Por bambaramdipadida.blogspot.com
Será que a história se repete? O martirizado povo guineense não vislumbra, para já, em termos de estabilidade política, para os tempos vindouros, luz ao fundo do túnel.
Em Março de 2005, estávamos a três meses das eleições presidenciais marcadas para 19 de Junho daquele ano, altura, justamente, em que o ex-Chefe de Estado, “Nino” Vieira, exilado em Portugal desde 1999, é anunciado seu regresso ao país, através do empresário português Manuel Macedo. Estava-se em fase dos preparativos e contactos quer com Lisboa quer com Bissau para que o antigo chefe de Estado guineense pudesse regressar, na segunda semana de Abril, com segurança ao país.
O regresso do ex-Presidente, em data das eleições presidenciais, parecia pensado com minúcia. Na altura, ninguém quis adiantar nada a respeito. Dizia-se que o objectivo não visava "perturbar" o momento político no país.
O empresário Manuel Macedo, seu “amigo de peito” dizia, inclusivamente, que o regresso do ex-presidente à Guiné-Bissau, não tinha qualquer conotação política. E que "Nino" Vieira não guardava rancores nem ressentimentos de ninguém e que perdoava a todos os que estiveram contra ele no contexto da altura (conflito militar de 1998/99"). Ainda afirmava que Nino Vieira não pensava no passado, só pretendia olhar para o futuro e "tomar conta da mãe, que está muito doente”.
Carlos Gomes Júnior., repetiu praticamente as mesmas palavras, sem ter, contudo, mencionado a necessidade de “tomar conta da mãe”.
Os principais promotores do “Movimento Aspiração” destinado a recolher assinaturas para o regresso de "Nino" Vieira ao país, na pessoa do senhor Jorge Pinto e Alice Ferreira, anunciaram ter sido recolhidas mais de 30.000 assinaturas, o que para eles significava prova da vontade do povo guineense no regresso de “Nino” Vieira ao país, para se integrar ao processo de reconciliação em curso do qual não podia estar ausente. O Movimento de Apoio ao Carlos Gomes Júnior também recolheu assinaturas, mas não as divulgou até a presente data.
Com o crescente número de subscritores, começou a fazer sentido para os promotores do movimento “Manifesto de Aspiração”, candidatura de “Nino” Vieira, tratando-se de um cidadão de pleno direito.
Jorge Pinto que coordenava o “Manifesto” dizia, preto no branco, que, "Nino" Vieira não constituía qualquer perigo para a unidade nacional, uma vez que nada pende na Justiça sobre o ex-presidente. Até chegar ao país, o ex-Chefe de Estado não se posicionou se seria ou não candidato às eleições presidenciais de 19 de Junho de 2005. Mas, isso não impediu que o “Manifesto” o considerasse como um potencial candidato e que nada o podia impedir, como cidadão, de se apresentar na corrida.
Garantido pelo Procurador-Geral da República, Dr. Octávio Alves, de que não existia qualquer acção judicial (motivos jurídicos) que impedissem o regresso de “Nino” Vieira, o Coordenador do “Manifesto”, Jorge Pinto, afiançava que a eventual candidatura do ex-chefe de Estado nunca iria colidir com a escolha de Malam Bacai Sanhá, feita pelo PAIGC, como candidato a apoiar na votação de 19 de Junho daquele ano.
Contudo o “Manifesto” admitia a existência de algumas pessoas que não desejavam o regresso do ex-presidente, nomeadamente dentro do próprio PAIGC, tal como dizem os boatos hoje. Pois alegavam que a decisão de candidatura do ex-Chefe de Estado podia pôr em causa a estabilidade nacional e "abalar" a estratégia do partido governamental (PAIGC) delineada, na altura, pelo seu líder e primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. Ironia do destino: hoje, quem está na pele de Carlos Gomes Júnior é o Presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira.
"DONA MARIANA
TÉ PA BU BINBA KOBRA
MINDJOR BU BINBA MANHOKA
MANHOKA BOKA MOLE
KOBRA MITINU MEDU..."
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