sábado, 22 de dezembro de 2018

Editorial: VAMOS DEIXAR DE LADO OS KITS NIGERIANOS E CONTAR A MÃO OS VOTOS ELEITORAIS

A delimitação das fronteiras do discurso político mediático na Guiné-Bissau é uma tarefa muito complexa em virtude da sua fluidez e da heterogeneidade da sua natureza multifacetada e polimórfica. Quando olhamos para o discurso político mediático da nossa sociedade política relativo ao processo de recenseamento eleitoral em curso ou que terminou “com desconhecimento do conhecimento” do seu fim em todo o território nacional e na diáspora, compreendemos melhor a capacidade de circulação e de penetração do discurso político mediático nas instituições da sociedade civil e na nossa esfera pública nacional.

É precisamente esta capacidade de discurso político mediático nacional de contaminar a nossa esfera pública e as instituições da sociedade cívil que agora lançou os ingredientes necessários para excluirmos do nosso processo eleitoral qualquer verdade ou resultado tecnológico que advenha dos kits nigerianos.
Enquanto o discurso político mediático nacional continua a ter marcas de contaminação social na nossa esfera pública e nas instituições da sociedade cívil nacional, a única saída airosa para obtermos um processo eleitoral livre, justo e transparente é deixarmos de lado os famosos kits nigerianos e recorrermos a contagem manual dos votos eleitorais.

No discurso político mediático nacional reinam os interesses legítimos e divergentes da nossa sociedade política cujas contradições quotidianas para a imposição do seu ponto de vista social e política precisam ser compatibilizadas. Esta deveria ser tarefa do chamado P5 que revela claramente um assumir de posições em função dos interesses legítimos e divergentes da nossa sociedade política.

É necessário e urgente que o P5, em particular, a Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental (CEDEAO), assuma a sua responsabilidade de compatibilizar os interesses políticos legítimos e divergentes da nossa sociedade política, elaborando um argumento de real política nacional destinado a esvaziar o discurso político mediático de confrontação de interesses legítimos e divergentes da nossa sociedade política.
É o esvaziamento da conflitualidade dos interesses legítimos e divergentes na nossa sociedade política que conferirá ao discurso mediático do P5, sobretudo à CEDEAO, a credibilidade na nossa esfera pública. Aliás,não somente esvaziar a conflitualidade de interesses legítimos e divergentes da nossa classe política mas também os homens do P5 devem colocar-se à margem de visões políticas e partidárias dos nossos políticos.

Na verdade nunca, na nossa esfera pública, a CEDEAO apresentou de forma clara e inequívoca a sua visão de compatibilização da conflitualidade de interesses legítimos e divergentes da nossa sociedade política. O que assistimos permanentemente são conjuntos de discursos políticos mediáticos dos governantes da CEDEAO, também ele sem apresentação clara de um argumento de compatibilização das pretensões legitimas e divergentes da nossa sociedade política.

O Discurso mediático do P5, em particular da CEDEAO, deveria assegurar a aceleração do ritmo e da intensidade do funcionamento das instituições da República e não a sua desaceleração, causando uma inflação na interpretação do discurso político mediático e politização dos Tribunais nacionais. Um dos grande problemas da CEDEAO tem a ver com a necessidade dela avaliar o real grau do problema dos enunciados do discurso político mediático da nossa sociedade política cuja capacidade de circular e de contaminar a mente dos governantes da CEDEAO para não produzirem argumentos de compatibilização dos interesses políticos legítimos e divergentes da classe política no nosso país é enorme. O que faz com que os governantes da CEDEAO percam os argumentos necessários para compatibilizar os discursos políticos mediáticos de interesses legítimos e divergentes da nossa sociedade política. 

António Nhaga

Diretor-Geral

angloria.nhaga@gmail.com

OdemocrataGB

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