terça-feira, 23 de abril de 2024
Guiné-Bissau: "O novo preço do arroz não é normal"
Foto: DW/B. Darame
Insatisfação cresce após subida do preço do arroz na Guiné-Bissau. Governo explicou hoje porque o fez, mas sociedade civil alerta para a iminência de fome.
Após ter suspendido, na véspera, o pagamento da subvenção para a importação do arroz, o Governo guineense decidiu, na sexta-feira passada (19.04), aumentar o preço do produto de maior consumo na Guiné-Bissau.
O novo preçário está a ser alvo de forte contestação por várias franjas da sociedade: "Não há dinheiro, o salário que temos é péssimo e o aumento do preço de arroz está-nos a prejudicar muito", comentou um cidadão ouvido pela DW África em Bissau.
"O novo preço de arroz não é normal, porque a Guiné-Bissau é um dos países mais pobres [do mundo] e isto não é normal. Nós consumidores finais não podemos comprar o arroz a este preço", afirmou outro cidadão nas ruas da capital guineense.
A produção nacional de arroz não consegue responder à procura na Guiné-Bissau Foto: DW/B. Darame |
Anteriormente, um saco de 50kg de arroz 100% partido, conhecido na Guiné-Bissau por "Nhelen", custava pouco mais de 26 euros; passa agora a ser comprado por cerca de 33 euros. O arroz 5% partido, conhecido por "arroz grosso", que custava pouco mais de 34 euros, é vendido agora por mais de 36 euros.
A justificação do Governo
A subvenção estatal à importação do arroz contribuía para que o cereal fosse mais barato para o consumidor final. Mas o Executivo decidiu suspender a sua contribuição.
Esta terça-feira, o ministro do Comércio, Orlando Mendes Viegas, explicou, em conferência de imprensa, que o custo da subvenção era insuportável e que o Governo tem de cumprir os compromissos assumidos com os parceiros internacionais, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mendes Viegas sublinhou que, nos últimos anos, o país terá gastado mais de quatro mil milhões de francos CFA (mais de seis milhões de euros) com a subvenção à importação do arroz.
O governante desdramatizou, no entanto, o aumento do preço do produto no mercado e fez uma comparação com os países vizinhos da Guiné-Bissau: "O nosso preço de arroz é igual ao do Senegal e ainda mais barato do que o preço da Guiné-Conacri".
Alerta para situação de fome
Isabel Almeida, coordenadora da organização das mulheres guineenses MIGUILAN, alerta para uma situação de emergência na Guiné-Bissau.
"Na ausência de programas e políticas públicas que visem e salvaguardem as necessidades e os problemas prementes das populações, podemos falar até de emergência em termos da segurança alimentar e de sobrevivência", afirmou.
Segundo Isabel Almeida, a situação torna-se ainda mais difícil para a população face a um governo de iniciativa presidencial "sem legitimidade" e carente de ferramentas para enfrentar os desafios e propor soluções para os problemas sociais.
Dados recentes da Direção-Geral das Alfândegas indicam que a Guiné-Bissau importa, anualmente, entre 130 mil e 140 mil toneladas de arroz para o consumo da população.
Secretariado nacional do MADEM-G15 faz entrega de viatura à estrutura regional do partido em Gabú.
Uma em seis crianças na Nigéria passa fome, mais 25% do que em 2023
© David Zorrakino/Europa Press via Getty Images
Por Lusa 23/04/24
Uma em seis crianças
na Nigéria passa fome, mais 25% do que em 2023, devido ao aumento da
insegurança, conflitos prolongados e preços dos alimentos, segundo a
organização não-governamental Save the Children.
Em comunicado, na análise da organização dos números divulgados pelo Quadro Harmonizado, que identifica a insegurança alimentar e nutricional no Sahel e na África Ocidental, indica-se que quase 32 milhões de pessoas na Nigéria, incluindo 15,6 milhões de crianças, enfrentarão níveis de crise de fome entre junho e agosto, se não receberem assistência alimentar e monetária.
Embora estes sejam os meses em que normalmente a fome atinge os valores mais elevados na Nigéria, mais um quarto das crianças deverá passar fome, em comparação com 2023.
A análise sugere que mais de 3,4 milhões de crianças adicionais, cerca de 9.000 por dia, passaram fome no último ano.
As mortes violentas, os ataques e os sequestros perpetrados por grupos armados não estatais no norte do país afetaram a produção alimentar, perturbaram os mercados locais e levaram os agricultores a fugir das suas explorações.
De acordo com a Associação dos Agricultores Nigerianos, desde o início do ano foram mortos pelo menos 165 agricultores em toda a Nigéria, a maioria dos quais em Benue, na região centro-norte do país que, segundo as Nações Unidas, é um foco emergente de conflitos entre agricultores e pastores.
"A já terrível situação de fome está a agravar-se gradualmente à medida que a violência, a insegurança e o aumento dos preços se conjugam para deixar mais de 15 milhões de crianças com fome na Nigéria. A fome existe em todo o país, mas a situação no norte, onde a violência é generalizada, é particularmente grave. Em Borno, Yobe, Katsina e Zamfara, uma em cada três crianças não sabe de onde virá a sua próxima refeição", disse o diretor regional da Save the Children para a Nigéria, Duncan Harvey.
E prosseguiu: "As crianças na Nigéria, uma das maiores populações infantis do mundo, já sofreram demasiado, pois milhões enfrentam conflitos, violência e exploração. Este ano, uma em cada seis crianças vai passar fome - um aumento em relação ao ano passado".
"É necessário tomar medidas urgentes para dar prioridade às necessidades das crianças, a fim de pôr termo a esta tendência devastadora e proteger vidas inocentes. Caso contrário, os grupos armados continuarão a efetuar ataques brutais, a fazer subir os preços dos alimentos e a empurrar mais famílias para a fome", disse.
A Nigéria é o país mais populoso de África (mais de 213 milhões de habitantes) e também o seu maior produtor de petróleo, bem como uma das maiores economias do continente.
Apesar das suas enormes reservas de petróleo, quatro em cada dez nigerianos (cerca de 83 milhões de pessoas) vivem abaixo do limiar da pobreza, segundo o Banco Mundial.
Presidente do Irão ameaça Israel sobre eventual ataque
© Contributor#072019/Getty Images
Por Lusa 23/04/24
O presidente do Irão, Ebrahim Raisi, avisou hoje que "não restará pedra sobre pedra" do "regime sionista" se o Exército israelita "voltar a cometer um erro" e atacar o seu país.
"Se o regime sionista cometer um erro novamente e atacar a terra sagrada do Irão, a situação será diferente e não ficará pedra sobre pedra deste regime", garantiu Raisi, a partir do Paquistão, onde está em visita oficial.
O líder iraniano lembrou que o seu país puniu Israel após o seu atentado bombista contra o consulado em Damasco, que resultou na morte de sete membros da Guarda Revolucionária Iraniana e de seis cidadãos sírios, alegando que esse ataque "foi uma violação de todas as leis e convenções e a Carta das Nações Unidas".
Israel alega que o edifício anexo ao consulado em causa era usado para fins militares.
Quando falou da punição, Raisi referia-se aos ataques levados a cabo pelo Irão contra o território israelita com mais de 300 'drones' e mísseis em resposta ao referido bombardeamento.
"Não temos dúvidas de que o ódio gerado no mundo islâmico e no mundo em geral contra os sionistas e os americanos -- pela ofensiva contra a Faixa de Gaza após os ataques perpetrados em 07 de outubro pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- irá tornar-se uma vingança das nações, bem como o fim do regime infanticida sionista", concluiu Raisi.
O líder do Irão tem defendido o direito aos seus ataques contra Israel face às críticas internacionais e argumentou que fazem parte de uma resposta legítima e do seu direito à "autodefesa" após o referido atentado bombista ao seu consulado em Damasco.
Nos últimos dias, a comunidade internacional tem manifestado crescente preocupação com o aumento das tensões e com a possibilidade de uma expansão do conflito no Médio Oriente através de um confronto direto entre o Irão e Israel.
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Saúde: Foram criadas células que podem ajudar no tratamento de doença rara... É um trabalho de uma equipa de investigadores liderada por uma universidade portuguesa.
© Shutterstock
Por Notícias ao Minuto 23/04/24
Depois de muito esforço, uma equipa de cientistas, liderada pela Universidade de Coimbra, "conseguiu gerar células estaminais humanas, a partir de células da pele, que revelaram ter potencial terapêutico de longa duração para a doença de Machado-Joseph, uma patologia rara, com grande incidência em Portugal", lê-se em comunicado.
Trata-se de uma investigação, disponibilizada na Scientific Report, capaz de abrir "caminho para o desenvolvimento de células que possam vir a ser usadas no tratamento desta doença neurodegenerativa" que "afeta os movimentos e a articulação verbal".
Mais especificamente, a equipa de investigação “mostra ser possível criar células estaminais a partir de células extraídas de pessoas com doença de Machado-Joseph com potencial terapêutico”, explica a investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CIBB), Liliana Mendonça.
Caso não saiba, a doença de Machado-Joseph é uma patologia atualmente ainda sem tratamento, sendo o cerebelo uma das regiões do cérebro mais afetadas. Geralmente, caracteriza-se pela "extensa morte neuronal, dificuldades de coordenação motora, de deglutição e de articulação do discurso". Trata-se de uma condição com "uma grande prevalência nos Açores, especialmente na Ilha das Flores, que regista a maior incidência da doença a nível mundial”, alerta a investigadora.
Para a investigação, a equipa "criou células que demonstraram ter capacidade de originar neurónios em culturas celulares (conjunto de técnicas para testar o comportamento de células num ambiente artificial) e também em organóides cerebrais (tecidos gerados in vitro, ou seja, fora de organismos vivos, que simulam o neurodesenvolvimento humano funcionando como “mini-cérebros”)".
Simultaneamente, “neste estudo observámos ainda que as células estaminais humanas sobreviveram até seis meses após transplante no cerebelo do modelo animal, tendo-se diferenciado em células da glia [células do sistema nervoso central que desempenham diversas funções, apoiando, nomeadamente, os neurónios] e neurónios", explica a investigadora. avança Liliana Mendonça. Isto significa que as células podem ajudar no controlo de doenças neurodegenerativas.
Então, agora, os investigadores planeiam continuar a investigar de que forma é que estas células conseguem melhorar os problemas de coordenação motora da doença, com recurso a um modelo animal.
Para além disso, estão a “desenvolver estratégias para melhorar a migração das células e, seguidamente, a sua diferenciação em neurónios cerebelares, após o seu transplante para o cérebro, algo que pode aumentar significativamente os efeitos terapêuticos destas células".
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Parlamento britânico aprova deportação de migrantes para o Ruanda
© Lusa
Por Lusa 23/04/24
O Parlamento britânico aprovou hoje a proposta de lei que permite o início dos voos de deportação para o Ruanda dos requerentes de asilos que entrem ilegalmente no Reino Unido.
Os membros da Câmara dos Lordes (câmara alta) concordaram em não apresentar mais alterações e votaram a favor da proposta, reconhecendo o Ruanda como um destino seguro, depois de meses de debates e críticas da oposição.
O plano, anunciado há dois anos pelo primeiro-ministro conservador, Rishi Sunak, pode entrar em vigor após a ratificação por parte do rei Carlos III, disse a televisão pública britânica BBC.
A proposta de lei, apoiado num novo tratado entre Londres e Kigali, ao abrigo do qual Londres vai pagar quantias substanciais ao Ruanda em troca do acolhimento de migrantes, pretendia responder ao Supremo Tribunal britânico, que decidiu, em novembro, que o plano era ilegal.
A Câmara dos Lordes tinha atrasado a aprovação da proposta, exigindo que um órgão independente confirmasse o estatuto do Ruanda como um país seguro.
O Ruanda é um dos países mais estáveis do continente africano, mas o Presidente, Paul Kagame, no poder há 24 anos, é acusado de governar num clima de medo, reprimindo a dissidência e a liberdade de expressão.
A Câmara dos Lordes queria também que agentes, aliados e funcionários do Reino Unido no estrangeiro, incluindo afegãos que lutaram ao lado das forças armadas britânicas, não fossem abrangidos por este plano.
Sunak afirmou, na segunda-feira, que os primeiros voos de deportação de migrantes para o Ruanda poderão começar em 10 a 12 semanas.
Antecipando recursos judiciais que podem demorar quatro a oito semanas, o chefe do Governo disse que o espaço para deter migrantes foi aumentado para 2.200 espaços, 200 trabalhadores treinados e dedicados para analisar processos, 25 salas de tribunal disponibilizadas e 150 juízes identificados para avaliar os casos.
A legislação também permite ao Governo ignorar providências cautelares do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
"Nenhum tribunal estrangeiro nos vai parar", declarou Sunak, prometendo que as deportações para o Ruanda vão ocorrer "aconteça o que acontecer".
O plano do Governo tem sido criticado pela oposição trabalhista, associações de apoio aos migrantes, a Igreja Anglicana e pelo Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, que considerou ser "contra os princípios fundamentais dos direitos humanos".
Rishi Sunak espera que o plano dissuada migrantes de entrarem ilegalmente no país, onde este ano já chegaram 6.265 depois de atravessarem o canal da Mancha.
No ano passado foram contabilizados 29.437 migrantes ilegais que chegaram em embarcações como barcos de borracha, uma redução de 36% face aos 45.774 de 2022.