Por Fernando Casimiro
Há países e Organizações Internacionais que estão directa ou indirectamente, a projectar e a incentivar uma rebelião na Guiné-Bissau, com consequências imprevisíveis, por via dos seus interesses e das suas conveniências, relativamente ao que para eles, é apenas um produto, que tem um custo e um preço a pagar, independentemente do seu Valor, enquanto Estado, quiçá, uma Comunidade Humana que exerce uma actividade política no seu espaço territorial, com soberania, autoridade e coercibilidade, devidamente explanadas na Constituição e nas Leis que sustentam a organização do Poder Político desse Estado.
Como escreveu uma vez, o meu ilustre conterrâneo Dr. Filomeno Pina, "(...) À Guiné-Bissau, não ofende quem quer!" Fim de citação.
Enquanto filho da Guiné-Bissau, faço questão de dizer a esses países e a essas organizações internacionais que, por mais dinheiro que tenham investido alguma vez, na Guiné-Bissau, o retorno desse investimento não pode ser obtido à custa de mais sangue e lágrimas de um Povo farto, cansado, de conflitos, de derramamentos de sangue, de vida miserável a que tem sido condenado ao longo dos anos, quer por políticos e governantes guineenses, quer, pelas estratégias paternalistas, ou interesseiras de organizações internacionais e países "amigos e parceiros", de conveniência.
Se de facto querem ajudar a Guiné-Bissau e os Guineenses, na busca de soluções construtivas e sustentáveis, face à continuidade da crise política e social iniciada em 2015, então, sejam IMPARCIAIS, ISENTOS e deixem no baú da memória colonial, o sentimento e a visão expansionista e paternalista.
A Guiné-Bissau é um Estado frágil, sim, por culpa de muita coisa e de muita gente, entre guineenses e estrangeiros, mas também, de organizações internacionais e países que têm tomado partido pelas partes das crises, quando deveriam, querendo ajudar, no bom sentido, ter posicionamentos de respeito para com a soberania da Guiné-Bissau, quiçá, para com os seus órgãos do poder, e, sobretudo, para com o Chefe do Estado.
Não é admissível, que representantes de Organizações Internacionais e de Estados devidamente identificados, acreditados na Guiné-Bissau, perante o impasse na Constituição da Mesa da Assembleia Nacional Popular, no pós eleições legislativas de 10 de Março último, se intrometam de forma tendenciosa, parcial e explosiva, afrontando particularmente o Presidente da República, relativamente a matérias que são da sua competência constitucional, ignorando todos os ataques de figuras com responsabilidade política e partidária, ao Chefe de Estado, e numa incitação à violência e à eliminação física do Presidente eleito de um Estado onde foram acreditados.
Desde quando uma organização internacional, ou um qualquer Estado, deve intrometer-se em assuntos que têm que ver com a Constitucionalidade e a Legalidade de um Estado soberano, se os Direitos Fundamentais não forem beliscados, tendo em conta a Declaração Universal dos Direitos Humanos?
Provavelmente algumas pessoas dirão: então este fulano diz que é candidato às eleições presidenciais na Guiné-Bissau e atreve-se a criticar as organizações internacionais e países amigos e parceiros da Guiné-Bissau?
Obviamente que me atrevo, em defesa do meu país, sem que isso signifique atacar qualquer organização internacional ou país amigo e parceiro da Guiné-Bissau.
A Guiné-Bissau e os Guineenses (eu incluído) sabem dar valor e importância à Parceria que tem funcionado como Ponte para a Estabilidade e o Bem-Estar das nossas populações, por via dos diversos Projectos das Organizações Internacionais e de Países Parceiros, porém, longe da interferência político-institucional, em matérias de soberania do nosso Estado.
O que quero chamar atenção, é para a constatação de um clima de interferência tendenciosa, de parcialidade e desrespeito pela soberania nacional, por parte de diversas organizações e países parceiros da Guiné-Bissau, num momento em que, a haver alguma interferência/pressão, deveria ser no sentido de apaziguamento de mais uma crise, mais um bloqueio político, institucional na Guiné-Bissau e, pelo que temos visto, lido e ouvido, infelizmente, tem sido no sentido oposto, motivando uma parte da crise a avançar com estratégias de "FORÇA" por via de um claro proteccionismo de organizações internacionais e países parceiros.
Será que essas organizações e esses países estão de facto cientes das consequências que essa motivação pode ter no incentivo à violência e a uma guerra civil na Guiné-Bissau?
Será que essas organizações e esses países pretendem intervir militarmente na Guiné-Bissau, ao empurrarem uma das partes da crise para a frente da linha de guerra, quando o mais sensato seria terem promovido uma estratégia de sensibilização, de diálogo e concertação entre todas as partes da crise?
É que o conceito de Estado atribui a cada Estado, o Poder da Autoridade e da Coercibilidade, bem como, aos Cidadãos, Direitos e Deveres.
Será que algumas organizações internacionais e alguns países parceiros da Guiné-Bissau, têm sido ao longo de 46 anos, os principais promotores das crises políticas e institucionais na Guiné-Bissau, por via dos seus "agentes locais"?
Positiva e construtivamente.
Didinho 08.06.2019
sábado, 8 de junho de 2019
Será que algumas organizações internacionais e alguns países parceiros da Guiné-Bissau, têm sido ao longo de 46 anos, os principais promotores das crises políticas e institucionais na Guiné-Bissau, por via dos seus "agentes locais"?
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ResponderEliminarSim, reconhecido. O autor deste cá comentado presente artigo, como já tive a oportunidade de o frisar num outro meu “post”, é um dos mais assíduos ideólogos do atual regime JOMAV. Um dos inventores com muita euforia, sobretudo, a partir do mês de Abril de 2016, com muita engenhosidade das artes de falsidade ou pela ignorância pura e simplesmente, dos mecanismos procedimentais do funcionamento interno de qualquer parlamento das democracias modernas do mundo dos nossos dias, dos conceitos/expressões de “NOVA CONFIGURAÇÃO PARLAMENTAR”, “NOVA MAIORIA”, “ANP EPICENTRO DA CRISE” etc. Tendo (co)encorajado assim o nosso atual S. Exa. So Presi, Dr. JOMAV, a criar inconstitucionalmente, 4 Governos da sua Iniciativa pessoal, na situação de uma Maioria Absoluta saída das urnas, integralmente e plenamente implantada na ANP.
EliminarAo impasse que se assistia na altura, por exemplo, no nível do Órgão da Plenária da ANP, estendido a nível do Órgão da Comissão Permanente, e em face da decisão do Acórdão n° 3/2016, favorável a posição então defendida pelo Sr. autor deste artigo cá comentado, ouvia-se este mesmo afirmar, cito: “ESTÁ-SE A PERDER APENAS TEMPO, POIS, O ACÓRDÃO Nº3/2016 É PARA SER ACATADO E NÃO PARA SER PROMOVIDO A DEBATE POLÍTICO E SOCIAL, MESMO QUANDO DELE SE DISCORDA”. Fim da citação (cif.: http://7ze.blogspot.ch/2016/04/nova-configuracao-parlamentar-na-guine.html; 10.04.2016).
Eis o mesmo indivíduo, que, diante de três decisões dos Órgãos Judiciais do nosso país, a saber: o Despacho do Tribunal Regional de Bissau, no caso do processo n° 288/2019, do dia 13.05.2019; a Decisão do Acórdão n° 3/2019 do STJ, do dia 14.05, e; a Decisão do Acórdão n° 3-A/2019, também do STJ, do dia 23.05.2019; todas, EM MESMA MATÉRIA DA CONSTITUIÇÃO DA MESA DA ANP;
olhem portanto a esse mesmo Senhor antes citado, na altura referindo-se a uma situação judicial idêntica; olhem para esse indivíduo que agora vem aí, e, ainda tem a coragem de falar ao público, tem a coragem de falar a nós todos, do “IMPASSE NA CONSTITUIÇÃO DA MESA DA ASSEMBLEIA NACIONAL POPULAR”.
E com que acrobacia demagógica de grande falsidade ainda. Essa de ousar apontar o dedo acusador, aos “REPRESENTANTES DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS E DE ESTADOS DEVIDAMENTE IDENTIFICADOS, ACREDITADOS NA GUINÉ-BISSAU”.
Que gigantesca grande desonestidade intelectual e de muita energia de fabricação de falsidades. Incrível e triste, muito triste.
Obrigado.
Pela honestidade intelectual, infalível...
Por uma Guiné-Bissau de Homem Novo (Mulheres e Homens), íntegro, idôneo e, pensador com a sua própria cabeça. Incorruptível!
Que reine o bom senso.
Amizade.
A. Keita
Nao vale a pena comentar o que o Autor anda comentar ao respeito desta crise porque e triste.
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