terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Guiné-Bissau: Portugal e Moçambique "preocupados" com situação na Guiné-Bissau... Os governos de Portugal e Moçambique condenaram hoje a "tomada do poder pela força na Guiné-Bissau", e manifestaram "preocupação com a evolução da situação no país, uma posição assumida na sexta cimeira bilateral, realizada no Porto.

© Lusa    09/12/2025 

Na declaração final da cimeira, em que participaram o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, os dois governos "reafirmaram o seu empenho no reforço" da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) como "fórum de concertação política e de cooperação no espaço constituído pelos países de língua oficial portuguesa". 

"Neste quadro, condenaram, veementemente, a tomada do poder pela força na Guiné-Bissau, expressando a preocupação com a evolução da situação naquele país parceiro. Apoiaram, de igual modo, as iniciativas que assegurem o regresso à ordem constitucional e a conclusão do processo eleitoral naquele país", refere a declaração final.

Nesta cimeira, ainda na esfera diplomática, "Portugal felicitou Moçambique pelo exercício do seu primeiro mandato como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas", no biénio de 2023-2024.

"Por seu turno, Moçambique reafirmou o seu apoio à candidatura de Portugal para o biénio de 2027-2028, nas eleições que terão lugar em junho de 2026", refere a declaração final.

A candidatura de Fernando Dias, que reclama vitória nas presidenciais na Guiné-Bissau, exigiu na quarta-feira à Comissão Nacional de Eleições (CNE) a convocação da plenária do órgão para que os resultados eleitorais sejam declarados "o mais rápido possível".

Em comunicado consultado pela Lusa nas redes sociais, reagia ao anúncio feito pela CNE, que se mostrou indisponível para dar continuidade ao processo eleitoral e divulgar os resultados das legislativas e presidenciais de 23 de novembro, devido a alegados atos de vandalismo às suas instalações.

Na voz do seu secretário executivo adjunto, o juiz Idriça Djaló, a CNE disse que os alegados atos teriam sido protagonizados por "homens armados e encapuzados" no dia 26 de novembro, véspera do anúncio dos resultados provisórios.

A candidatura de Fernando Dias da Costa, atualmente exilado na embaixada da Nigéria em Bissau, condena o "posicionamento ilegal" do secretariado executivo da CNE, que acusa de "usurpação de competências" da plenária do órgão que deveria, defende, ter sido convocada a pronunciar-se sobre o processo.

Assim sendo, o candidato exige a convocação da plenária da CNE e a divulgação dos resultados "o mais rápido possível para que se respeite a vontade popular expressa nas urnas".

A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado em 26 de novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.

As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes mas na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar que nomeou o Presidente de transição, o general Horta Inta-A.

O general anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro e ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló.

Um novo Governo de transição foi entretanto empossado, com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.

No golpe, o líder do PAIGC, Simões Pereira, foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.

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