domingo, 16 de abril de 2017

O CONSUMISMO PASSIVO, O PIOR PROBLEMA DA NOSSA MÍDIA!


A nossa mídia – talvez pelo baixo nível da maioria dos seus agentes – se transformou na autentica industria de consumo, em vez da (industria) de produção da "notícia". Ela simplesmente virou a caixa de ressonância da sociedade doentia (pelas guerrinhas políticas) a que se transformou a nossa; a nossa mídia não processa as informações, quiça mesmo, fazer uma análise crítica com vista a apurar a vericidade ou não dos fatos que lhe caiem na messa (...) enfim, podemos concluir que existe um vazio tremendo em matéria de "jornalismo de investigação" no país. Ninguém tem tempo para gastar atrás da veracidade duma notícia, se chegou juntos à nós é porque é notícia e, o pior, é porque é verdade.

A nossa fresca memória ainda guarda o triste caso de "rapto de crianças". Estávamos no meio duma transição política conturbada patrocinada pela CEDEAO, onde o papel da Nigéria era relevante e haviam gentes que entendiam que se tratava de um processo que os afastavam da governação do país e tudo, inclusive manchar o bom nome da pátria, era necessário para levar a cabo com vista a sabotar o tal processo e, tendo em conta que o perfil de consumista passivo da nossa mídia se encaixava perfeitamente nos seus planos maquiavélicos e diabólicos, se aproveitaram dela (a mídia) para lançar o boato e incriminar os cidadãos nigerianos de serem os supostos raptantes e vendedores de orgões humano, para assim desacreditar a Nigéria ao mundo e forjar a retirada da força da ECOMIB no país, cuja presença incomodava os seus planos maiores. Quem não se lembra do vexame que a apresentadora Adá colocou o país naquela fatídica manhã?

Há ainda outro fato (o de narco-Estado por exemplo) que podemos trazer aqui para ilustrar o quão a nossa mídia é cegamente conduzida por panfletos, muitas das vezes elaboradas nos sedes partidários, com intuito de fazer manchar a honra alheia ou tirar certo proveitos políticos.

A Guiné-Bissau, o que não segredo para ninguém, vive há dois anos numa crise sem precedente na sua jovem democracia e, todo o mundo sabe o quanto essa crise tem dividido os guineenses. Cada um cose com a linha que achar melhor. A mídia – embora uns fingem muito bem – também não é exceção. Aquando do primeiro governo da presente legislatura, logo que se declarou a guerra entre a primatura e a presidência, assistimos como o que tem monopólio das imprensas estatal tem lidado com elas; vivemos o mesmo com o governo de Carlos Correia, de Baciro Djá e agora com este de Umaro Sissoko. Cada um faz delas o meio para sujar o outro e fazer passar a sua verdade. Quanto as imprensas privadas, aí o demônio tem cara de santo. Se escondem na capa de "autonomia" para – duma forma camuflada – fazer o serviço para ala que os sustentam. É a verdade que não podemos negar, embora as pessoas fazem de tudo para parecer o contrario. Mas não somos idiotas. Basta ver como falam das notícias de ambos os lados no atual certame político, dão mais enfase a um em relação ao outro.

Se a mídia não preparar os seus agentes (jornalistas) dentro das linhas deontológicos como podem exigir o cumprimento deontológico a um simples apresentador (como me aconteceu recentemente)? Só pode ser uma aberração!

Creio que a imprensa tem um papel fundamental no processo da democratização de qualquer país; tem papel importante na promoção da paz e da estabilidade, assim como, na formação e informação da população, por isso é lhe negado o luxo de não se preparar para esse desafio. Porém, se falhar com a sua missão poderá levar o país inteiro à caos como foi o caso da Ruanda.

A mídia deve entender que "são os fatos que fazem a notícia" e não o contrario. Daí há toda uma necessidade de avaliação rigorosa da vericidade dos "fatos" que nos chegam, sobretudo se se tratar de fatos ligados à uma crise complicada como a nossa, todo o cuidado é pouco; e, muito mais ainda se tratar de assuntos – insinuações - na qual nossos partidos e políticos são especialistas.

Gostaria de deixar bem claro que este artigo nada tem a ver com os recentes acontecimentos no país na qual a nossa mídia se destacou por infelicidade, mas sim, um exercício que acho pertinente para ajudar na moderação do debate nacional, só!

Fonte: Ussumane Grifom Camara Matchom via facebook

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