O Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados, MCCI - Carta Aberta

Por Sana Cante

Carta Aberta

À Sua Excelência Senhor Primeiro Ministro da Guiné-Bissau, Dr. Aristides Gomes

Excelência,

O Movimento dos Cidadãos Conscientes e Inconformados, MCCI, tem acompanhado e registado com muita indignação o GOLPE de Estado do grupo do Candidato Umaro Sissoco Embalo na qual integram as Forças Armadas e Republicanas do Povo, Ex-presidente José Mário Vaz, PRS, Madem-G15 e outros atores políticos, facilitado pelas forças da ECOMIB da CEDEAO instaladas no país desde 2012 com o objetivo de garantir proteção as instituições democráticas e seus titulares.

Na sequência disso, o MCCI vem lembrar a Vossa Excelência da responsabilidade que tem perante o povo guineense em garantir segurança e estabilidade governativa, além da boa Governação, missão na qual está a progredir negativamente pela impotência revelada na adopção de medidas preventivas ou remediativas deste GOLPE que cada dia se solidifica.

O chefe do grupo dos golpistas com maior naturalidade anunciou publicamente a data do golpe, 27.02.2020, sem que nenhuma medida eficaz fosse tomada até que se efetivou, perante um Primeiro-ministro que ganhou por parte do POVO a alcunha de "Jack Bauer" (em referência ao seriado norte americano 24h na qual esta personagem dá a sua vida em defesa do seu Estado contra todos os atentados) pela veemência e resultado conseguido em impedir o GOLPE de Estado do JOMAV, ex-presidente da República, que tentou diversas vezes derrubar o seu governo e ocupar militarmente as instituições do Estado... mesmo método usado pelo atual grupo, com a mudança apenas de perspectivas psicológicas para confundir a opinião pública nacional e internacional.

Jack Buer, com a Vossa permissão, em quê que ficamos? Ficou reduzido à um Zé-Ninguém? Foi transformado em banana pelos golpistas? Quer fazer o povo acreditar na declaração dos golpistas na qual dizem que o Estado Guineense vai deixar de ser um Estado de Bananas, pela sua inação e ineficácia na reposição da normalidade constitucional?

De qualquer das formas, devemos lembra-lo que em qualquer Estado deve haver uma reciprocidade de convicção, perspetivas, veemência, comprometimento entre o Governante e o Povo para quando o povo é ameaçado o seu governante reaja em sua defesa e vice-versa. Neste caso em concreto, o mais evidente é a decepção que o povo está a sentir perante os seus representantes que foram reduzidos a insignificância pelos Golpistas, traduzidos em autenticos bananas sem capacidade de reação preventiva ou remediativa, expondo a humilhação do Estado Guineense e a sua soberania entregue à vontade da Comunidade Internacional.

Esta conduta, associada à do Eng. Cipriano Cassama, presidente da República interino, renunciante, constitui uma traição ao Estado Guineense e do seu povo por ter conferido mandato e legitimidade aos seus representantes. Aliás, convem destacar a conduta covarde do Presidente da República Interino, que fundamenta a sua renúncia com base em ameaças que recebeu por parte do grupo dos Golpistas, para quem é antigo combatente que jurou defender a soberania nacional e interesses do Povo Guineense se deixa vergar-se aos Golpistas... Não há povo que acredita na seriedade desta história. A única possibilidade aceitável é a probabilidade de ser parte integrante do Grupo dos Golpistas, em detrimento do povo que o legitimou. TRAIÇÃO!

Quando um POVO é maltratado desta forma, as questões que ficam são: para quem deve lutar, quando o próprio Governate não assume nenhum risco em sua defesa? Por que deve lutar, quando o Governante, além de estar no Cargo, não garante a sua permanência para se colocar a altura dos golpistas e dos desafios do desenvolvimento que se requer?

O POVO foi deixado a sua sorte. É nisto que reside o maior perigo à nossa democracia, o nosso Estado de Direito... quando todos ou a maioria julgam que os meios justificam os fins.

A República de salve quem puder. As instituições de defesa e segurança com falência de comprometimento em defesa do Estado de Direito Democrático. As forças são usadas contra o Povo, nunca em sua defesa ou dos seus interesses. Não se compreende todo o aparato de seguranças que são criados aos Governantes que são traduzidos em patavinas num momento como esse. São protocolos disfarçados de seguranças? Ou estão apenas para intimidar o Povo, não propriamente para garantir a integridade dos Governantes e das Instituições que representam?

Excelência, Jack Bauer

Com devido respeito,

Exigimos resultados que garantam a reposição da normalidade constitucional. Adopte as medida que julgar eficiente e conveniente desde que seja célere e a altura de travar esta invasão as Instituições Públicas e ao erário público.

Não esqueça que "ius imperi" é atribuida apenas ao Estado... portanto, apenas ao Estado cabe usar forças para travar qualquer violência! Nesta perspectica, trabalha na recuperação da coragem do Presidente da República Interino, Eng. Cipriano Cassama, e, em consequência, adoptar medidas conducentes a submissão das FARP e do seu CEMFA ao seu Comando enquanto Comandante em Chefe das FARP, sem descartar a possibilidade da sua demissão e nomeação de um novo CEMFA em caso de desobediência, como medida legítima e proporcional em defesa da constituição e do Estado de Direito Democrático, alguém à altura dos novos desafios republicanos.

Se até aqui não estava a agir, comece agora... considerando que os métodos que utilizou até aqui já se revelaram inoperantes e morosos.

Povo I Ka Lixo!

Bissau, 08 de Março de 2020

O Movimento