domingo, 16 de dezembro de 2018

Setor de Cacheu: EMPRESA COREANA RECUPERA CENTRO PESQUEIRO ABANDONADO E EXPORTA PESCADO

[REPORTAGEM] Uma empresa sul coreana de pesca recuperou o “famoso” Centro Pesqueiro de velha cidade de Cacheu, abandonado à semelhança de muitas empresas do país e dinamizou–o através de grandes investimentos. A empresa já pesca e comercializa o pescado guineense para o estrangeiro, em particular para a Correia. “Sun-Fisheries” iniciou as suas atividades na Guiné-Bissau em julho 2017, no âmbito de um acordo assinado com as autoridades nacionais. 

A empresa trabalha em colaboração com alguns pescadores artesanais que apoia com gelo para conservar o pescado em diferentes localidades do país bem e ajuda-os igualmente com materiais de pesca. Em contrapartida, os pescadores artesanais fornecem peixe à empresa que, para além dos sócios-administradores, conta atualmente com 22 (vinte e dois) funcionários, dos quais dezasseis são guineenses e seis da Guiné-Conacri, trazidos como formadores.    

O Democrata apurou que o salário base pago estima-se em 45 mil francos CFA e o valor maiselevado do ordenado é de 150 mil francos CFA [cerca de 229 euros]. Antes de iniciar as operações de pesca, a empresa engajou-se em reparar todo o centro bem como concertar as máquinas avariadas e instalar algumas máquinas novas. 

O semanário guineense soube ainda que a empresa fez aquisição de canoas de pesca na república vizinha da Guiné-Conacri. No entanto, criou a sua própria equipa de mecânicos e técnicos que trabalham na reparação das máquinas e das canoas. 

COORDENADOR DA PESCA: “DAMOS LICENÇA E MATERIAIS DE PESCAS AOS PESCADORES ARTESANAIS”

A “Sun-Fisheries” faz a conservação, tratamento e embalagem do pescado destinado à exportação. O pescado é depois transportado em caixas, num camião porta-contentores para o porto de Bissau e de seguida para a Correia do Sul e outros países. 

Segundo os responsáveis abordados pela repórter, a empresa exporta para o estrangeiro duas espécies de peixe, os conhecidos localmente por “Djoto” e “Corvina”, que são pescadas um pouco por todo o país pela empresa em colaboração com os pescadores artesanais com quem tem parceria. 

O Coordenador da atividade pesqueira da “Sun-Fisheries”, Abubacar Camará, explicou durante a entrevista que as duas espécies são exportadas para a Correia, enquanto as restantes capturadas são vendidas no país por vendedoras das aldeias bem como por pessoas que procuram o pescado para revenda na capital Bissau.  

Garantiu que as suas atividades são supervisionadas por técnicos do ministério das Pescasatravés da delegacia local.

Abubacar Camará revelou que uma avaria técnica levou a empresa a produzir menos gelo nos últimos tempos, pelo que cortaram o fornecimento deste produto aos pescadores do sector de Cacheu.

“Um compressor avariou-se e infelizmente até agora não conseguimos repará-lo e isso limitamuito a capacidade de produção de geo da fábrica. Essa avaria técnica tem dificultado muito a empresa nas suas atividades pesqueiras em diferentes localidades, porque não consegue abastecer os seus colaboradores com gelo necessário para conservar o seu pescado no mar”, espelhou. 

Relativamente aos acordos estabelecidos com os pescadores artesanais, disse que a empresa selecionou um número considerável de pescadores em diferentes localidades da região e noutras localidades do país que dispõem de grande experiência nesta atividade para estabelecer uma espécie de parceria, através da qual fornece aos pescadores os materiais de pesca mais a licença emitida pelas autoridades competentes. Acrescentou neste particular que na base do referido acordo, os pescadores vendem o seu pescado à empresa, em particular as duas espécies“Djoto e Corvina”.

“Os materiais de pescas fornecidos a cada canoa dos seus colaboradores são orçados em mais de um milhão de Francos CFA, incluindo a licença de pesca e navegação bem como os impostos assumidos pela empresa junto das autoridades nacionais”, revelou.

SENEGALESES E GAMBIANOS PAGAM DOIS MIL FCFA POR QUILOGRAMA AOS PESCADORES

O interesse dos grandes pescadores senegaleses e gambianos no pescado guineense prejudica a empresa coreana, visto que os pescadores artesanais preferem agora outros compradores que pagam o dobro do valor que recebem dos coreanos, esquecendo o acordo de fornecimento dos materiais e a licença recebida da parte da empresa “Sun-Fisheries”. Essa situação cria enormes prejuízos à empresa, que viu a sua capacidade de produção diminuir.  

Abubacar Camará explicou igualmente que os pescadores vendem à empresa o seu pescado com base no acordo de parceria acima referido, comprando um quilograma de peixe por mil francos CFA. Contudo, informou que os pescadores muitas vezes vendem o seu pescado aos senegaleses e gambianos que pagam dois mil francos por quilograma, fato que os levou a ficar três meses sem conseguir atingir uma tonelada de pescado necessária para exportar. 

“Os comerciantes senegaleses e gambianos prejudicam-nos neste momento. Nós entregamos aos pescadores os materiais de pesca e as licenças. É razoável comprar o pescado no valor de mil francos por quilograma, mas eles acham este valor insignificante por isso vendem o pescado aos senegaleses ou gambianos, sem, no entanto, estabelecer novo contanto conosco a fim de renegociar o aumento do valor base estabelecido no acordo”, lamentou o coordenador de atividade pesqueira da empresa coreana. 

Neste momento, segundo Abubacar Camará, o desejo da empresa é negociar com as autoridades nacionais de forma a ficar com a exclusividade de pescar aquelas duas espécies(Djoto e Corvina) naquela zona.

“Os compradores senegaleses e gambianos não geram emprego, muito menos fazem algum investimento no país, mas são os que mais beneficiam com a pesca guineense”, contestou.  

O coordenador das atividades de pescas da empresa lembrou também que é a sua empresa quem fornece energia elétrica a todos os edifícios públicos daquela pequena cidade-Cacheu.

Por: Epifania Mendonça

Foto: E.M

OdemocrataGB

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