A União dos Trabalhadores da Guiné – Central Sindical (UNTG-CS) exigiu ao executivo guineense o aumento do salário e a definição do salário mínimo nacional que corresponda à tabela praticada no espaço dos oito países que constituem a União Económica Monetária Oeste Africana (UEMOA). A exigência da maior central sindical do país foi tornada pública pelo seu secretário-geral, Júlio Mendonça, numa entrevista exclusiva ao semanário O Democrata, para reagir à decisão do executivo de aumentar os impostos.
O sindicalista acredita que o salário mínimo nacional pode chegar aos 115 mil Francos CFA, por isso sublinhou que continuarão a lutar para que esse valor passe a ser aplicado como o salário mínimo a nível nacional, dado que existem condições para o mesmo. A Central Sindical entregou um caderno reivindicativo ao governo liderado por Aristides Gomes no passado dia 24 do mês em curso no qual constam mais de 25 pontos, entre os quais, a implementação do Estatuto da Carreira docente aprovado pelo parlamento e promulgado pelo Chefe de Estado guineense no mês de dezembro de 2018.
Exigiu igualmente a implementação do estatuto dos magistrados; atualização e implementação de abono de família e redefinição de critérios de atribuição de valores inerentes à assistência médica e medicamentosa aos funcionários públicos; Regularização da situação de todos os estagiários e contratados colocados na administração direta e indireta do Estado, concretamente, Ministérios, Secretarias de Estado, Empresas Públicas e Institutos Públicos; Cumprimento integral do memorando de entendimento firmado com a Federação Nacional de Associação dos Motoristas e Transportadores da Guiné-Bissau em dezembro de 2018 e Cumprimento integral do acordo firmado com os três sindicatos do sector de ensino.
Júlio Mendonça explicou na entrevista que o executivo fez o reajuste salarial há menos de um ano, pelo que decidiu aumentar a taxa dos impostos e ainda pretende aumentar mais impostos. Segundo a sua explanação, isso provocará o aumento dos preços dos produtos da primeira necessidade e que o maior prejudicado será o trabalhador que ganha um salário miserável. Por isso, acrescentou que a organização vai prosseguir a luta para o aumento dos salários dos funcionários públicos bem como a definição do salário mínimo nacional na base de tabela praticada no espaço UEMOA.
O sindicalista disse que a organização que dirige entregou o caderno reivindicativo ao governo no qual constam as exigências feitas e que se forem atendidas, não recorrerão a greves. Porém, se o executivo não atender às suas exigências, paralisarão a função pública. Sustentou que a paralisação pode ser evitada, mas que para isso é preciso que o governo aceite promover um encontro com os sindicatos solicitado desde julho de ano findo, a fim de delinear as estratégias para execução das suas exigências.
Mendonça afirmou que o atual governo tem condições de cumprir os decretos-lei feitos pelo Estado, uma vez que, de acordo com ele, este gere os assuntos administrativos do país como um governo eleito.
Para o sindicalista, os problemas dos professores, ou seja, da educação são problemas importantes para a sua organização sindical. E rematou: se o presente ano letivo for considerado nulo, isso desencadeará uma greve geral, porque não vale a pena trabalhar enquanto os salários são acumulados para financiar atividades políticas nas campanhas.
“O governo não está a respeitar o acordo assinado com os professores no mínimo o pagamento dos salários” acusou, alertando, no entanto, que se governo volta a bloquear o salário deste mês é porque está a comprometer o ano letivo em curso, com atraso de três meses no inicio das aulas nas escolas públicas na sequência de ondas de paralisações levadas a cabo pelos três sindicatos do setor no ensino.
Por: Epifânia Mendonça
Foto: @Democrata
OdemocrataGB
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