito multifacetado desde 2012, com o surgimento de grupos independentistas no norte do país.
Segundo Brands Kehris, deve ser "intensificada a luta contra a impunidade, contra as violações dos direitos humanos cometidas no campo do terrorismo", mas também "olhar para coisas que podem ser um pouco mais delicadas como a luta contra as violações dos direitos humanos dentro das forças armadas do Mali".
Na linha da frente desde o início do conflito, mal treinado e mal equipado, o exército do Mali é frequentemente acusado de violações dos direitos humanos. Num relatório publicado em 2020, uma comissão de inquérito independente da ONU acusou-o de "crimes de guerra".
"Há alguns sinais de que às vezes há bloqueios no sistema judicial", acrescentou a responsável, considerando que se deve "identificar onde estão esses bloqueios, quais motivos, e também continuar a passar a mensagem de que estamos lá, que estamos a olhar pelas pessoas, vemos de fora, mas também estamos prontos para estar lá para apoiá-los".
Independente desde 1960, o Mali viveu, em maio deste ano, o quinto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991, 2012 e 2020.
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