sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Israel e Emirados Árabes Unidos chegam a acordo de paz histórico

O acordo de paz resultou de longas negociações entre Israel, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos, como anunciou a Casa Branca.


© Getty Images
13/08/20 16:11  NOTÍCIAS AO MINUTO   

Israel e os Emirados Árabes Unidos alcançaram, esta quinta-feira, um acordo de paz histórico que deverá levar a uma normalização das relações diplomáticas entre as duas nações do Médio Oriente. Trata-se, aliás, de um acordo que Donald Trump ajudou a intermediar. 

Pouco se conhece sobre os detalhes do acordo, mas sabe-se que Israel concordou em suspender a aplicação de soberania a áreas da Cisjordânia, como indicaram fontes da Casa Branca à Reuters. 

O acordo terá sido selado através de um telefonema, esta quinta-feira, entre Trump, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o xeque Mohammed Bin Zayed, príncipe herdeiro de Abu Dhabi.

O presidente americano recorreu à rede social Twitter para anunciar a novidade, referindo-se a um "acordo de paz histórico entre os dois BONS amigos, Israel e os Emirados Árabes Unidos". A publicação foi, inclusive, partilhada por Netanyahu.

Defende a Reuters que o sucesso no âmbito da política externa dá a Trump 'créditos' para a sua reeleição a 3 de novembro. 

Num comunicado conjunto emitido pelas três nações, os líderes revelam que "concordaram com a normalização total das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos".

“Este histórico avanço diplomático conduzirá à paz na região do Oriente Médio e é um testemunho da ousada diplomacia e visão dos três líderes e da coragem dos Emirados Árabes Unidos e de Israel para traçar um novo caminho que desbloqueará o grande potencial no região ”, pode ainda ler-se. 


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As reações do reatar das relações diplomáticas entre Israel e os Emirados

Israel e os Emirados Árabes Unidos (EAU) concordaram na quinta-feira estabelecer relações diplomáticas plenas, numa conversa com o Presidente norte-americano, Donald Trump, e como parte de um acordo para evitar a anexação israelita de territórios palestinianos ocupados.


© Reuters
Segundo Trump, o acordo entre Israel e os Emirados será assinado durante as três próximas semanas.

Seguem-se as principais reações ao acordo de normalização de relações.

Israel: "Uma nova era"
"Hoje começa uma nova era nas relações entre Israel e o mundo árabe", congratulou-se o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

"Em 1979, (Menahem) Begin assinou a paz com o Egito, em 1994 (Yitzhak) Rabin assinou com a Jordânia e eu tenho o mérito de assinar em 2020 o terceiro acordo de paz com um país árabe. É um verdadeiro acordo de paz, não é um 'slogan'", declarou.

Emirados: "Passo ousado"
Os Emirados Árabes Unidos asseguraram que o acordo de normalização é um "passo ousado" que permitirá alcançar "uma solução de dois Estados". A designada solução de dois Estados, um israelita e outro palestiniano vivendo em paz lado a lado, significa a criação do Estado da Palestina e conta com o apoio da comunidade internacional.

"A maioria dos países verá nele um passo ousado para alcançar uma solução de dois Estados, dando tempo para as negociações", declarou o chefe da diplomacia dos Emirados, Anwar Gargash, numa conferência de imprensa, durante a qual adiantou que os dois países não demorarão muito tempo a abrir as embaixadas.

Estados Unidos: "Acordo histórico"
Trata-se de um "avanço espetacular", comentou o Presidente norte-americano, Donald Trump. Um "acordo de paz histórico entre os nossos dois grandes amigos", adiantou.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, falou de um "passo decisivo em direção à paz no Médio Oriente".

"Os Estados Unidos esperam que este passo audacioso seja o primeiro de uma série de acordos para acabar com 72 anos de hostilidades na região", disse ainda.

Há 72 anos foi criado o Estado de Israel que já esteve envolvido em oito guerras com os seus vizinhos árabes e que até agora só tinha acordos de paz com o Egito e com a Jordânia.

Autoridade Palestiniana: "Traição"
"Os dirigentes palestinianos rejeitam o que os Emirados Árabes Unidos fizeram. Trata-se de uma traição a Jerusalém e à causa palestiniana", indicou num comunicado a Autoridade Palestiniana, presidida por Mahmud Abbas, apelando para uma "reunião de emergência" da Liga Árabe, para denunciar o acordo de normalização.

O chefe da diplomacia, Riyad Al-Maliki, declarou depois num comunicado enviado à agência France-Presse que, a pedido de Abbas, "o Ministério dos Negócios Estrangeiros decidiu chamar imediatamente o seu embaixador nos Emirados Árabes Unidos na sequência do acordo" de normalização das relações do país com Israel.

Hamas: "Um cheque em branco"
O acordo de normalização das relações entre Israel e os EAU "não serve a causa palestiniana" e constitui um "cheque em branco" para a continuação da "ocupação" pelo Estado hebreu, denunciou o movimento islâmico palestiniano Hamas, no poder na Faixa de Gaza.

"Este acordo é rejeitado e condenado. Não serve a causa palestiniana (...), é considerado como uma continuação da negação dos direitos do povo palestiniano", declarou à AFP Hazem Qassem, porta-voz do Hamas.

Bahreïn: "Etapa histórica"
"O reino saúda os esforços diplomáticos desenvolvidos pelos Emirados Árabes Unidos. Esta etapa histórica contribuirá para o reforço da estabilidade e da paz na região", indicou a agência noticiosa oficial deste pequeno país do Golfo, a Bahrain News Agency (BNA).

Egito: "Um acordo pela estabilidade"
O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, saudou através de rede social Twitter "um passo" para a "realização da paz no Médio Oriente".

"Aprecio os esforços dos arquitetos deste acordo para a prosperidade e a estabilidade da nossa região", adiantou o líder do país, que foi a primeira das nações árabes a assinar um tratado de paz com o Estado hebreu em 1979.

França: "Suspender anexação de territórios palestinianos é passo positivo"
"A decisão, tomada neste quadro (o do acordo) pelas autoridades israelitas, de suspender a anexação de territórios palestinianos é um passo positivo, que se deve tornar uma medida definitiva", declarou o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, num comunicado.

"O novo estado de espírito demonstrado por estes anúncios deve agora permitir o recomeço das negociações entre israelitas e palestinianos para o estabelecimento de dois Estados (...), que é a única opção para permitir uma paz justa e duradoura na região", acrescentou.

Reino Unido: "Única solução"
O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, saudou o acordo num comunicado.

"É um passo histórico que vê a normalização das relações entre dois grandes amigos do Reino Unido. No final, não há o que substitua as negociações diretas entre os palestinianos e Israel, a única solução para conseguir dois Estados e uma paz duradoura".

Joe Biden: "Histórico"
O candidato democrata à Casa Branca saudou o acordo "histórico" de normalização das relações entre os Emirados Árabes Unidos e Israel, anunciado antes pelo seu adversário republicano, o Presidente Donald Trump.

"Israel e os Emirados Unidos deram um passo histórico para apagar as profundas divisões do Médio Oriente", declarou Joe Biden.


O ex-vice-presidente de Barack Obama considerou a decisão dos Emirados de estabelecer laços diplomáticos com Israel como uma "decisão governamental corajosa e grandemente necessária".


ISRAEL/EMIRADOS - Irão encara o acordo entre Israel e Emirados como "estratégia estúpida"

O Irão considera que o acordo de normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, estabelecido sob a égide dos Estados Unidos, é uma "estratégia estúpida", disse hoje a diplomacia de Teerão.  

© Reuters
14/08/20 08:45  POR LUSA

O acordo anunciado na quinta-feira "é uma estratégia estúpida entre Abu Dhabi e Telavive que vai reforçar o eixo da resistência na região", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão em comunicado.

"O povo oprimido da Palestina e todas as nações livres não vão perdoar a normalização das relações com o regime criminoso de Israel", acrescenta a mesma nota da diplomacia iraniana. 

Anteriormente a Autoridade Palestiniana de Mahmud Abbas considerou "traição" à causa palestiniana o acordo de normalização de relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, e pediu uma "reunião de emergência" da Liga Árabe para o denunciar.

"Os dirigentes palestinianos rejeitam o que os Emirados Árabes Unidos fizeram. Trata-se de uma traição a Jerusalém e à causa palestiniana", indicou num comunicado a direção palestiniana, apelando para uma "reunião de emergência" da Liga Árabe, para denunciar o acordo apoiado pelos Estados Unidos.

O projeto de normalização das relações entre Israel e as nações do Golfo, como o Bahrein, a Arábia Saudita e os Emirados, é um dos aspetos do plano da administração norte-americana de Donald Trump para o Médio Oriente saudado pelos israelitas, mas rejeitado pelos palestinianos.


O plano anunciado na quarta-feira prevê também a anexação por Israel do vale do Jordão e de colonatos na Cisjordânia, considerados ilegais pela lei internacional.


ISRAEL/EMIRADOS - Omã declara apoio a acordo "histórico" entre Emirados e Israel


Omã expressou hoje o seu apoio ao acordo "histórico" negociado pelos Estados Unidos que prevê a normalização das relações entre os Emirados Árabes Unidos e Israel, anunciou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do sultanato.

© Reuters

14/08/20 11:13 POR LUSA

"Esperamos que esta decisão ajude a estabelecer uma paz completa, justa e duradoura no Médio Oriente" e que "esteja ao serviço das aspirações de todos os povos da região", acrescentou o responsável, citado pela agência oficial de notícias Oman News Agency (ONA, em inglês).

O porta-voz referiu ainda deseja que o acordo "sustente os pilares da estabilidade e segurança" na região "para a promoção do progresso e da prosperidade de todos os países".

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou na quinta-feira que Israel e os Emirados Árabes Unidos concordaram em estabelecer relações diplomáticas plenas, como parte de um acordo para impedir a anexação israelita de terras ocupadas pelos palestinianos.

O anúncio torna os Emirados Árabes Unidos (EAU) o primeiro Estado do Golfo Árabe a estabelecer relações diplomáticas com Israel e apenas a terceira nação árabe a fazê-lo.

Donald Trump partilhou na rede social Twitter uma declaração dos dois países, reconhecendo o acordo.

Após o anúncio de Trump, Israel e os Emirados Árabes Unidos divulgaram uma declaração conjunta em que se refere que delegações dos dois países vão reunir-se nas próximas semanas para assinar acordos sobre voos, segurança, telecomunicações, energia, turismo e saúde.

Os dois países vão também estabelecer uma parceria no combate à covid-19.

"A abertura de laços diretos entre as duas sociedades mais dinâmicas e as economias mais avançadas do Médio Oriente vai transformar a região, estimulando o crescimento económico, aprimorando a inovação tecnológica e estreitando relações entre as pessoas", lê-se no comunicado assinado por Netanyahu e o príncipe herdeiro do Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, o governante dos Emirados Árabes Unidos.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, também elogiou a iniciativa, que caracterizou como "uma conquista notável para dois dos Estados mais progressivos e tecnologicamente avançados do mundo, que reflete a visão regional compartilhada de uma região economicamente integrada. Ilustra também o compromisso em enfrentar ameaças comuns, como nações pequenas, mas fortes. Bem-aventuradas são os pacificadores".

Entre as nações árabes, apenas o Egito e Jordânia têm laços diplomáticos com Israel. A Mauritânia reconheceu Israel em 1999, mas depois cortou relações, em 2009, devido à guerra de Israel em Gaza.


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