segunda-feira, 7 de outubro de 2024

7 de outubro de 2023: o dia do massacre do Hamas contra Israel

Militantes do Hamas raptam uma mulher israelita de um kibutz para a Faixa de Gaza, 7 de outubro de 2023.Hatem Ali / AP

Catarina Solano de Almeida  sicnoticias.pt

Cronologia do dia mais mortífero em Israel desde a sua criação em 1948.

O ataque dos comandos do Hamas infiltrados no sul de Israel a partir de Gaza na madrugada de sábado, 7 de outubro de 2023 foi de uma escala sem precedentes. Foram lançados milhares de rockets contra território israelita, militantes islâmicos furaram barreiras e entraram em comunidades perto da Faixa de Gaza, matando residentes e fazendo reféns.

Mais de 1.200 pessoas morreram de ambos os lados, 251 foram levadas como reféns pelo Hamas para a Faixa de Gaza. Israel declarou o estado de guerra.

Cronologia do dia mais mortífero em Israel desde a sua criação em 1948.

Ataque surpresa com uma série de ações em simultâneo

Às 6h29 em Israel (3h29 em Lisboa), o Exército israelita deteta tiros de rockets incessantes lançados da Faixa de Gaza contra localidades israelitas na fronteira.

O Hamas afirma ter disparado mais de 5 mil projéteis no âmbito da ofensiva batizada "Tempestade Al-Aqsa", referência à mesquita Al-Aqsa, terceiro lugar sagrado do Islão situado em Jerusalém-Leste, ocupada e anexada por Israel.

O eficaz sistema israelita de defesa antiaérea "Cúpula de Ferro" entra em ação mas é rapidamente sobrecarregado pela quantidade de rockets disparados aos milhares.

Em simultâneo, combatentes do Hamas - o movimento dirá mais tarde que foram 1200 - precipitam-se sobre a fronteira com Israel em motas, carrinhas, pequenas lanchas e até paramotores.

Utilizam explosivos e escavadoras para atravessar a barreira que separa a Faixa de Gaza de Israel e realizam ataques em cerca de 50 locais, matando indiscriminadamente em kibutzs, em bases militares e num festival de música onde ocorre um massacre e de onde centenas de israelitas e estrangeiros são raptados.

Nos kibutzs, vão de casa em casa e matam moradores. São também acusados de agressões sexuais a uma escala ainda difícil de avaliar.

Um relatório da ONU divulgado em março deste ano concluiu que "há boas razões para acreditar” que a “violência sexual” foi cometida em “múltiplos locais” no dia 7 de outubro, “incluindo violação e violação em grupo, em pelo menos três locais”.

Exército israelita demora a reagir

Às 8h30, os comandos invadiram seis bases militares: em Erez, no extremo norte da Faixa de Gaza, Nahal Oz, em frente à Cidade de Gaza, outras duas perto do kibutz Be'eri, uma em Reim, no centro da Faixa de Gaza, e duas mais a sul, perto da fronteira egípcia.

Os residentes dos kibutzs perto de Gaza foram obrigados a defender-se contra os atacantes do Hamas durante horas, uma vez que o exército israelita demorou a chegar. Mais tarde, contaram que se refugiaram em abrigos enquanto os combatentes tentavam arrombar as portas, ou pegaram nas armas que tinham e correram para as ruas para tentar repelir os ataques.

No festival de música Nova, onde se encontravam cerca de 3.000 pessoas a poucos quilómetros da Faixa de Gaza, o Hamas atacou durante horas e matou pelo menos 370 pessoas, segundo dados oficiais israelitas.

O exército israelita confirmou oficialmente por volta das 18h00 que “soldados e civis” foram raptados pelo Hamas e levados para a Faixa de Gaza.

No kibutz Be'eri, uma das comunidades mais afetadas, os primeiros reforços israelitas chegaram “a partir das 13h30”, segundo um relatório do exército. Uma divisão completa do exército interveio às 16h15 para organizar uma evacuação coordenada dos sobreviventes e recuperar o controlo do kibutz.

Reféns israelitas e estrangeiros, incluindo lusodescendentes

No total, 251 pessoas foram feitas reféns, 44 no festival Nova e pelo menos 74 no kibutz Nir Oz. Alguns, incluindo soldados, já estavam mortos quando foram levados para Gaza, segundo o exército. Podem ter sido mortos por fogo amigo, nomeadamente no kibbutz Be'eri, onde testemunhas disseram que um tanque disparou contra uma casa onde 14 pessoas estavam sequestradas por combatentes do Hamas.

Israel declara o estado de guerra

Às 10h39, Israel começa a bombardear incessantemente Gaza, um pequeno território palestiniano governado pelo Hamas desde 2007 e onde vivem 2,4 milhões de habitantes.

Às 11h34, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declara num discurso televisivo: “Estamos em guerra”.

À tarde, o exército israelita convoca 360 mil reservistas para reforçar um exército que conta com 170 mil soldados: recrutas que cumprem o serviço militar obrigatório e soldados de carreira.

Ao cair da noite, continuam as buscas por possíveis homens armados do Hamas em território israelita, enquanto civis aterrorizados ainda estão trancados nas suas casas e as ruas desertas.

Só a 10 de outubro é que o exército israelita anuncia ter recuperado o controlo de todas as localidades do sul de Israel atacadas pelo Hamas.

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