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Por LUSA 02/09/22
A antiga primeira-ministra da Ucrânia Yulia Tymoshenko afirmou hoje que é inaceitável para o seu país "trocar territórios pela paz", lembrando que os territórios ucranianos ocupados pelas forças russas são já quase iguais ao território de Portugal.
Nas Conferências Estoril, Tymoshenko fez uma intervenção em que repetiu várias vezes que "só há um caminho para a paz e esse é a vitória no campo de batalha", agradecendo o apoio de Portugal e da Europa.
"Um acordo de paz que a liderança russa quer propor significa apenas perda. O pretexto são os territórios que a Federação Russa já ocupou e que quase igualam o território de Portugal. Não é aceitável para a Ucrânia e para o mundo livre trocar território pela paz", sublinhou.
A antiga chefe de Estado respondia à questão sobre qual o caminho para a paz e quando poderá acabar a guerra, em que recordou os vários momentos em que a Rússia se apoderou de territórios, não só na Ucrânia (Crimeia em 2014 e agora no Donbass) mas na Geórgia (2008) também.
Negociar aceitando trocar território pela paz e ceder à "desmilitarização cogitada por Putin" não é solução porque esta é uma luta pela democracia.
"Seria perder as nossas raízes, a nossa cultura aceitar a 'russificação' e isto "não é negociável. Significaria capitulação. Ninguém na Ucrânia, do Presidente a uma criança, aceitaria tais condições", repetiu.
"A minha resposta é muito clara: não há dois caminhos", afirmou num debate sob o tema "Paz na Europa", em que participou também Aleksander Kwasniewski, antigo Presidente da Polónia, que como todos os participantes sustentou que a guerra é da Europa e não só da Ucrânia e que tem de acabar rapidamente.
Também Hryhoriy Nemyria, primeiro vice-Presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento da Ucrânia, lembrou que os soldados e o povo ucraniano estão "a sacrificar a sua vida pela Europa e o futuro da Europa".
Os participantes no debate, incluindo a Kolinda Grabar Kitarovic, antiga Presidente da Croácia (2015-2020) mostraram-se convencidos de que o objetivo principal do Presidente russo, Vladimir Putin, é controlar a Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 191.º dia, 5.663 civis mortos e 8.055 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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