Pai da menina cuja fotografia se tornou símbolo da desumanidade na fronteira entre Estados Unidos e México disse que a filha e a mulher estão juntas num centro de detenção. A sua filha não é uma das 2.300 que foram separadas dos pais, mas podia ter sido.
A fotografia de uma criança a chorar enquanto a mãe era revistada pelas autoridades na fronteira entre os Estados Unidos e o México tornou-se símbolo da crueldade da política de “tolerância zero” da administração Trump.
A mesma fotografia acabou por ser utilizada para a emblemática capa da Time, que sairá para as bancas na próxima quinta-feira, com a criança, a chorar, ao lado de um Donald Trump impávido e sereno.
No entanto, o pai da menina disse ao The Washington Post que a criança e a mãe não foram separadas na fronteira, mas sim que estão detidas em conjunto.
Ao início, pouco se sabia da história da menina. O fotojornalista John Moore contou que estava a falar com a mãe da menina, natural das Honduras, quando esta foi abordada pelas autoridades. A mãe pousou a menina no chão, ao que esta começou a chorar. Tirou de imediato a fotografia.
Na mesma altura, noticiava-se que 2.300 crianças foram separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos, com os relatos retirados de um interior dos campos de detenção a revelarem a crueldade vivida na fronteira. Perante a foto emblemática do momento que lá se vive, os media partiram do pressuposto que a menina de dois anos das Honduras também tinha sido separada da mãe.
Javier Varela Hernandez reconheceu de imediato a fotografia quando a viu a circular por todo o mundo. Temeu que a filha tivesse sido separada da mulher, Sandra Sanchez.
“No primeiro segundo que vi, soube que era a minha filha”, contou Varela Hernandez ao The Washington Post. “Reconheci-a imediatamente”.
Na quinta-feira, contudo, ficou a saber que a filha e a mulher estão juntas, detidas em McAllen, Texas. As duas foram detidas no passado dia 12 de junho, tendo sido transferidas para um centro de detenção a 17 de junho.
Varela Hernandez recebeu um telefonema da ministra dos negócios estrangeiros das Honduras que confirmou que a sua filha e a mulher estavam juntas. Apesar de não saber o estado em que se encontram, ficou aliviado por saber que a filha de apenas dois anos não estava sozinha.
Quando foi divulgado que a criança em causa não tinha sido separada da mãe, os media conservadores norte-americanos, em particular os que são próximos de Donald Trump, como o Breitbart, partilharam a história como ‘fake news’.
Contudo, como o próprio pai da menina hondurenha sublinha, não se pode duvidar das “violações de direitos humanos” que estão a ocorrer na fronteira. A sua filha, felizmente, não foi uma das 2.300 que foram separadas dos pais, mas podia ter sido.
Este pai, um bocado mais aliviado por saber que a filha não está sozinha, disse sentir “orgulho” na criança, que “representa o problema em torno da imigração”, em que crianças são separadas dos pais numa política de “tolerância zero”.
NAOM
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