Na nossa Rua, denominada Coisa Publica, há uma velha pata, mãe de mais de 40 patinhos, patos e patas, alguns dos quais não respiram sem estarem colados a ela, como se vital fosse, ser filho da velha pata. Porque a catrafulhada de filhos não tem significado avanço à casa do progresso, mamã pata pediu a Deus que no próximo parto, lhe colocasse à cabeça da troupe uns três formados, de modo a que se começasse a dar forma a um instruido e estável desenvolvimento.
Duma tremendissima luta, foram eleitos três patinhos bem piantes e, supostamente, igualmente pensantes. Festa de arromba na rua.
Nos primeiro píos, declarações de amor, inclusão, paz e estabilidade, florearam a Coisa Publica, perfumaram até esgotos e carcomidas ruelas da praça.
Mamã pata, embevecida com o papaguear dos filhos, até deu um pézinho de dança à volta duma mesa seca, que tudo indicava que ia ser coberta, - desde muelas, mistelas e redondas donetes -, por bruxaria nunca vista por elas, mães da nossa Rua.
A todos calou fundo o manifesto – em unissono- dos filhos da pata.
Mas, sem que os filhotes se dessem conta, despontou das suas virgens penas, um dilema que virou algo sob patas de rola-pipa.
Querem saber qual é a coisa, qual é ela? Ok. Aqui vai: Pato Rei, diz que se senta à mesa com mãos enlameadas; Pato Macho, diz que nem imperador mete colher na sopa sem sua permissão, quanto mais, mãos sujas; Pato Crim, jurou e cantou mais alto que o meu jovem sobrinho das cantigas: “Es, nim quil utru, ka na cai”.
Conjugadas estas três patacoadas, a patada, sem ligar bóia a regras, desceu a arena com o unico intuito de apenas um, sair de lá vivo.
Desde esse então, ou seja, de Agosto a este Agosto, progredimos de desgosto a desgosto. Nem santos de rua nem de casa conseguiram o milagre de conduzir os filhos da pata ao entendimento.
Desesperada, a velha pata foi ao Iran mais respeitado da rua, indagar sobre o que realmente querem os seus filhos e com que projecto se sentem identificados.
Sem perder tempo, o Iran esclareceu à aflita pata, com pedagogia e compaixão, nestes termos: “Senhora pata, à muito tempo que no mundo existem Republicas das Bananas, que só servem para dar de comer a meia duzia de gente da pseudo elite do bananal. Mas como “...o sonho é uma constante da vida...”, para os seus patinhos tambem o é, apesar muito naifs. Assim sendo e porque são da mesma entranha, persseguem o mesmo sonho”.
- Mas que sonho é essse? Perguntou a mãe pata.
Com a maior serenidade possivel, respondeu o Iran: - D. Pata, como sabe, na nossa Rua, há uma variedade de banana, que não tem dois donos, quanto mais três. A dita tem por nome BANANA-SANTCHO. Para as ambições dos seus filhos, um paradigma de rua semelhante a esta raça de banana, assenta como luva, daí o seu envolvimento nesta luta fratricida, para fazer da nossa Rua, sua repulica de BANANA-SANTCHO.
Enquanto durava a sessão com o Iran, os filhos da pata trocavam farpas pelas ondas das rádios.
Regressada a casa, a velha tentou reunir os filhos para uma conversa a quatro. Pobre mamã: nem um concordou com o painel sugerido por ela.
Ainda sob tensão, recebeu chamadas do Pato Rei, Pato Macho e Pato Crim, para ouvir dos três a mesma pergunta e dar a todos, a mesma resposta:
- Mãe, que se passa?
- Meu filho, nem BANANAS, nem BANANAS-SANTCHO nascem e se consomem em democracia.
Dentro de dois e três anos, perceberão isso, porque a nossa Rua tem olho, onde poderão ir parar.
Tenham juizo.
Que Cabral vos ilumine.
ED
Fonte: Ussumane Grifom Camará
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