João Lourenço tenta crédito de 10 mil milhões de dólares
"Não há almoços grátis", diz Carlos Rosado de Carvalho, e José Severino afirma "não haver "investimento chinês" em Angola
O Governo da China anunciou uma carteira de crédito aos países africanos no valor de 60 mil milhões de dólares e Angola tenta, através do seu Presidente, João Lourenço, convencer o seu homólogo chinês, Xi Jinping, a conceder ao país um financiamento de mais de 10 mil milhões de dólares para projectar o desenvolvimento nacional.
Especialistas angolanos alertam o Executivo, no entanto, para ter cautela em relação a estas linhas de crédito da China que quase sempre resultam em prejuízos para o país.
“Não há almoços grátis. Quem nos empresta dinheiro não é pelos nossos lindos olhos, mas porque tem sempre outra perspectiva, temos que ter cuidado", adverte o economista Carlos Rosado de Carvalho, para quem cautelas e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
Para Rosado de Carvalho, “o financiamento bilateral, seja chinês ou outro qualquer, é sempre mau porque somos obrigados a comprar coisas a quem nos empresta o dinheiro”.
Aquele especialista acrescenta que “quando são europeus ou japoneses há um maior controlo, mas os chineses não querem saber porque a maior parte da divida à China é garantida por petróleo”.
Rosado de Carvalho é de opinião que mais tarde ou mais cedo Angola vai se arrepender “das consequências dessa ligação à China”.
Ele alerta ainda que agora fala-se em mais de 10 mil milhões de dólares, mas desconhece-se o futuro, nem quanto Angola irá pagar.
Na ocasião, Rosado de Carvalho lembra que a China financiou infraestruturas no Sri-Lanka e sem dinheiro para pagar “os chineses ficaram com o porto”.
Por seu lado, José Severino, presidente da Associação Industrial Angolana, lembra que o país nunca recebeu qualquer investimento da China e alerta o Governo a ter mais cuidado na negociação com os chineses para que não haja mais arrependimentos.
"As linhas de financiamento da China devem ser canalizadas para projectos concretos e não abertas, em que depois cada um faz o que lhe convém muitas vezes sem transparência, sem objectividade, ou por razões de urgência politica”, defende Severino que lamenta que, depois, se pague muito caro por isso.
VOA
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