Reflexão sobre o dia 24 de setembro de 1973
É sempre importante lembrar dos eventos históricos em que nossos avós, através da unidade nacional, enfrentaram os invasores fascistas colonialistas Portugueses no nosso território nacional numa luta sanguenta por 11 anos, com milhares de vidas perdidas. Após a merecida vitória singular, o comandante João Bernardo Vieira, na primeira Assembleia Nacional, proclamou solenemente a nossa independência em Lugajole, no setor de Madina do Boé. Mesmo assim, depois de 51 anos da nossa independência e o nosso território livre até 25 September 2024, mas, 88% de cidadãos Guineenses não tem condições de fazer três refeições por dia!
É fácil ver um político corrupto, com apartamento em Portugal, dizer de boca cheia "Feliz 24 de setembro!". Mas por quê? O objetivo que levou nossos avós à luta pela Independência Nacional não era para que, depois, falsos políticos roubassem dinheiro público, guardassem em bancos ocidentais e comprassem apartamentos em Portugal e outros países. Para celebrar o 24 de setembro, é preciso ter decência e moral. Homens corruptos e suas famílias não têm moral para celebrar essa data, pois não são dignos da causa nacional!
Os objetivos, razões e valores da luta pela independência eram: liberdade, trabalho, justiça, dignidade, transparência e honestidade na administração pública. Homens corruptos não podem andar de cabeça erguida em nossa Pátria! Por isso, continuo a encorajar, motivar e incentivar a nossa juventude para que promova uma mudança na liderança política do País. Ouvi discursos repletos de orgulho criminoso, de figuras políticas que transformaram o nosso Estado em algo degradante. Nossa independência vai muito além das manchetes corruptas. Os discursos sobre a nossa independência deveriam ser manifestados através de ações culturais concretas e por organizações sociais, pois o sacrifício dos nossos avós, que lutaram para garantir nossa liberdade, não pode ser em vão. Sacrifícios incalculáveis, que deveriam ter sido utilizados para o desenvolvimento nacional e progresso do País, hoje são empregados no roubo do dinheiro público, que é enviado à Europa. Isso significa que os objetivos da luta nacional foram desperdiçados para sustentar corruptos residentes, envolvidos numa estúpida guerra política contra a civilização humana. Esses corruptos são os responsáveis pela miséria e injustiça no nosso País.
Embora o processo da nossa independência tenha um alcance mundial e seja fruto de uma luta singular, seu peso se fez sentir mais densamente em países novos do terceiro mundo, onde as criações das épocas anteriores não tinham sido profundamente assimiladas, e as raízes da civilização humana podiam ser mais facilmente cortadas. Em Portugal, dessa década em diante, os progressos da barbárie talvez tenham sido mais rápidos do que em qualquer outro lugar, destruindo com espantosa facilidade as sementes de cultura que, embora frágeis, vinham dando frutos promissores. Invadiram o nosso país, exterminaram nossa população e nossa cultura. Sei que essa comparação entre as épocas é impossível, ainda mais no contexto das guerras mundiais, e também no período atual envolvendo Ucrânia, Palestina e a Faixa de Gaza em Israel. A pobreza, desigualdade social e a corrupção são crescentes e estão a destruir o nosso País. Chamar isso de "crise" é absurdo; é impossível acreditar nessa narrativa, ou sequer afirmar que se trata de uma decadência política — na minha opinião, isso não passa de otimismo delirante. A cultura guineense tornou-se a caricatura de uma farsa política permanente. É algo oco, disforme, doente e risível.
A inteligência emocional da nossa juventude anda enfraquecida diante da necessidade de mudança. O que prevalece é o fanatismo e o dinheiro. No fim, não temos saúde, e cada cidadão guineense pobre vive com menos de um euro ou dólar por dia, enquanto seis demagogos corruptos acumulam mais riqueza do que o Estado possui em seu tesouro público. Essa é nossa peculiaridade horripilante: quanto mais você perde, menos percebe a ausência da riqueza nacional. O homem guineense inteligente, afeito a estudos profundos, ao chegar a Bissau e ingressar nos partidos políticos corruptos, se emburrece na hora. Cansado, nervoso ou maldormido, sente dificuldade em compreender algo sobre o futuro do país. Aquele que nunca entendeu grande coisa se acha perfeitamente normal quando entende ainda menos, pois esqueceu o pouco que sabia e já não tem como comparar com Amílcar Lopes Cabral! Uma das coisas que mais me deliciam é observar os argumentos vazios dos demagogos, que falam para os analfabetos funcionais do nosso país. É impressionante a seriedade com que as pessoas discutem e pretendem resolver os males jurídicos, econômicos, políticos e administrativos do nosso país, sem prestar a mínima atenção à realidade da cultura nacional, como se a inteligência prática pudesse subsistir inabalável diante dos fatos reais. As forças do atraso não podem falar sobre os objetivos e razões da nossa independência nacional. Portanto, é hora de lançarmos todos os corruptos no abismo. Qual é o nível e qualidade da nossa educação? Alguém consegue compreender o tamanho da minha indignação? Há muita corrupção e violência no nosso país, onde os políticos corruptos falam como se estivessem servindo bem à nossa bandeira nacional.
Concluindo: nosso líder imortal, Amílcar Lopes Cabral, deveria viver até os dias de hoje. Eu gostaria de ouvir o discurso desse gênio sobre o papel da ONU na segurança internacional. Na minha mente, as Nações Unidas são as grandes responsáveis pelas guerras no Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Iêmen, e recentemente pelos bombardeios de Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza! Por que a ONU não impediu os ataques dos EUA em outros países? Mesmo assim, os africanos ainda acreditam que essa organização é o "pai" das leis internacionais. Eu perguntaria a Amílcar Cabral: por que estamos nas Nações Unidas se não somos membros do Conselho de Segurança? Qual é o impacto do nosso Estado nessa organização, já que seu objetivo fundamental é garantir o mínimo de segurança possível para os povos? Em que país essa organização criou segurança?
Rendo minhas homenagens a todos que lutaram pela nossa independência, e àqueles que ainda acreditam em dias melhores e tiveram coragem de enfrentar as forças do atraso para impulsionar a mudança na história corrupta do nosso País. Que neste 24 de setembro possamos refletir e lembrar os sacrifícios dos nossos avós. Embora hoje os governantes corruptos não compreendam o sentido moral e superior da nossa luta e independência nacional, minha missão é lutar todos os dias para construir um Estado democrático de direito. Um Estado que promova o desenvolvimento tecnológico nacional e liberte nosso povo desse sistema econômico nocivo e insignificante que mantém uma das maiores desigualdades do mundo contemporâneo.
Juvenal Cabi Na Una.
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