Texto por: Stefanie Palma RFI
A África do Sul registou pelo menos 72 mortos, no sexto dia consecutivo de violência no país. Os confrontos foram desencadeados pela prisão do ex-presidente do país, Jacob Zuma.
"O número total de pessoas presas é agora de 1.232 e o número de mortes de 72 pessoas", avançou em comunicado o Comando Nacional Operacional e de Inteligência Conjunto.
Protestos violentos na África do Sul já deixaram pelo menos 72 mortos. @Record News
Segundo dados divulgados pela polícia sul-africana, há 45 mortos em Gauteng e foram efetuadas 683 detenções. Por sua vez, no KwaZulu-Natal, leste do país, há registo de 27 mortos e 549 detenções.
De salientar que os protestos violentos tiveram início no final da semana passada depois de Jacob Zuma, antigo presidente do país, se ter entregado às forças da ordem para cumprir a sua pena de 15 meses de prisão.
Jacob Zuma, recorde-se, foi recentemente condenado pelo Tribunal Constitucional por ofensa à justiça ao recusar testemunhar sobre a corrupção que assola o país, da qual é considerado um dos principais protagonistas. O ex-chefe de Estado viu-se forçado a demitir-se do cargo em 2018 devido a um avolumar de acusações. Apesar disso, continua bastante popular junto de certas franjas da população e do seu partido, o ANC.
De evidenciar que o governo já apelou várias vezes à calma e enviou tropas para as zonas onde estão a ocorrer motins, atitude que não parece estar a surtir efeito.
O país tem sido confrontado com uma onda de violência extrema, marcada por várias pilhagens. Os tumultos alastraram-se na noite passada às províncias do Cabo do Norte e Mpumalanga, que faz fronteira com Moçambique e Essuatíni (antiga Suazilândia), segundo noticiou o portal sul-africano News24.
O actual Presidente sul-africano já veio a público falar sobre o assunto e considerou que apesar de "as frustrações e raiva expressas terem raízes políticas, nenhuma causa pode justificar a violência".
De salientar que o país também se confronta com níveis de pobreza e de desemprego importantes. Segundo dados oficiais, mais de 7 milhões de pessoas estão sem trabalho na África do Sul, sendo que a taxa de desemprego, acima dos 30%, progrediu nos primeiros meses deste ano, devido à crise gerada pela pandemia.
Com mais de 64 mil óbitos devido ao coronavírus, a África do Sul registou até agora mais de 2 milhões de infecções, ou seja 37% do total das contaminações do continente, sendo que a sua campanha de vacinação iniciada em Fevereiro abrangeu até agora apenas 4,2 milhões de pessoas sobre uma população de cerca de 59 milhões.
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