quarta-feira, 13 de junho de 2018

Estudo confirma que Brasil é um dos países mais violentos do mundo

Vitória, Espirito Santo, Brasil. 

Mais de 62 mil pessoas foram assassinadas no Brasil no período de um ano, uma média de 170 por dia.

O Atlas da Violência 2018 confirma a fama do Brasil de ser um dos países mais violentos do mundo, com um número de mortes alarmante nos últimos dois anos.

A conclusão é que mais de 62 mil pessoas foram assassinadas no Brasil no período de um ano, uma média de 170 por dia. Essa conta é 30 vezes maior se comparada à Europa, por exemplo.

Estudo confirma que Brasil é um dos países mais violentos do mundo

O documento foi produzido pelo IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Na avaliação do sociólogo e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Sávio, esse cenário é apenas um recorte do que representa, de facto, a realidade. E a situação vai piorar.

“Esses dados são do ano 2016. O Brasil com mais de 62 mil homicídios. É onde mais se mata no mundo. Em nenhum país inclusive os que estão em guerra neste momento têm tantos assassinatos. Temos indicadores mais novos que mostram que esses dados serão majorados ainda mais no ano de 2017”, disse. 

Mais de 70% das vítimas são negras ou pardas. Segundo o especialista, a violência no país tem um perfil segmentado.

“A maioria são jovens, negros e pardos, pobres das periferias das grandes cidades. Temos um perfil de homicídios no Brasil que mostra que os nossos sistemas de segurança pública e de justiça criminal funcionam mais ou menos bem para a classe média, para os brancos, para aqueles que têm renda, mas ele é um desastre para os pobres, negros e moradores das periferias”, ressaltou.

Outro dado preocupante do estudo é que as crianças são os maiores alvos de estupro no país, com 51% dos casos.

“Temos um número absurdo de estupros no Brasil. Os dados apontam algo que em torno de 50 a 60 mil casos por anos são notificados. A maioria não é reportada às autoridades por uma série de questões. As crianças e as mulheres sabem que serão vítimas do preconceito, da discriminação até mesmo dentro das famílias. Elas não terão políticas de proteção se não denunciarem. Muitas vezes os autores são companheiros, pais, padrastos, tios, ou seja, pessoas do círculo familiar”, ponderou.

O sociólogo afirma que a maioria dos crimes violentos não é investigada até o fim e muitos ficam sem solução.

“No Brasil, em média, somente 15 a 20 por cento dos homicídios são totalmente processados pelo sistema de justiça. Esse sistema é altamente reativo, ou seja, ao invés dele prevenir, investigar e trabalhar com inteligência para desvendar o crime ele trabalha somente após o ocorrido e isso sobrecarrega todo o sistema. Mas fundamentalmente esse sistema altamente punitivo e uma punição que é seletiva”, concluiu.

VOA

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