A aldeia de Crianças ‘SOS Guiné-Bissau’ pretendem fortificar economicamente cem (100) mulheres, consequentemente cem famílias gabuenses, em três comunidades da cidade de Gabú, através do seu Programa SOS “Empoderamento de Mulheres”. A primeira fase do projeto visa a mudança de mentalidade nesta sociedade do leste do país.
No quadro do Programa, a Aldeia de Crianças SOS Gabú promoveu no último sábado, 22 de julho, uma marcha sob o lema ‘Juntos Contra a Violência Doméstica’, cujo objetivo é defender os direitos das mulheres e proteger direitos das crianças, grupo alvo principal. No cortejo tomaram parte mais de oitocentas (800) pessoas num percurso de dois quilómetros, ou seja, do portão principal de SOS à sede do Governo Regional.
A marcha contou com a presença das autoridades da região, representantes das organizações não-governamentais, assim como das associações juvenis e colectivos das bancadas. A organização do evento previa a participação de oitocentas pessoas, tendo disponibilizado o mesmo número de camisolas, porém muitos participantes ficaram sem camisolas.
O programa com duração de três anos e que já entrou no seu último ano neste mês de julho, foi financiado pelo ‘Big Lottery Funded’ e conta com a comparticipação financeira de SOS UK (SOS Reino Unido), sendo as Aldeias das Crianças SOS Guiné-Bissau, os executores do projeto junto as comunidades de Gabú.
Atualmente, 96 (noventa e seis) famílias beneficiam de Atividades Geradoras de Rendimento (AGR) e estão a exercer ativamente, das quais obtêm poupanças e estão a reverter seus lucros na educação dos filhos e nas contribuições para as despesas diárias da família.
O Coordenador do Programa “SOS Empoderamento de Mulheres”, Mamadu Saliu Djaló disse na sua intervenção que além da capacitação económica, a sua organização pretende capacitar as mulheres sobre os seus direitos e mostrá-las como reivindicá-los, estimulando a denúncias no seio das comunidades. Acrescentou que estão a trabalhar também na área da sensibilização para o abandono da Mutilação Genital Feminina (MGF).
“O programa tem grande aderência e grande aproveitamento. Agora são as mulheres capacitadas que estão a formar outras comunidades e outras mulheres. Hoje quase todas as mulheres sabem dizer seus ou mais direitos que têm, assim como as vias que podem utilizar para resolver os seus problemas. É neste âmbito que realizamos esta marcha, com vista a envolver toda a comunidade na luta por uma só causa. Agora há uma ligação estreita entre as mulheres e as autoridades”, explicou Djaló, quando espelhava o impacto do programa na cidade de Gabú.
Apesar de ser um projeto direcionado às mulheres, os homens também beneficiarão de programas de alfabetização, afirmou o Coordenador. Confessou que o projeto superou as espectativas, ou seja, ultrapassou o indicador traçado. O programa intervem em três comunidades, nos bairros de Sintchã-Ussumane, Douballa e Embalo-Cunda.
COMUNIDADE DE GABÚ APLAUDE PROGRAMA SOS EMPODERAMENTO DAS MULHERES
Uma das beneficiárias do programa e membro do Comité de Bem-estar da comunidade de Sintchã-Ussumane, Maria Luiza Jaló, começou por louvar a iniciativa de SOS em ajudar as mulheres vulneráveis, apontando os apoios na educação, no crédito, na saúde e em géneros alimentícios para as crianças.
Luiza Jaló afirmou que desde o início do programa na comunidade de Sintchã-Ussumane diminuiu bastante a questão da violência baseada no género, como resultado das sensibilizações levadas a cabo pela SOS. Como extensão da sensibilização, foram criados os comités de bem-estar nas três comunidades. Essas estruturas são responsáveis pelas realizações de ações de sensibilização semanais sob monitorização dos responsáveis do projeto.
Jaló disse ainda que a única queixa que têm para fazer tem a ver com a morosidade da justiça, quando as mulheres decidem levar seus problemas a justiça, pedindo neste particular o acelerar dos processos das mulheres nos tribunais do país.
O programa da SOS tem uma componente de promoção da justiça, em que apoia financeiramente as vítimas nos custos judiciais, tratamento médico e no tratamento psicológico para a vítima e o infractor.
“O único direito que foi dado às mulheres da Guiné-Bissau é o de dar à luz, mas o resto ainda não foi dado, por isso, pedimos a aceleração dos processos das mulheres na justiça”, reiterou Maria Luiza Jaló, que pediu a prorrogação do projeto e sua extensão para todos os bairros de Gabú.
O ato culminou com encenação de uma peça teatral pelo Grupo de Teatro Oprimido (GTO), onde retrataram a situação de um homem que se casou com uma mulher generosa, mas acabou por traí-la com outra na sua própria cama.
Adulai Bobó Sissé, em representação do Governo regional, assinalou que as autoridades regionais estão a acompanhar a evolução e implementação do Programa “SOS Empoderamento de Mulheres”. De seguida salientou que a questão da violência doméstica continua a ser preocupação do executivo guineense, razão pela qual criou um ministério da família e mulher encarregue de resolver os problemas das mulheres e crianças, em colaboração com o Instituto da Mulher e Criança.
Bobó Sissé manifestou a abertura das autoridades regionais em colaborar na luta contra a violação dos direitos das mulheres na região.
Por: Sene Camará
Foto: SC
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