Presidente da Guiné-Bissau ameaçou este sábado (07.08) processar judicialmente o advogado e ativista Luís Vaz Martins, que o responsabilizou publicamente pela tentativa de assassínio de que foi alvo.
"Não conheço este senhor e não tenho nenhum interesse em matá-lo. Se ele fez estas acusações vou levá-lo a tribunal para que prove que eu estou por detrás da tentativa do seu assassinato", disse o chefe de Estado guineense, questionado pelos jornalistas sobre a acusação do ativista.
O ativista de direitos humanos e advogado Luís Vaz Martins acusou quinta-feira (05.08), após ter sido ouvido na comissão especializada do Parlamento para a defesa e segurança, o Presidente guineense de ser responsável pela tentativa de assassínio de que foi alvo há oito dias.
Umaro Sissoco Embaló falava aos jornalistas após uma reunião com os régulos de diferentes regiões do país. O chefe de Estado guineense disse também que o ativismo pelos direitos humanos não se faz na sede dos partidos ou a insultas as pessoas nas rádios.
Umaro Sissoco Embaló, Presidente guineense
"Alguém vai beber álcool ou ter com a mulher de outro na rua e, em consequência, envolve-se numa briga e depois dizem que o Presidente o quer matar. Se eu quiser matar tenho formas. Deus deu-me todo o poder hoje e o único poder que não me deu é o de tirar vidas das pessoas, eu sou contra matar", disse.
Umaro Sissoco Embaló frisou também que existem câmaras de vigilâncias por toda a parte da capital Bissau. "Se na verdade aconteceu esta situação, o visado deveria ir à Polícia Judiciária que tem competência de lidar com o assunto do género e não à comissão especializada do parlamento".
Relação com coordenador do MADEM-G15
Na mesma ocasião, Umaro Sissoco Embaló afirmou não ter nenhum problema com o coordenador nacional do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), Braima Camará.
"Qual é o problema que tenho com o Braima Camará? O que é que o chefe de Estado pode ter com o Braima Camará? Por favor deixam isso", disse o chefe de Estado, quando questionado pelos jornalistas sobre a sua relação com o coordenador nacional do MADEM-G15, que apoio à sua candidatura às presidenciais.
"Penso que é preciso compreender uma coisa, com a responsabilidade que tenho nos meus ombros é normal que as pessoas falem mal de mim, porque as pessoas não falam mal apenas do régulo", afirmou.
O Presidente salientou, no entanto, que é triste ver um partido que ajudou a criar, organizar uma reunião para o insultar. "É normal, porque a vida é uma dinâmica", disse, referindo-se a vídeos que começaram a circular nas redes sociais de intervenções de dirigentes do MADEM-G15 durante a reunião do conselho nacional fechada à imprensa.
Apelo feito por Camará
No passado 21 de julho, Braima Camará, apelou à unidade dos guineenses e afirmou que não pode pertencer a regimes que não respeitam as regras do Estado de Direito. "Não vamos promover a ditadura neste país. Eu tenho princípios, e os que me conhecem sabem que tenho convicção, que definitivamente os guineenses têm de entender-se, respeitar o Estado de Direito democrático", disse, apelando ao diálogo, à tolerância e ao fim da violência.
Em resposta, o Presidente guineense afirmou que não é um ditador e que o país é um Estado de Direito, mas que não vai permitir desordem nos partidos que fazem parte da coligação no Governo.
Já no início desta semana, Braima Camará afirmou que respeita o chefe de Estado, que o Madem-G15 apoiou na corrida às presidenciais, mas que não negoceia a sua "liberdade", "independência", o "exercício da democracia, a paz e estabilidade".
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