quarta-feira, 25 de outubro de 2017

XV Fórum da nutrição da OOAS: FADIA CRITICA PROGRAMA DE SAÚDE DA CEDEAO PARA A MUDANÇA DE COMPORTAMENTO SOBRE A NUTRIÇÃO

 O ministro do Estado da Economia e Finanças, João Alage Mamadú Fadia, fez hoje, 24 de Outubro 2017, duras críticas à situação sanitária da região e, em particular, da Guiné-Bissau. De acordo com o governante guineense, a situação sanitária do país e da organização é caracterizada por uma fraca consideração dos determinantes da saúde nas estratégias e políticas do desenvolvimento, tratando essencialmente de elementos como a educação, higiene e o saneamento básico, a nutrição e a comunicação para a mudança do comportamento.

No seu discurso na cerimónia de abertura do XV Fórum de Nutrição da Organização Oeste Africana de Saúde (OOAS), João Aladje Fadia fala da  ausência da colaboração multisetorial, o acesso à água potável, a alteração climática e o rendimento dos agregados familiares que, segundo referiu, estão  associados à fraca apropriação dos programas de saúde da parte da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

João Aladje Fadia realça a importância do evento para as mães e crianças, enquanto um dos mecanismos de excelência capaz de fazer a integração dos povos.

Explica, neste sentido, que sem uma boa nutrição os seres humanos não podem atingir todo o seu potencial e define boa nutrição como o motor para um desenvolvimento sustentável.

O Ministro de Saúde Pública, Carlitos Barai, revela, por sua vez,  que nos anos noventa o fórum funcionava como uma rede de pontos focais da nutrição em África Ocidental com objetivo de proporcionar uma plataforma consultiva, visando resolver problemas nutricionais nas regiões, e mais tarde a rede foi alargada em quinze Estados membros da CEDEAO e mais tarde a Organização Oeste Africana de Saúde (OOAS) assumiu a organização do primeiro fórum nutricional em 2001.

Carlitos Barai realçou o papel que o ministério da Economia e Finanças tem jogado para a melhoria do estado da saúde da população em geral e particularmente a camada mais desfavorecida da sociedade guineense.

Representante do Sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau, David Karr, lembra que a nutrição é um direito fundamental de todos, porque sem uma boa nutrição o corpo e a mente não podem funcionar adequadamente o que prejudica os fundamentos da vida quer económica, social e cultural.

Sublinha, contudo, que África Ocidental apresenta grande número de crianças menores de cincos anos que correm riscos de morte por falta de boa nutrição, sustentando que desnutrição reduz a capacidade de desenvolvimento dos indivíduos tanto cognitiva, física e económica.

Realçando a importância da nutrição no corpo humano, Karr disse que a questão da nutrição está no cerne da agenda dos objetivos de desenvolvimento sustentável adoptados desde 2015, pela Assembleia-geral das Nações Unidas.

Segundo David Karr, os últimos indicadores da nutrição para as diversas formas de desnutrição apontam  que na Guiné-Bissau não se registou nenhum progresso claro em que a taxa da desnutrição continua muito alta.

Para o director adjunto da Organização Oeste Africana de Saúde (OOAS), Laurent  Assogba,  a presença de três membros do executivo guineense na abertura do fórum testemunha o engajamento das autoridades nacionais na realização do evento sobre a nutrição. Reconheceu ainda na sua explanação que a má nutrição constitui uma preocupação mundial em termos da saúde pública, por isso consta como um dos objetivos do desenvolvimento durável que deve ser cumprido.

“Os nossos países deparam-se com dois problemas ligados à má nutrição, nomeadamente: a carência e o acesso aos alimentos. Isso pode ser associado à crise sociopolítica de toda natureza instalada  na nossa região”, notou.

Explicou neste particular que as referidas crises estão  associadas à crise da doença de vírus de Ébola em 2014 registada em alguns países, que, segundo disse, agravou a situação nutricional do grupo vulnerável. Acrescentou ainda que os ataques terroristas no norte da Nigéria, em Mali, Níger e nos outros territórios da sub-região criaram um desafio enorme para responder as necessidades nutricionais das populações deslocadas desses países.

“O Fórum da CEDEAO sobre a nutrição torna-se agora o principal evento em matéria de nutrição na sub-região nos últimos anos, que engloba as redes multisectoriais dos 15 Estados membros da CEDEAO bem como os parceiros nacionais, regionais e internacionais que demonstram os seus interesses em ajudar na resolução da problemática da nutrição”, assegurou o director adjunto da OOAS.

Realçou, contudo, que o fórum oferece uma oportunidade aos países para partilharem as suas experiências sobre a nutrição e não só, como também desenvolver uma visão comum do plano sobre a nutrição para a sub-região bem como passar em revista o nível da implementação das recomendações saídas do último fórum e abordar com os participantes aspectos técnicos sobre as questões chave da sub-região.


O décimo quinto (15) Fórum de Nutrição da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que deve terminar a 27 de Outubro decorre sob lema “Vigilância Nutricional para uma melhor participação e tomada de decisão baseadas em evidências em matéria da nutrição e a segurança alimentar na África ocidental”. O fórum conta com a participação de 15 países da África Ocidental nomeadamente a Guiné-Bissau, Cabo-verde, Senegal, Togo, Serra-Leoa, Nigéria, Níger, Mali, Libéria, Costa Marfim, Gana, Gambia, Benin, Burquina-Faso, Guiné-Conacry. 

Por: Epifânia Mendonça
Foto: Marcelo  Na Ritche
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