Um grupo de jornalistas ambientalistas que pertencem à Rede ‘Eco-Jornalistas’ que apoiam a proteção e preservação do meio ambiente, efetuaram de 3 a 5 do mês em curso uma visita de trabalho ao Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, no norte do país, com o intuito de conhecer o parque e interagir com os responsáveis sobre a forma da gestão do mesmo.
Após terem percorrido as diferentes zonas do parque juntamente com os responsáveis locais, ficaram a conhecer o parque e os trabalhos levados a cabo para a sua conservação. Foram unanimes em defender a preservação e a exploração de forma racional dos recursos naturais do país.
A visita dos jornalistas defensores do ambiente insere-se no âmbito do Programa ‘Go-Wamer’ que opera em seis países da costa ocidental nomeadamente Guiné-Bissau, Senegal, Mauritânia, Cabo Verde, Gâmbia, Guine Conakry e Serra Leoa, com a finalidade de apoiar a gestão racional dos recursos marinhos.
ESPECIALISTAS CONSIDERAM TARRAFES DO RIO CACHEU MAIOR BLOCO DE MANGAL CONTÍNUO DA ÁFRICA OCIDENTAL
O Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, no norte do país, foi criado em 2000 e conta com uma superfície total de 88.615 (oitenta oito mil e seiscentos e quinze) hectares. Ainda de acordo com as informações apuradas, a população residente na zona do parque se estima em mais de 28 mil habitantes, distribuídos em 44 tabancas.
O grupo étnico maioritário naquela zona é felupe, 32% do total, seguido dos manjacos, 27% e balantas 21%.
A iniciativa da criação dos parques nacionais pelas autoridades guineenses através das instituições encarregue da sua gestão visa a conservação e valorização dos ecossistemas de mangal e da biodiversidade, bem como definir a política da exploração racional dos recursos naturais para o desenvolvimento do país.
O ecossistema dos mangais, de acordo com os responsáveis do Parque Natural do rio Cacheu, representa 68% da superfície. No entanto, é considerado pelos especialistas como o maior bloco de mangal contínuo da África Ocidental, reconhecido pela sua grande diversidade de fauna, flora e avifauna.
Existem diferentes espécies no parque: grandes mamíferos, hipapótamosmana fim, gazela pintada, assim como uma grande concentração de mais de 250 espécies de aves residentes e migradoras. A nível dos recursos haliêuticos, nota-se, conforme a explanação dos tecnicos, uma grande variedade de peixes e camarões.
O Projecto Go-Wamer zela pela gestão dos recursos marinhos e redução da pobreza na ecoregião, ajudando na gestão durável dos recursos marinhos costeiros para uma segurança alimentar assegurada.
O grupo de 17 jornalistas ambientalistas visitou igualmente o rio São Domingos, para inteirar-se e conhecer a importância dos seis tipos de mangais (tarrafes)existentes naquela zona, nomeadamente: Laguncularia Racemosa, Conocarpus Erectus, Rhizophora Mangle, Harrisoni, Avicénia Germinans e Rhizophora Racemosa. Os jornalistas activistas reuniram-se depois com os pescadores do rio São Domingos, para saber como praticam a pesca e a conservação do pescado.
FERNANDO BIAG: “GUINÉ-BISSAU É UM PAÍS VULNERÁVEL EM TERMOS DE MUDANÇA CLIMÁTICA”
O Coordenador do Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, Fernando Biag, explicou na sua declaração aos jornalistas que o ‘Projecto Go-Wamer’ trabalhou muito na capacitação das mulheres no dominio de tratamento e conservação dos recursos haliêuticos nomeadamente, o pescado, as ostras e na construção dos fogãos melhorados, permitindo assim menor consumo de lenha.
“No quadro do projecto Go-Wamer compramos todos os materiais de trabalho para as mulheres de Cacheu, São Vicente e Cubompor Felupe em São Domingos. Esperamos que haja uma segunda fase do projecto, onde vamos trabalhar com a rede dos jornalistas ambientalistas que optaram por trabalhar nessa área”, referiu.
O responsável do Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu lembrou que, a nível mundial, a situação do ambiente tornou-se numa preocupação séria devido às calamidades naturais que se registam nos últimos tempos.
Acrescentou neste particular que a “Guiné-Bissau é um país vulnerável em termos de mudança climática, porque a dependência das populações dos recursos naturais é um perigo para o país. Por isso há uma necessidade de preservar, conservar e utilizar de uma forma racional os nossos recursos naturais,” aconselha.
BACAR BALDÉ: “É NECESSÁRIO GERIR BEM O QUE TEMOS, PENSANDO NA GERAÇÃO VINDOURA”
O Coordenador da Rede ‘Eco-Jornalistas’, Bacar Baldé, explicou na sua comunicação que desde a sua criação em 2007, a rede mostrou disponibilidade para trabalhar com todas as organizações que operam no domínio de ambiente, de formas a ajudar na sensibilização das populações na mudança de comportamento em relação à natureza.
“É necessario gerir muito bem o que temos, pensando na geração vindoura, fazendo uma gestão partilhada dos recursos que temos no nosso país. É na base disso que estamos aqui na cidade de Cacheu para constatar e termos noção da intervenção do ‘Projecto Go-Wamer’ no país, sobretudo no parque natural dos tarrafes do rio Cacheu”, contou o activista.
Baldé assegurou ainda que a visita permitiu-lhes conhecer a forma como funciona o parque e como os responsáveis do parque interagem com as populações que vivem nas zonas de intervenção do parque.
Acrescentou que a partir daquele momento estavam munidos de informações que lhes permitirão trabalhar afincadamente na formação de opinião pública sobre a protecção e conservação do meio ambiente, particularmente na exploração racional dos recursos marinhos.
De recordar que o projecto Go-Wamer já está na sua fase final, ou seja,no último ano de intervenção no país. A equipa de jornalistas ambientalistas aproveitou a ocasião para visitar o ‘Memorial de Escravatura’ de Cacheu, denominado Baluarte.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: AA
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