sábado, 1 de fevereiro de 2020

IMPRENSA SEMANAL- Sissoco Embaló e os poderosos de África

Entrevista de Umaro Sissoco Embaló à revista Jeune Afrique RFI
Por: Lígia ANJOS

Esta semana a revista Jeune Afrique publica uma grande entrevista com Umaro Sissoco Embaló. "Kadhafi, Macky, Alpha, Blaise, Sassou e eu" titula a revista. Vencedor das eleições presidenciais na Guiné Bissau segundo a comissão eleitoral, o antigo primeiro-ministro expõe, sem rodeios, as ligações que tem com os poderosos do continente africano.

De passagem na capital francesa, Umaro Sissoco Embaló recebeu empresários, comunicadores e familiares, ainda que de forma não oficial... o homem que em Bissau é conhecido pelos apoiantes como "general do povo", em referência às duas estrelas de brigadeiro general, ainda não é chefe de Estado, mesmo se a confirmação do Supremo Tribunal dos resultados presidenciais de 29 de Dezembro é, a seu ver, "uma simples formalidade".

O antigo primeiro-ministro, de 47 anos, descreve ao longo das seis páginas, o percurso académico e político. Licenciou-se em Lisboa, mestre e doutorando em Espanha, fez estudos estratégicos internacionais em Israel. Regressa a Bissau para prosseguir uma carreira militar e torna-se ministro de Estado dos assuntos da Presidência de Malam Bacai Sanhá.

Umaro Sissoco foi consultor no sector privado, primeiro junto de Blaise Compaoré depois com Kadhafi.

Em 2003-2004 cria uma ligação que descreve de "fraterna" com Macky Sall por quem foi acolhido em Dacar durante três anos. Mais à frente na entrevista "Buhari é o meu pai... Conheci o Muhammadu Buhari pela mão de Blaise Compaoré", afirma. O mesmo não acontece com Alpha Condé... com quem mantém uma história complicada.

"Os meus interlocutores são os meus homólogos", afirma Umaro Sissoco que diz já não ter interesse em avistar-se e com simples conselheiros em África. Garante não haver trafico de droga na Guiné-Bissau e declara o fim da república das bananas. Caso a vitória se confirme, "a tomada de posse acontece dias 19 ou 20 e Alpha Condé será convidado. Se ele virá? Só ele sabe", brincou Umaro Sissoco Embaló.

O Courrier Internaciotional publica um artigo sobre Angola e os caprichos de princesa. Em Luanda, centenas de famílias foram desalojadas para construir um projecto lucrativo. Até 2003, em Areia Branca, o bairro que deve o nome à extensa praia, viviam 3000 famílias de pescadores.

Depois dos Luanda Leaks, uma investigação realizada a partir da fuga de ficheiros financeiros da filha do antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no poder entre 1979 e 2017, Isabel dos Santos beneficiou destes terrenos. A empresária angolana contesta e afirma que os grandes projectos não precisaram destas expulsões. Os negócios que desenvolve com o Estado, dirigido pelo pai são regidos por "transparência", insiste Isabel dos Santos, jurando não ter sido "financiada por nenhum fundo público".

Em La lettre de l'Ocean Indien, os Luanda Leaks provocam suores a Moçambique, nomeadamente, aos empresários da empresa Electricidade de Moçambique que rubricaram um contrato com a Efacec de Isabel dos Santos que já prometeu saída imediata da Efacec.

RFI

Sem comentários:

Enviar um comentário