Por dw.com 13.10.2021Mansata Silá, presidente da Associação Juvenil para Defesa e Promoção dos Direitos Humanos
Continuam a surgir novas formações políticas na Guiné-Bissau, apesar de o país enfrentar várias crises sociais. Observadores questionam a razão da existência de vários partidos e o seu papel no desenvolvimento do país.
Em cerca de três décadas, desde a abertura do multipartidarismo na Guiné-Bissau, foram legalizados perto de meia centena de partidos políticos para uma população de menos de dois milhões de habitantes.
Nas seis eleições legislativas já disputadas no país, desde 1994, só o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da Renovação Social (PRS) sabem o que é ganhar uma eleição.
Numa altura em que o papel das formações políticas tem sido questionado no país, foi legalizado na passada sexta-feira (08.10) o Partido Africano para a Paz e Estabilidade Social (PAPES), o mais novo de todos.
O analista político Rui Landim defende uma reflexão: "O surgimento de vários partidos é a demonstração de vitalidade democrática do país ou é a banalização da vida política onde proliferam partidos por todo lado?"
Dar respostas ao povo
O secretário Nacional para a Comunicação do PAPES, Valdir da Silva, encontra uma razão para o surgimento de mais partidos na Guiné-Bissau.
"Se os partidos que existem não souberem dar respostas às necessidades do povo, obviamente que vão surgir mais partidos, que, com certeza, poderão dar respostas às exigências do povo", explica.
A Guiné-Bissau tem estado mergulhada em várias crises políticas e sociais, como a que se vive atualmente, com a greve, há 10 meses, na função pública, sem uma resposta para o problema.
A isso associa-se outro problema crónico, o facto de nenhum governo resultante de eleições ter completado os quatro anos de exercício, previstos na constituição guineense, em virtude de querelas político-partidárias.
A presidente da Associação Juvenil para Defesa e Promoção dos Direitos Humanos (AJDPDH), Mansata Silá, observa que "mesmo tendo dois ou três ou mil partidos, os resultados desses partidos são os que devem ser medidos".
"Nós temos mais partidos políticos, sem que haja um reflexo de ações desses partidos políticos, no que tem a ver com a representatividade dos cidadãos guineenses, quando o assunto é desenvolvimento da Guiné-Bissau", completa.
Mais partidos a caminho?
A Constituição da República e a Lei-Quadro dos Partidos Políticos não delimitam o número das formações políticas que devem existir na Guiné-Bissau.
"Nós acreditamos que, quando os partidos souberem dar respostas às exigências da população, não há necessidade de novos partidos existirem", salienta Valdir da Silva.
Nas redes sociais circulam informações sobre o nascimento, para breve, de mais uma formação política, com o alto patrocínio do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló.
No entanto, o estadista já veio a terreno refutar tais informações e diz ser contra a proliferação de partidos.
"A Guiné-Bissau tem mais partidos em termos per capita, do que qualquer parte do mundo", diz.
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