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POR LUSA 04/12/23
Um ataque de um drone do exército nigeriano matou e feriu por engano civis que celebravam uma festa religiosa muçulmana numa aldeia do noroeste do país, anunciaram hoje as autoridades locais e militares.
Os muçulmanos que estavam reunidos numa celebração, domingo à noite, na área do concelho de Igabi, no estado de Kaduna, foram "erradamente mortos e muitos outros feridos" pelo drone, "que tinha como alvo terroristas e bandidos", declarou o governador Uba Sani.
As autoridades não confirmaram o número de pessoas mortas.
O escritório da Amnistia Internacional na Nigéria disse que 120 pessoas foram mortas no ataque, citando relatos dos seus trabalhadores e voluntários na área.
"Muitas delas eram crianças [e] estão a ser descobertos mais cadáveres", declarou o diretor da organização na Nigéria, Isa Sanusi, à Associated Press (AP).
A agência noticiosa France-Presse salientou que a maioria das vítimas são mulheres.
"Disseram que, por engano, atiraram uma bomba contra as pessoas", declarou o residente.
Os ataques extremistas e rebeldes têm devastado partes das regiões noroeste e central da Nigéria. As forças armadas do país visam frequentemente os esconderijos dos grupos armados com bombardeamentos aéreos.
Este incidente causou indignação entre os cidadãos, recordando a muitos as alegações de violações dos direitos humanos por parte das forças de segurança nigerianas, que suscitaram a preocupação de aliados ocidentais como os Estados Unidos.
O chefe da divisão do exército nigeriano responsável pelas operações em Kaduna foi citado pelo governo estatal como tendo dito hoje, durante uma reunião de segurança, que a operação com drones era uma operação de rotina.
"O exército nigeriano estava numa missão de rotina contra os terroristas, mas inadvertidamente afetou membros da comunidade", afirmou o major Valentine Okoro, chefe da divisão do exército, num comunicado emitido pelo Ministério da Segurança Interna do Estado de Kaduna.
"Os esforços de busca e salvamento ainda estão em curso" e "dezenas de vítimas feridas foram transferidas" para um hospital para tratamento, disse o Comissário de Segurança de Kaduna, Samuel Aruwan.
A força aérea nigeriana emitiu um comunicado em que afirma não ter efetuado qualquer operação em Kaduna, mas que "não é a única organização que opera drones armados de combate" na região.
Os meios de comunicação social locais informaram que os aldeões fugiram da zona, receando mais ataques de drones.
Ativistas afirmaram que incidentes semelhantes não foram investigados no passado, deixando as vítimas e os sobreviventes sem indemnização adequada ou justiça.
Sani, o governador do estado, disse que funcionários do Governo foram enviados para a aldeia afetada no domingo para se encontrarem com as famílias das vítimas.
"Está a decorrer uma investigação", afirmou.
"Estamos determinados a evitar a repetição desta tragédia e a garantir ao nosso povo que a sua proteção será prioritária na luta sustentada contra os terroristas, os bandidos e outros elementos criminosos", concluiu.
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