terça-feira, 9 de dezembro de 2025

CEDEAO admite “estado de emergência” na região e alerta para riscos crescentes de instabilidade

Por TV VOZ DO POVO

A 55ª Sessão do Conselho de Mediação e Segurança da CEDEAO ao nível ministerial decorreu esta segunda-feira, 09, em Abuja, marcada por fortes alertas sobre a deterioração da segurança e da estabilidade política na África Ocidental. 

Na declaração de abertura, o Presidente da Comissão da CEDEAO, Dr. Omar Alieu Touray, afirmou que a região enfrenta “um estado de emergência”, exigindo ação imediata e coordenação reforçada entre os Estados-membros.

Touray saudou os ministros presentes e agradeceu ao Governo da Nigéria pela receção, sublinhando que, no ano em que a organização celebra o seu Jubileu de Ouro, as tarefas e desafios para o futuro tornam-se mais exigentes.

Segundo o Presidente da Comissão, os memorandos apresentados revelam níveis elevados de risco político e de segurança em toda a comunidade. 

Entre os fatores listados destacam-se as intervenções militares recentes — incluindo a Guiné-Bissau e o Benim, onde ocorreu uma tentativa de golpe há poucos dias —, o incumprimento das normas de transição na Guiné-Conacri, a exclusão crescente de candidatos nos processos eleitorais e a expansão de grupos terroristas e redes criminosas na sub-região.

Touray advertiu que as eleições continuam a ser um dos principais motores de instabilidade. Em 2026, a CEDEAO terá de acompanhar processos eleitorais na Guiné, Benim, Gâmbia e Cabo Verde, ao mesmo tempo que gere as repercussões da crise política na Guiné-Bissau e a recente tentativa de golpe no Benim. 

A relação com a Aliança dos Estados do Sahel (AES) e a cooperação em matéria de segurança foi igualmente identificada como prioridade urgente.

Face ao agravamento do cenário, Touray propôs que o Conselho passe a reunir-se mais vezes do que as duas sessões ordinárias anuais. “Devemos enfrentar estas ameaças com a atenção que merecem”, alertou, defendendo maior mobilização de recursos contra o terrorismo, a bandidagem e o crime organizado.

A situação humanitária também foi destacada como crítica. Dados apresentados pelo Presidente da Comissão mostram que, em outubro de 2025, aproximadamente 7,6 milhões de pessoas estavam deslocadas à força na África Ocidental — um aumento face aos 7,4 milhões registados em março. Nigéria, Burkina Faso, Níger e Mali concentram o maior número de deslocados internos.

Touray garantiu que a CEDEAO “não vai descansar” na defesa da paz, da estabilidade e do respeito pelos princípios constitucionais, reafirmando o compromisso da organização com a unidade regional. 

A reunião deverá produzir recomendações a serem analisadas pelos Chefes de Estado e de Governo na próxima cimeira a realizar a 14 dezembro.

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