Jorge Herbert
Estou aqui a pensar que o PAIGC jamais sairá do seu crónico autismo e lá terá que ser o país a livrar-se do PAIGC, porque este PAIGC continua desinteressado ou incapaz de sair do seu crónico autismo.
Infelizmente estou cada vez mais convencido que o verdadeiro PAIGC morreu e foi enterrado com o seu carismático líder Amílcar Cabral, pese a retórica PAIGCista de sempre se referirem e tentarem socorrer-se dos ensinamentos de Cabral, quando se sentem perdidos ou enfraquecidos...
Então o PAIGC reúne-se em jeito de Convenção e daí não sai nenhuma reflexão nem tão pouco alguma conclusão sobre as barbaridades cometidas pelo partido nos últimos quarenta anos e ao bloqueio que impuseram ao país nos últimos dois anos! Das conclusões mais aplaudidas que vi, foi que aqueles que falam e escrevem sobre eles, praticam o "fala-baratismo"! Quase todas as projecções para o futuro que vi, nada fala das transformações projectadas para o seio do próprio partido em Convenção. Apenas falam das transformações projectadas para o país!
O PAIGC continua a querer confundir-se com o Estado e continua a não tolerar as críticas quer as provenientes de fora do partido, como aquelas vindas de dentro.
A solução para as críticas internas e a expulsão desses militantes e a solução para as críticas de fora é a rotulação de "fala-baratismo"!
Depois não digam que não avisei, mas a solução da maioria dos problemas do país tem de passar pela extinção deste PAIGC ou um tratamento sério do seu autismo... Mais uma vez, depois não digam que não avisei!
Felizmente para a Guiné-Bissau e a grande maioria do seu povo eleitor (até à prova do contrário), o autor deste artigo (http://faladepapagaio.blogspot.ch/ 2017/07/paigc-di-bom-bardadi.html#comment-form, acessado, 01.07.2017) não está em condições de poder tornar realidade este seu sonho registado neste mesmo artigo.
ResponderEliminar“EXTINGUIR O PAIGC”. Wau!
Bom, enfim, sabe-se essa coisa de querer ou pretender “EXTINGUIR PAIGC” não é nova. Mas também nem tão fácil. Nada de tudo. E isso todo o mundo bem-avisado, com os pés no chão e conhecedor da nossa história bissau-guineense bem sabe. E sabe-se de que maneira bem isso. Sobretudo os mais ferrenhos e jurados inimigos do PAIGC. Também a grande parte das massas populares nacionalistas deste país (para falar à maneira de camarada Cabral) sabe.
Com efeito, este sonho é de longa data. Veio de um dos mais “Makukus”, ferrenhos e jurados inimigos do PAIGC que a história de humanidade jamais conheceu e conhecerá. O Brigadeiro (advindo General nos solos da atual Guiné-Bissau) António Ribeiro Sebastião de Spínola (vulgo General Monóculos). Foi o primeiro a objetivar publicamente este sonho após ter desembarcado em Bissalanca (aeroporto de Bissau) no dia 20 de Maio de 1968. Disse QUE IA LIQUIDAR O PAIGC E A SUA LUTA TODA EM SEIS MESES (Cif., A. Cabral, 1977: 128, “XII. A situação da luta do PAIGC em Janeiro de 1973“, in: A prática revolucionária: unidade e luta vol. II, Obras escolhidas, Sera Nova, 224 p.).
Mas então, ao embarcar pela mesma porta, 5 anos mais tarde, para a direção contrária, no dia 8 de Agosto de 1973, o discurso já era outro. Já aí, disse o General, falando agora do seu instrumento principal, com o qual pretendeu outrora “LIQUIDAR O PAIGC”, o seu exército colonial de então, forte de 40’000 homens contra os 10’000 do PAIGC; disse então que aquele seu exército estava praticamente à beira do “colapso militar”. E foi-se embora para nunca mais voltar. Força do PAIGC, apoiado pela grande maioria do povo bissau-guineense. E o predito “colapso” não tardou para vir, 25 de Abril de 1974. Outro assunto.
Isso, enquanto a história. Em todo o caso, e aí quem fala é essa história. O PAIGC continuou e continua de vida. Contra todos os ventos e marés. Tendo sido sufragado pelo povo eleitor bissau-guineense, nos últimos 23 anos, da instituição e implantação definitiva do atual Regime Democrático vigente no país, num total de 5 rondas de atos votivos. Com os seguintes resultados.
Uma maioria absoluta em 3 das 5 rondas: (1) – 1994, 62 assentos na ANP sobre 100; (2) – 2008, 67 sobre 100, e; (3) – 2014, 57 sobre 102. Uma maioria relativa em 1 só vez, 2004: 45 assentos sobre 100. E finalmente, uma derrota (honrosa, porque tendo sido o 3º Partido mais votado), também em 1 só vez, 1999: 24 assentos sobre 102. Tudo, num universo concorrencial de entre uma dúzia e mais de vintena de Partidos políticos legalmente instalados.
Então, é este Partido que o autor deste cá comentado artigo quer liquidar. Na democracia!? Assim pura e simplesmente. Como? Democraticamente? Bom então que venha. Porque até o momento deve ser favorável. Pois dentro de alguns meses lá estará a Guiné-Bissau de novo a caminho das eleições.
Ou quer implementar o seu projeto de liquidação por outros meios? Bom, viu-se o acontecido com o General Monóculos Spínola. Não conseguiu e ainda por cima passou muita vergonha. Outro assunto.
Em todo caso, que este autor saiba, e mais outros que têm vindo a bater nesta mesma tecla novamente nos últimos tempos, as suas mensagens estão acolhidas. Democraticamente. E a ver vamos. Que se preparem melhor do que o Spínola. Um conselho, e não um aviso. É simples conselho.
Obrigado.
Que reine o bom senso.
Amizade.
A. Keita