O Presidente da República, José Mário Vaz, entregou esta quinta-feira, 03 de Maio 2018, as 90 viaturas de marca Toyota Prado, zero quilómetro, a deputados da Nação da nona legislatura.
A cerimónia da entrega de chaves de carros ofertados à Guiné-Bissau por Mohamed VI, Rei de Marrocos, decorreu no quintal do palácio da Presidência da República, em Bissau. Os líderes das bancadas parlamentares foram os primeiros a receberem as chaves das mãos do chefe de Estado, seguidos dos restantes deputados da nação, incluindo os quinze deputados dissidentes da fileira da bancada dos libertadores (PAIGC) liderados por deputado Braima Camará, quem recebeu primeiro as chaves em nome do grupo.
As viaturas foram entregues ao Estado guineense no dia 10 de Augusto de 2017 transportados em quarenta e cinco contentores, contendo cada contentor duas viaturas, notou José Mário Vaz.
Nega, contudo, que de Augusto de 2017 a esta data nenhuma viatura tenha sido oferecido ou afeto à Presidência da República, isso em reação a rumores e informações em como as viaturas teriam sido vendidas e oferecidas ou afetas à Presidência.
“Toda a documentação referente a estas viaturas veio em nome da Presidência da República ao cuidado do Srº Cezar Augusto Fernandes, Secretário-geral da Presidência, de acordo com informação que consta na documentação DL N° 769880844”, afirma, sustentando que a cerimónia de entrega das mesmas é apenas uma inciativa voluntária da Presidência em doar os 90 carros aos deputados da nação.
“Temos a consciência de que o número dos deputados eleitos são cento e dois, mas como todos podem testemunhar, temos apenas noventa viaturas e com base num exercício conjunto fizemos a distribuição”, reconhece, indicando que não se pode fazer “omeletes sem ovos”.
Para o líder da bancada dos renovadores, Certôrio Biote o gesto de viaturas é uma oportunidade para os deputados aproximarem-se cada vez mais dos seus eleitores e cumprir com maior facilidade a sua tarefa.
PAIGC EXIGE PRESIDÊNCIA AFETAÇÃO DE VIATURAS A RESTANTES DEPUTADOS DA SUA BANCADA
Apenas os deputados do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo verde (PAIGC) não receberam todas as viaturas oferecidas pelo Rei de Marrocos à Guiné-Bissau.
Em reação Califa Seide, líder da bancada parlamentar do PAIGC, confirma que houve disparidade entre o número de deputados e as viaturas recebidas pelo partido, pelo que exige que a Presidência faça o mais depressa possível para entregar as viaturas a restantes deputados que ainda não receberam, sobretudo os da bancada do PAIGC.
“A bancada do PAIGC que foi penalizada, porque o PRS recebeu os quarenta e um caros que correspondem ao número dos seus deputados e o PAIGC só tem trinta, faltando os restantes”, notou, negando que o seu partido não recebeu nenhuma explicação sobre o assunto e questiona o porquê só o PAIGC.
Neste sentido, adianta que o PAIGC irá depois acionar mecanismos para que os restantes deputados consigam viaturas.
Por: Filomeno Sambú
Foto: Marcelo Na Ritche
OdemocrataGB
CITANDO CAMARADA CABRAL PARA DEMONSTRAR A IMPERTINÊNCIA TOTAL DESTA EXTRAVAGANTE OFERTA DE VIATURAS AOS DEPUTADOS E EM GERAL
ResponderEliminarCamarada Amilcar Cabral uma vez disse num tom, primeiramente muito pessoal e depois geral, referindo-se a um dos aspectos das suas ambições pessoais e a dos outros dirigentes, da melhoria ou não das suas condições de vida ou de se tornarem ou não ricos, o que segue.
Cito, “a nossa luta na Guiné, não é para mim, do ponto de vista material, de melhorar a vida. Se alguma vez na minha vida, voltar a ter na nossa terra, na Guiné ou em Cabo Verde, a vida que eu tinha antes… E mesmo, se os dirigentes da nossa terra amanhã, na Guiné ou em Cabo Verde, viverem tão bem como eu vivia em Portugal, isso quererá dizer que o nosso país é muito rico. Devemos estar vigilantes para não os deixarmos, os nossos dirigentes, viverem assim, porque é uma vida demasiada boa, para um país pobre que tem que trabalhar muito ainda” (A. Cabral, 1979:18, “Análise de alguns tipos de resistência”, Ed. do PAIGC, Imprensa Nacional Bolama, Guiné-Bissau, 136 p.).
Porque caso contrário, continuava ele numa outra ocasião, é criar condições através da autoridade que esses dirigentes e responsáveis terão amanhã na nossa terra graças à autoridade do PAIGC e a do nosso povo, de constituir a camada de uma elite burocrática, cujo interesse fundamental será o seguinte: defender seus privilégios contra os interesses do povo.
Mas que fique claro, continuava ele ainda, dizendo, a ideia fundamental do nosso Partido é que nós não queremos nenhum privilégio para ninguém, contra os interesses do nosso povo. Somos totalmente contra as ambições profundas daqueles que pensam, talvez já hoje, “que a luta está abrir caminho para eles mesmos e as suas famílias ficarem cada dia mais ricos. Isso, digo-vos desde já, é incompatível com os interesses do nosso povo de sair da miséria, da ignorância, do sofrimento em que tem vivido durante séculos na Guiné e Cabo Verde” (A. Cabral, 1971: 19, in: PAIGC, “Reunião do Conselho Superior de Luta [9 a 16 de Agosto de 1971], sobre a agressão à República da Guiné e os acontecimentos ulteriores nesse país, Intervenção do camarada Amilcar Cabral; documento dactilografado não publicado, 30 p. na posse do autor).
Sendo assim, o líder fundador do PAIGC concluía: Nós, os dirigentes, responsáveis e militantes do PAIGC, “na medida em que somos capazes de pensar no nosso problema comum, nos problemas do nosso povo, da nossa gente, pondo no devido nível os nossos problemas pessoais e, se necessário, sacrificando os interesses pessoais, somos capazes de fazer (até) milagres… […] ao serviço da liberdade e do progresso do nosso povo” (A. Cabral, 1978: 155, “III. O nosso Partido e a luta devem ser dirigidos pelos melhores filhos do nosso povo“, in: Arma da teoria: unidade e luta, obras escolhidas, Lisboa, Sera Nova, 2a ed., 248 p.).
Obrigado.
Pelo caminho de Cabral.
Por uma Guiné-Bissau de Homem Novo (Mulheres e Homens), íntegro, idôneo e, pensador com a sua própria cabeça.
Que reine o bom senso.
Amizade.
A. Keita