Ousmane Sonko, líder da oposição senegalesa, em Dacar a 14 de Março de 2023. © JOHN WESSELS - AFPPor rfi.fr 30/03/2023
Dacar – A justiça do Senegal condenou o opositor Ousmane Sonko a dois meses de cadeia com pena suspensa num caso de difamação contra o ministro do turismo. Sonko, terceiro candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2019 não compareceu perante o tribunal nesta sexta-feira, 30 de Março. Ele que se arriscava a ficar de fora do escrutínio de Fevereiro de 2024, manter-se-ia, por ora, na corrida rumo à chefia do Estado.
Ousmane Sonko poderia vir a defrontar Macky Sall, chefe de Estado cessante, caso este decida candidatar-se a um terceiro mandato, até agora não previsto constitucionalmente.
Pelo menos os seus advogados assim o defenderam à agência AFP.
Não obstante o opositor estar ainda pendente de um outro julgamento, onde é acusado de violação, factos que ele contesta.
No caso agora julgado Sonko, de 48 anos, era acusado de difamação por Mame Mbaye Niang, ministro do turismo.
Para além da condenação a dois anos de cadeia com pena suspensa o opositor foi, ainda, condenado ao pagamento de 200 milhões de francos CFA (300 000 euros).
A justiça prevê que em certos casos de condenação por difamação o réu seja declarado como inelegível.
Sonko, terceiro candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2019, e respectivos apoiantes, denunciavam a instrumentalização da justiça que visaria, supostamente, afastá-lo da corrida rumo à chefia do Estado deixando o caminho livre a uma hipotética nova candidatura de Macky Sall.
O politólogo Henri Labery, em Dacar, realça a popularidade de que Ousmane Sonko beneficia junto da juventude.
"O Ousmane Sonko é, indubitavelmente, hoje uma figura da oposição inédita e principal, é única; diria eu ! Porque ele tem conseguido mobilizar toda a juventude, praticamente, ao lado dele. E se temos em conta que a juventude constitui, praticamente, a maioria dos votantes é um perigo para o poder. E o poder, e o seu chefe, o presidente da república, se mantém, quer manter-se e se posicionar para as próximas eleições de 2024 sabe o perigo que, realmente, corre se o Ousmane se apresentar. Então daí o objectivo... é simples, é fazer com que o candidato da oposição não chegue às eleições."
O politólogo Henri Labery, em Dacar, alega que o presidente cessante já se conseguiu desenvencilhar de alguns dos seus principais rivais potenciais.
"[Macky Sall] já eliminou dois potenciais opositores, que são o Karim Wade, filho do antigo presidente da república, e o Khalifa Sall, que era o líder do partido socialista. Se não tiver outro opositor, que seja, por exemplo, Ousmane Sonko , ele tem o caminho livre para se apresentar e, eventualmente ser eleito. Mas se for com o Sonko às urnas não garanto que ele passe. "
Questionado sobre se a constituição poderia vir a contemplar a hipótese de um terceiro mandato o politólogo alega que "as opiniões divergem", mas que a actual constituição, aprovada há quatro anos prevê dois mandatos. Henri Labery alega estar-se a viver em pleno "autoritarismo" denunciando a "desigualdade da vida democrática que prevalece hoje no Senegal."