quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Despedimento de jornalista aumenta suspeitas de censura na Guiné-Bissau

Ordem dos Jornalistas denuncia falta de liberdade de imprensa na Guiné-Bissau após suspensão de repórter que se terá recusado a entrevistar o Presidente Sissoco. Queixas sobre censura na televisão pública não são novas.

Baducaram Imbenque, jornalista desportivo da Televisão da Guiné-Bissau (TGB), foi suspenso de todas as atividades pelo diretor-geral do órgão público, Amadú Djamanca, supostamente por não ter entrevistado o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, no âmbito de um torneio de futebol no Estádio Lino Correia, em Bissau, entre os órgãos de soberania do país, apurou a DW África.

"Isso prova que não há, realmente, liberdade de imprensa na Guiné-Bissau", alerta António Nhaga, bastonário da Ordem dos Jornalistas. "Não sei o que aconteceu, mas sei que o editor-chefe ou diretor de um órgão de comunicação social não deve intervir no trabalho de um jornalista, só porque não entrevistou o Presidente." 

"Perguntaram ao jornalista porque não entrevistou o Presidente? Isso demonstra mais uma vez a prepotência que existe em relação ao jornalista", lamenta ainda.

O despacho da suspensão de Baducaram Imbenque, datado de 11 de janeiro e assinado pelo diretor da TGB, não faz referência ao facto de o Presidente não ter sido entrevistado.

"Não obstante a liberdade de imprensa e de expressão, em observância plena, e com base na liberdade do jornalista em escolher o ângulo da notícia, conforme a sua preferência, cada órgão de informação, sobretudo aqueles públicos ou estatais, como a TGB, tem a sua própria linha editorial. Com isso, e trata-se de um ocorrido [no dia 09 de janeiro], que pôs em causa essa linha editorial, mais agravante ainda quando o evento em questão é relacionado com os órgãos de soberania", lê-se no documento.

Contactado pela DW África, o diretor da Televisão da Guiné-Bissau, Amadú Djamanca, promete reagir "quando for possível". Convidado a comentar o sucedido, o jornalista suspenso, Baducaram Imbenque, não se quis pronunciar.

Para Bacar Camará, jornalista da Rádio Nacional da Guiné-Bissau, os elementos conhecidos sobre o caso são suficientes para exigir a demissão do diretor-geral da televisão pública. "O diretor da televisão deve ser exonerado das suas funções, porque coloca em causa a imagem do Governo", assevera.

"A atitude da direção da televisão prejudica de sobremaneira a imagem do Governo", considera o repórter. "Situações como esta acabam por transparecer no relatório dos Repórteres Sem Fronteiras, dando uma imagem negativa ao Governo", acrescenta.

Esta não é a primeira vez que a TGB é alvo de acusações de censura. Em setembro de 2017, funcionários do órgão público produziram um abaixo-assinado para exigir o fim da proibição da difusão de certos conteúdos na estação pública do país.

O Gabinete da ONU para a África Ocidental e Sahel (UNOWAS, sigla em inglês) manifestou preocupação no passado dia 8 de janeiro com a detenção ilegal e violação de direitos humanos na Guiné-Bissau contra adversários políticos e limitações à liberdade de imprensa.  

"Na Guiné-Bissau, a insegurança e as violações dos direitos humanos contra adversários políticos continuaram a ser uma preocupação, com relatos de detenções arbitrárias, intimidação, detenção ilegal de adversários políticos", referia o documento.

No relatório do representante do secretário-geral da ONU para a África Ocidental, Mohamed Ibn Chambas, e com data de 24 de dezembro, lê-se que a "liberdade de imprensa no país foi igualmente limitada, uma vez que bloggers e ativistas políticos das redes sociais foram alvo de pessoas uniformizadas e armadas."

DW//Agência de Notícias da Guiné-Bissau

2 comentários:

  1. Não sei que tipo de liberdade da imprensa que vocês querem?

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  2. Em nenhum País deve ser admitido a libertinagem de imprensa; aqui no nosso País até os nossos locutores ditos jornalistas sem terem se quer carteira que os permite o exercício de Taís funções se gabam de " jornalista" cujas informações que difundem são altamente tendenciosas, nocivas, sem suporte verídico "(passadas de bancadas)" e sem escrúpulos. Deixa muito a desejar como os nossos locutores tratam a comunicação. Tenho certeza absoluta se o dspó que estava no campo a jogar seria intrevistado e consequente mereceria uma edição especial na nossa televisão. Portanto parem em falar de sensura nos órgãos de comunicação nacional, quem não assistiu os insultos que são proferidos nas diferentes rádios aos altos representantes dos órgãos de soberania? Em que País de África ou mesmo de Ocidente um Jornalista com Diploma se atreve insultar se quer um cidadão que fará um responsável no aparelho de Estado? "Bo para". Aos defensores dos D.H. e os repórteres sem fronteiras que façam o favor de deslocarem a vizinha Guinèe porque é lá que são violados todos tipos de direitos e ninguém atreve falar, será que este País não faz parte de conserto das nações? Aqui acabou a República das Bananas. " Kim ki papia sim provas ina fundido kadera" porra pá.

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