quinta-feira, 28 de junho de 2018

EXCLUSIVO DC - ARROZ BANCOS: PM Aristides Gomes desautoriza verbalmente uma ordem judicial

Três bancos comerciais - ATLANTIQUE, BDU e ECOBANK emprestaram ao BILLO montantes de 2,5 mil milhões de fcfa, 300 milhões de fcfa e 500 milhões de fcfa respectivamente para compra de arroz.

Num primeiro despacho, a justiça deu razão aos bancos e os armazéns foram reabertos. E depois fechados. Ontem, 27 de junho, um despacho judicial ordenou a reabertura dos armazéns:


Contudo, e para espanto dos bancos, a Guarda Nacional apareceu com uma "ordem verbal" (via Adiato Nandigna, ministra das Pescas, que por sua vez a recebeu do primeiro-ministro, Aristides Gomes, que se encontra na Guiné Equatorial).

O colectivo dos bancos, chocado, apresentou à GN o despacho judicial, mas tiveram que ir, todos, para o comando da GN no QG. Lá chegados, confrontaram o comandante desta polícia, o Marna. Este leu e releu. E mandou comunicar o seguinte: "até uma ordem judicial em contrário nada podemos fazer". Mas os armazéns permanecem fechados...

Uma questão de patriotismo

Aristides Gomes, apurou o DC, manteve em pelo menos duas ocasiões, reuniões, em Paris, com a empresa Louis Dreyfus Company. Segundo uma fonte do DC, depois disso o PM "mudou radicalmente" de posição - ele que já teve uma completamente diferente.

Mas há mais. A mesma fonte questiona o facto de, para além de ser primeiro-ministro, Gomes ocupar também a pasta da Economia e das Finanças. "Onde é que está o principio da separação de poderes? O ministério Público é o advogado do Estado, e o PM devia respeitar isso". E acusa: "Isto é uma obstrução à justiça por parte do primeiro-ministro! Agora resta saber em nome do quê ou de quem".

No que toca à empresa Louis Dreyfus Company (o número 1 do mundo em commodities), os bancos acreditam em burla, implicando a própria alfândega. "Pedimos às alfândegas e ao fisco o montante da dívida do Billo. A resposta foi zero". DC sabe que o próprio ministério Público fez os mesmos pedidos - zero resposta. O que é estranho. "É o Estado a lutar contra a sua própria pessoa", diz com visível desânimo.

Os advogados lembram que a Louis Dreyfus Company "não tem um escritório na Guiné-Bissau, não é uma empresa de direito guineense e nunca pagou impostos no país. O Estado já perdeu dezenas de biliões de fcfa em impostos".


Os armazéns permanecem fechados cada um com cinco cadeados. Suspeita-se de um cartel. Eis o que o colectivo de advogados suspeita, na queixa enviada à PJ:





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