quarta-feira, 25 de maio de 2022

África no G20? "Não é uma fantasia", diz presidente da União Africana

© Reuters

Por LUSA  25/05/22 

O presidente em exercício da União Africana, Macky Sall, afirmou esta quarta-feira, em Luanda, que África deve ter um lugar no G20, "não por fantasia", mas pelo facto de o continente ser "entre a 5.ª a 8.ª economia mundial". 

"Como já assinalamos no último consenso africano que tivemos, pedimos também um lugar para a África no G20. Não é uma fantasia, a economia africana representa mais de 2,6 mil milhões de dólares do PIB (Produto Interno Bruto)", afirmou esta quarta-feira o também Presidente da República do Senegal. 

Segundo Macky Sall, África "pode estar entre a 5ª e a 8ª economia mundial e, por isso, nestas reuniões de grande política mundial, África não pode ser um convidado, África tem de participar como membro de pleno direito". 

Para o governante senegalês, que falava esta quarta-feira, no palácio presidencial, em Luanda, no quadro do seu primeiro dia de visita oficial a Angola, o continente africano tem "enormes desafios a suplantar". 

"No domínio da resiliência e o relançamento das nossas economias, constatamos poucos progressos na iniciativa do G20 sobre a suspensão das dívidas, poucos progressos também na realocação das tiragens especiais", realçou. 

Macky Sall sublinhou que a situação se configura em "obstáculos adicionais ao acesso ao crédito em boas condições para os países africanos". 

"Por isso, lancei a ideia de uma agência pan-africana de anotação (financeira) e não importará criar simplesmente esta agência, mas deve haver também uma grande colaboração com as nossas agências internas", argumentou, reiterando a necessidade de África ter lugar no G20.

"Este é um desafio onde temos de levantar cada vez mais as nossas vozes, temos de facto de ter vozes africanas fortes para denunciar essas injustiças". 

"E também levarmos a nossa advocacia a nível destas instituições, por isso, senhor Presidente (João Lourenço) precisamos também da sua voz por África. É isto que eu faço regularmente no quadro do meu mandato na União Africana, farei isso na próxima reunião do OCDE e do G7 em junho próximo", exortou, dirigindo-se ao seu homólogo angolano.

O presidente da União Africana disse igualmente que espera contar com João Lourenço para "levar e amplificar as nossas mensagens como membro do bureau da União Africana". 

Sobre o conflito na Ucrânia, Macky Sall considerou que o mesmo "ameaça gravemente os nossos países com os bens de primeira necessidade e também com a subida de preços".  

"Como falámos durante a nossa reunião é muito importante que África continue a reclamar o fim as hostilidades e, também, continue a permanecer neutra nesta guerra, não entrando em conflitos que envolve o oeste e o leste", rematou. 

Macky Sall também discurso esta quarta-feira no parlamento angolano, que realizou uma sessão solene em sua honra. 

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A União Africana (UA) defende um levantamento de embargos a fertilizantes e cereais russos e ao pagamento de importações em rublos devido risco de "fome generalizada" em África, afirmou hoje o atual presidente, Macky Sall, chefe de Estado do Senegal. 

Numa conversa com o empresário e filantropo sudanês Mo Ibrahim, no âmbito de um Fórum sobre o impacto das alterações climáticas em África, Sall disse que é urgente "um cessar-fogo, permitindo que a Ucrânia reexporte os seus cereais, inclusive para a África e o resto do mundo, mas também autorize a Rússia a vender fertilizantes e cereais".

"Para isso, é necessário levantar as sanções que dizem respeito ao modo de pagamento, pelo menos no que diz respeito a estes produtos [alimentares] vitais para o desenvolvimento de África", vincou...Ler Mais


O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, garantiu que a Rússia continuará a ajudar os países africanos apesar das sanções impostas pelo Ocidente e instou-os a exigir a sua revogação.

um encontro com embaixadores dos vários países de África acreditados em Moscovo, o chefe da diplomacia russa descartou a pressão ocidental no seguimento da invasão da Ucrânia e assegurou: "Continuaremos a oferecer o nosso apoio total e a desenvolver a cooperação mutuamente proveitosa".

Lavrov recordou que as relações entre a Rússia e os países africanos são "tradicionalmente amistosas e se desenvolvem com sucesso", acrescentando que aqueles "sempre tiveram e terão uma parceira confiável e uma amiga na Rússia".

"Sabemos que os países de África estão entre os mais vulneráveis do ponto de vista da segurança alimentar" e que muitos "dependem criticamente das importações de produtos agropecuários da Rússia", referiu Lavrov...Ler Mais


© Jason Alden/Bloomberg via Getty Images

Notícias ao Minuto  25/05/22 

O empresário e filantropo sudanês Mo Ibrahim acusou hoje a União Europeia (UE) de "hipocrisia" por suspender o financiamento à exploração de hidrocarbonetos em África enquanto continua a usar gás da Rússia. 

Durante a abertura de um Fórum sobre as alterações climáticas no continente, Ibrahim lembrou que a Europa já importa metade do gás africano, porém lamentou que "alguns dos nossos amigos do Norte" tenham tomado "uma decisão bastante estúpida na COP26 em Glasgow de parar de financiar projetos de gás em África".

Esta decisão, avisou, vai atrasar o desenvolvimento socioeconómico do continente "para desenvolver os próprios recursos de gás enquanto eles estão a nadar em gás russo e gás africano".

"Isto é totalmente inaceitável moralmente de um continente que coloca os valores no centro de seus projetos", afirmou relativamente à UE, a qual urgiu a restabelecer o financiamento à exploração de gás natural em África.

Além de ajudar o desenvolvimento do continente, o gás natural africano representa uma alternativa ao gás da Rússia que a comunidade internacional quer parar de importar como sanções contra a invasão da Ucrânia por Moscovo em fevereiro. 

"Como consequência dessa guerra, todos na Europa andam agora a correr em busca de outras fontes de gás. Bem, o nosso gás está aqui.

Venham ajudar-nos a tirar aquele gás e resolver o vosso problema", urgiu.

Um estudo da Fundação Mo Ibrahim estima que as reservas de gás em África em 2020 chegavam a 12 biliões de metros cúbicos, recurso explorado sobretudo pela Argélia, Egito e Nigéria, mas também existente em Angola, Guiné Equatorial, Líbia, e Moçambique.

Dados indicam que descobertas de África representou 41% das novas descobertas de gás natural no mundo entre 2011 e 2018. 

Moçambique destaca-se por ter 2,8 biliões de metros cúbicos de reservas de gás natural, quase o dobro das reservas da Noruega, o 8.º maior produtor mundial de gás natural, e quase 40% maior do que as reservas do Canadá, 5.º maior produtor mundial de gás natural. 

A questão foi levantada no primeiro dia de um Fórum organizado pela Fundação Mo Ibrahim sobre os desafios e necessidades específicas de África perante as alterações climáticas para servirem de informação na cimeira climática COP27 em novembro em Sharm El-Sheik, no Egito. 

Segundo o estudo publicado na terça-feira, o continente é o menos industrializado do mundo e responsável apenas por 3,3% das emissões de gases com efeito de estufa, mas uma das regiões mais afetadas. 

Os 10 países mais vulneráveis às alterações climáticas são africanos, incluindo a Guiné-Bissau, sendo o continente vítima crescente de episódios de seca e inundações. 

Entre 2010 e 2022, pelo menos 172,3 milhões de pessoas foram afetadas por secas e 43 milhões por inundações em países como Angola e Moçambique.

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