O primeiro-ministro da Guiné-Bissau disse hoje que as barreiras à exportação de caju que resultaram de ações ilegais de agentes do Estado já foram eliminadas, mas reconheceu que a campanha deste ano vai ficar comprometida.
Em entrevista à agência Lusa em Lisboa, Aristides Gomes referiu que estas barreiras "não tarifárias" foram "inventadas por agentes da polícia, da guarda nacional" e "perturbavam a atividade económica, particularmente o escoamento de produtos".
"Temos uma certa degradação das instituições do Estado que faz com que quem tenha algum poder aproveita a fraqueza das instituições em proveito próprio", disse, explicando que os agentes do Estado cobravam "valores ilegais aos camiões que circulavam com mercadorias".
"Já eliminámos essas barreiras, teoricamente, agora é preciso na prática verificar e fazer a supervisão para que os resíduos dessas barreiras não continuem a prejudicar a livre circulação de mercadorias", acrescentou Aristides Gomes.
Segundo o primeiro-ministro, além destes problemas, a campanha de caju, principal atividade económica do país, atrasou, em vez de começar em março começou em maio, houve uma praga e uma tempestade do deserto.
"Os prejuízos são enormes", disse, estimando em 14 mil milhões de francos cfa (cerca de 21 milhões de euros) o valor que o Estado perdeu em impostos, referindo que as estimativas de produção desceram de 200 mil para 160 mil toneladas.
Questionado sobre a capacidade atual do país de atrair investimento estrangeiro face às sucessivas crises que a Guiné-Bissau tem atravessado, Aristides Gomes referiu que "além da disciplina orçamental", que "é fundamental sobretudo em países que não têm recursos", é "preciso um acompanhamento político" para criar "as condições ideais para atrair investimento".
O primeiro-ministro referiu que está a ser feito um trabalho nesse sentido, não apenas no país, mas a nível das embaixadas, com o objetivo de a Guiné-Bissau adquirir "maior capacidade de convencer os investidores a irem para a Guiné-Bissau".
"O caminho é bom, agora o ótimo, temos de trabalhar para chegar lá", concluiu.
Aristides Gomes falava à Lusa durante uma escala em Lisboa a caminho de Bruxelas, onde se encontra na quinta-feira com o comissário europeu da Cooperação Internacional e Desenvolvimento, Neven Mimica.
O objetivo desta visita a Bruxelas, acrescentou, é explicar "os avanços" para criar "as condições materiais e subjetivas" para as reformas de Estado que conduzam a Guiné-Bissau "a uma estabilização definitiva em termos políticos".
dn.pt/lusa
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